Interpol, heliponto em prisão e revista nas divisas: a busca por fugitivos de penitenciária federal

Saída de detentos na madrugada, inédita na rede federal, mobiliza agentes do Ministério da Segurança e de Estados do Nordeste

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Foto do author Ítalo Lo Re
Foto do author Paula Ferreira
Atualização:

Da instalação de um heliponto improvisado dentro da prisão ao reforço do policiamento nas divisas do Rio Grande do Norte com Estados vizinhos, as forças de segurança pública se mobilizam na tentativa de localizar os dois detentos que escapam do presídio federal de Mossoró. A fuga, inédita no sistema federal, abriu a primeira crise da gestão de Ricardo Lewandowski à frente do Ministério da Justiça e da Segurança Pública e já motivou o afastamento da diretoria da unidade de segurança máxima.

Governo potiguar improvisou heliponto dentro da Penitenciária Federal de Mossoró para facilitar as buscas Foto: Reprodução/Google Earth

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Deibson Cabral Nascimento e Rogerio da Silva Mendonça, ligados ao Comando Vermelho (CV), escaparam da Penitenciária Federal de Mossoró, fugiram na madrugada desta quarta-feira, 14, e ainda é investigado se houve ajuda de agentes da unidade.

O governo pediu à Polícia Federal que inclua o nome da dupla no Sistema de Difusão Laranja da Interpol e no Sistema de Proteção de Fronteiras, para que os foragidos sejam procurados pela polícia internacional.

Em paralelo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e as forças de segurança não só do Rio Grande do Norte, como de Estados vizinhos, auxiliam nas buscas.

A secretaria da Segurança potiguar afirmou que duas aeronaves foram mobilizadas: o helicóptero Potiguar 01, que permanece na região de Natal, e o Potiguar 02, que se deslocou para Mossoró assim que a pasta foi informada sobre a fuga.

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“Foi autorizado o pouso inclusive dentro do próprio presídio”, disse ao Estadão o secretário da Segurança Pública do Rio Grande do Norte, coronel Francisco Araújo. O local está sendo usado como uma espécie de heliponto para as buscas aéreas. “Enquanto for necessário, ele vai permanecer em ação”, acrescentou.

Durante a tarde, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) informou que o secretário André Garcia iria para Mossoró para investigar os fatos e apurar as responsabilidades do ocorrido.

Além do uso de helicópteros, houve incremento no policiamento nos arredores de Mossoró. Segundo Araújo, isso foi facilitado por uma operação policial que já estava em vigor por conta do carnaval.

“Principalmente em cidades litorâneas, a gente costuma mobilizar um efetivo maior no período de carnaval”, disse. Cidades como Açu, Areia Branca e Tibau, próximas a Mossoró, já contavam com esse incremento expressivo, conforme o secretário.

Araújo não especificou de quanto foi o aumento no policiamento. Já de acordo com o governo federal, mais de 100 agentes estão envolvidos nas buscas pelos foragidos.

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O chefe da Segurança potiguar afirmou ainda que, assim que recebeu a informação da fuga, entrou em contato com os secretários da Segurança de Ceará e Paraíba para reforçar as revistas nas divisas entre os Estados.

“Existe a possibilidade de eles (fugitivos) procurarem ônibus ou qualquer outro tipo de transporte para se evadir do território potiguar”, disse.

Deibson e Rogerio foram transferidos em setembro do ano passado do sistema penitenciário do Acre para a Penitenciária Federal de Mossoró após terem participado de uma rebelião no Presídio Antônio Amaro Alves, na região metropolitana de Rio Branco, que resultou na morte de cinco detentos em julho de 2023.

Além de Deibson e Rogerio, 12 presos foram remanejados nas mesmas circunstâncias. A transferência foi feita a pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Acre.

É a primeira fuga registrada na história da rede penitenciária federal, onde estão líderes de facções como Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC). São cinco presídios do tipo no País: além de Mossoró, há unidades em Catanduvas (PR), Campo Grande, Porto Velho e Brasília. A primeira delas, no Paraná, foi inaugurada em junho de 2006.

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O Rio Grande do Norte não registra fugas em suas unidades prisionais desde 2021, segundo dados oficiais. Alguns anos antes, em 2017, o Estado assistiu a uma rebelião generalizada na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal, em ofensiva que deixou ao menos 26 presos mortos.

Já no começo do ano passado o Estado registrou uma onda de violência coordenada pelo Sindicato do Crime, facção que rivaliza com o PCC na região, em cerca de 20 cidades, incluindo Natal. Os casos consistiram em ataques a ônibus, incêndios de estruturas de prefeituras e do governo, além de tiros desferidos contra bases policiais e sedes do Judiciário.