Incubação do mal da vaca louca em humanos pode durar décadas

Devido ao longo período de incubação, o número de pessoas infectadas pelo mal pode ser maior que o estimado

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Por Agencia Estado
Atualização:

Cientistas britânicos acreditam que o período entre a infecção pela encefalopatia espongiforme bovina (EEB), ou mal da vaca louca, e o desenvolvimento da doença em humanos pode ser de mais de 50 anos, segundo um estudo que publicado pela revista médica The Lancet. Devido ao longo período de incubação, o número de pessoas infectadas pelo mal de Creutzfeldt-Jakob (CJD, na sigla em inglês), a versão humana da "doença da vaca louca", pode ser maior que o estimado, informam os analistas da University College de Londres. Segundo os cientistas, houve muitos casos de EEB (detectado pela primeira vez em 1986) no Reino Unido, mas apenas 160 pessoas foram infectadas pelo CJD. O professor John Collinge e seus colegas da University College testaram seus argumentos após analisar outra doença provocada por príon (uma proteína deformada, que atua como agente infeccioso), denominada "kuru". O "kuru", cuja origem está no canibalismo, alcançou proporções de epidemia em algumas comunidades da Papua Nova Guiné, onde comer parentes mortos como forma de respeito era um rito comum, até sua proibição nos anos 50. As pessoas são infectadas ao consumir o cérebro de doentes. Segundo o estudo, o "kuru" foi identificado em 11 pacientes entre julho de 1996 e junho de 2004. Por este motivo, calculou-se que o período de incubação do príon pode ser de 34 a 56 anos. Os autores acham que, no caso do príon do EEB em humanos, a incubação pode ser ainda maior, pois o período infeccioso entre espécies diferentes leva mais tempo que entre os da mesma espécie. Acredita-se que o CJD, que afeta o cérebro e provoca um processo degenerativo progressivo, passa do gado aos humanos por meio do consumo de carne infectada com EEB. Em 1996, o governo britânico admitiu que poderia haver um vínculo entre o EEB e sua versão humana, o CJD.

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