O resultado do IPCA-15 de 12 meses, de 10,74%, é superior à inflação de 2015, que foi de 10,71%. Mas, com o correr dos meses, é possível que a inflação de 2016 fique menor do que a de 2015. Não há, porém, elementos para prever, como fez o BC, que fique dentro do complacente limite de 6,5% da política de metas seguida pela autoridade monetária. Mesmo a projeção do BC, que é considerada otimista pelos economistas do mercado financeiro, está bem acima da meta, que há anos está fixada em 4,5% e igualmente há anos vem sendo sistematicamente descumprida.
O comportamento de importantes itens do IPCA sugere que, no primeiro trimestre, a inflação deve ficar abaixo da registrada nos três primeiros meses do ano passado. Neste início de ano, o IPCA não mais incorporará o forte reajuste da tarifa de energia elétrica, como ocorreu em 2015. Desse modo, é provável que os índices mensais de janeiro e dos próximos meses não superem 1%, como se registrou no início do ano passado. O IPCA-15 não captou os efeitos dos reajustes de transportes públicos, tanto que o grupo Transportes registrou, no período de apuração, alta de 0,87%, variação menor do que a do próprio índice, em razão da queda dos preços da gasolina e das passagens aéreas. As novas tarifas de transportes públicos, como as dos ônibus e do metrô paulistano, com maior peso na composição do IPCA, serão captadas no índice cheio de janeiro.
Em contraposição, a alta de 1,67% no IPCA-15 do grupo Alimentação e Bebidas - provocada sobretudo pelos alimentos in natura, cuja produção foi afetada pelas chuvas fortes - não deverá se repetir. Isso está muito longe de significar que a inflação cairá rapidamente. Ela é e continuará por muitos meses sendo um problema central da economia brasileira.
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