A população indígena residente no Brasil é de 1.693.535 pessoas e representa 0,83% do total de habitantes do País. O número foi contabilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir do Censo Demográfico 2022, e aponta para um aumento de 88,82% de indígenas em relação ao censo anterior, divulgado em 2010. Quatro de cada dez vivem na Região Norte.
Assim, considerando apenas os números absolutos, o IBGE registra agora quase 800 mil indígenas a mais do que no censo de 2010. À época, o levantamento apontou que o País possuía 896.917 pessoas indígenas residentes, ou 0,47% do total de recenseados.
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Do total de pessoas indígenas recenseadas no ano passado, 44,48% vivem na Região Norte. Sozinho, o Amazonas concentra 490.854 delas. Nordeste (31,22%), Centro-Oeste (11,8%) e Sudeste (7,28%) vêm na sequência. Com 5,2% do total, a Região Sul é a que registra a menor concentração de população indígena do País.
Presença de pessoas indígenas por Estado
- Amazonas - 490.854
- Bahia - 229.103
- Mato Grosso do Sul - 116.346
- Pernambuco - 106.634
- Roraima - 97.320
- Pará - 80.974
- Mato Grosso - 58.231
- Maranhão - 57.214
- Ceará - 56.353
- São Paulo - 55.295
- Minas Gerais - 36.699
- Rio Grande do Sul - 36.096
- Acre - 31.699
- Paraná - 30.460
- Paraíba - 30.140
- Alagoas - 25.725
- Santa Catarina - 21.541
- Rondônia - 21.153
- Tocantins - 20.023
- Goiás - 19.522
- Rio de Janeiro - 16.964
- Espírito Santo - 14.411
- Rio Grande do Norte -11.725
- Amapá - 11.334
- Piauí - 7.198
- Distrito Federal - 5.813
- Sergipe - 4.708
Os primeiros números desse recorte foram divulgados na manhã desta segunda-feira, 7, mas o IBGE ressalta que esse grande crescimento populacional ainda requer uma avaliação mais aprofundada. Isso porque o Censo 2022 encontrou um maior número de terras indígenas em relação ao realizado em 2010, além de ter incluído a pergunta “você se considera indígena?” também para pessoas que se declararam brancas, pardas, pretas ou amarelas em todas as localidades indígenas, algo que não acontecera 12 anos antes.
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“Para saber exatamente nessa variação o componente demográfico, a gente precisa de outros dados, que serão divulgados mais à frente”, disse Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Pessoas e Comunidades Tradicionais do IBGE. “Neste momento a gente não pode aferir o percentual que tem a ver com crescimento demográfico.”
Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas, disse que os técnicos do instituo ainda estão se debruçando para concluir as análises. “São muitas as hipóteses. Há fatores relacionados à migração, que às vezes são características do próprio povo, como o guarani; outras ao contexto do entorno dessas terras indígenas; e há também a dinâmica demográfica de cada região do País”, acrescentou.
Além de questões como natalidade e fecundidade, a análise mais aprofundada incluirá dados como idade, sexo e etnia.
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Terra indígena Yanomami é a maior do Brasil
O censo do IBGE também contabilizou 573 terras indígenas homologadas ou regularizadas, 68 a mais do que havia em 2010. O levantamento mostrou que 689.202 mil pessoas residiam nessas terras em 2022 - dessas, 622.066 eram indígenas (90,26%) e 67.136 (9,74%) não eram.
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A maior terra indígena do País é a Yanomami, que se estende pelos Estados do Amazonas e de Roraima. Lá, 27.152 pessoas indígenas foram recenseadas, o que corresponde a 4,36% do total de moradores em terras indígenas do Brasil.
Os pesquisadores destacaram que a coleta de dados naquela região foi uma das mais difíceis. “A terra indigena Yanomami é a mais populosa e que tem a maior área territorial. São dois Estados da federação, relevo desafiador, não possui estradas e os rios, em grande parte, não são navegáveis”, ressaltou Damasco.
Além disso, a região sofre com a atuação de garimpeiros ilegais. O IBGE contou com a ajuda de militares, guias e lideranças da região na operação, além da cooperação de outros órgãos que atuam na região. Em janeiro, o governo federal reconheceu o estado de emergência sanitária no território diante da constatação das condições em que inúmeros indígenas se encontravam. Um mutirão que envolveu diferentes ministérios dedicou ações para a área, com medidas de saúde, além de reforço no combate ao garimpo, com medidas de segurança pública.
Ainda segundo o IBGE, no ano passado 4.832 municípios brasileiros, de um total de 5.568, contavam com indígenas residentes; no censo de 2010, a presença deles ocorria em 4.480 municípios, de um total de 5.507 existentes na época.