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Saiba como foi a grande mudança do Estadão e do Jornal da Tarde para uma nova sede em 1976

Repórter Valdir Sanches contou em detalhes como os jornais saíram do antigo prédio no centro de São Paulo para o novo edifício no bairro do Limão

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Por Acervo Estadão
Atualização:
Charge de Hilde sobre a mudança de sede do Estadão e Jornal da Tarde em 1976. Foto: Hilde/Estadão

Quem já se mudou de casa sabe o trabalho que é uma mudança. Imagine então o que foi mudar a sede de dois grandes jornais de um grande prédio para outro maior ainda. Com o acréscimo de que, no dia D da mudança, o sábado de 12 de junho de 1976, as operações no prédio antigo - redação, arquivo, fotografia e gráfica - deveriam continuar funcionando até o último minuto do fechamento do jornal. E as novas instalações a começar a funcionar já na manhã seguinte, 13 de junho de 1976, para o primeiro dia do jornal centenário na nova casa.

Após um sábado e domingo em que 18 caminhões levaram tudo de um lugar para o outro, o repórter Valdir Sanches relatou na edição de segunda-feira do Jornal da Tarde todas as minúcias daquele fim de semana histórico para o jornalismo brasileiro na reportagem “Primeiras notícias do novo prédio”. Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 14 de junho de 1976

Notícia sobre a mudança da sede dos jornais Estadão e Jornal da Tarde para o novo prédio no bairro do Limão em 1976. Foto: Acervo Estadão

PRIMEIRAS NOTÍCIAS DO NOVO PRÉDIO

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A notícia chegou na hora do fechamento da edição de domingo de O Estado: o presidente Juan Maria Bordaberry havia sido derrubado pelos militares uruguaios. Foi preciso alterar a primeira página do jornal - atrasando o final dos trabalhos da redação no seu último dia no prédio da rua Major Quedinho. A partir da queda do presidente, porém, as notícias começaram a chegar ao Jornal da Tarde e ao Estado nas suas novas instalações.

Reportagem de Valdir Sanches.

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O que tem a queda do presidente Bordaberry, do Uruguai, a ver com a mudança de O Estado de S.Paulo? Tem que são quatro e meia da tarde neste sábado de mudanças, e o Estadão está fechando a sua última edição na redação velha, da rua Major Quedinho. E precisa fechar cedo, para facilitar as coisas.

Os telex e os telefones ponta-a-ponta, as cabinas de recepção do noticiário, a fotografia, o arquivo — todos estes setores têm que esperar O Estado fechar para começarem a ser mudados. E horas depois, no domingo, precisam estar na sede nova, na rua professor Celestino Bourroul, às margens do Tietê, para atender ao Jornal da Tarde e à Edição de Esportes.

Porque uma notícia importante pode chegar a qualquer momento, como acaba de acontecer justamente agora, às quatro e meia da tarde deste sábado, quando a edição do Estadão estava quase fechada. A esta hora entram nos telex que recebem o noticiário das agências internacionais, as primeiras informações sobre a queda de Bordaberry. A primeira página já estava definida, com uma manchete em quatro colunas, anunciando o documento em que os militares uruguaios exigiam a renúncia do presidente.

Agora, tudo terá que ser mudado. Será preciso esperar despacho do enviado especial a Montevidéu, Julio Delgado. Refazer a primeira página. E Oliveiros S. Ferreira, o editor-chefe, queria o jornal fechado às cinco da tarde. A redação está cheia de gente e de movimento, o chão recoberto por uma papelada que saiu das gavetas recentemente esvaziadas; por fotografias antigas, laudas amassadas, papel de telex com noticias que não tiveram espaço ou já foram aproveitadas. Das gavetas, voltaram para a redação nomes e fatos importantes, agora esquecidos; rabiscos e papéis que os repórteres amassam e lançam ao chão.

É sábado, mas todas as folgas foram canceladas. E com todo o seu pessoal junto, a um mesmo tempo, a ampla e venerável redação mostra seu obsoletismo. Não há lugares para todos, apesar de as mesas ocuparem quase todo o espaço. Eram 30 pessoas quando esta redação foi inaugurada, em 1952; agora são 140.

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O editor de Nacional, Oswaldo Martins, está fumando preocupado. As enchentes em Manaus têm um espaço à sua espera, nesta edição, mas as comunicações com essa cidade estão interrompidas. Como fará Lima, o correspondente, para passar matéria? Martins está cogitando se o repórter não terá viajado para Belém, numa tentativa de falar com São Paulo; estende o cigarro para o cinzeiro de sua mesa... e encontra a mão de um continuo.

— Posso levar? Estamos empacotando os cinzeiros.

Vai-se o cinzeiro.

A grande mudança começou a ser programada em agosto do ano passado com a nomeação de uma coordenadoria de mudança, integrada por representantes das oito gerências da empresa. Como coordenador, escolheu-se o gerente de Engenharia, Jorge Campari Lacreta.

Apesar do vulto do trabalho, na verdade não se mudava toda uma empresa jornalística. É que a maior parte dos equipamentos da nova sede foi comprada nova. Das mesas na redações a sofisticadas máquinas de composição e impressão, fora tudo planejado para equipar o novo prédio com o que há de mais moderno.

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Para isso, os técnicos de O Estado haviam viajado dezenas de vezes ao exterior, ou desenvolvido aqui mesmo projetos como o de remessa automática dos jornais, orientada por computador.

Há seis meses, o processo de implantação dos novos equipamentos e mudança de alguns itens obrigou o estabelecimento de regimes de 16 e 24 horas de trabalho para na equipes envolvidas. O ritmo de atividade crescia, na viagens de mudança eram menos espaçadas... até que num dia do começo do mês as redações amanheceram etiquetadas.

Máquinas de escrever, arquivos, tudo recebeu uma etiqueta da empresa Metropolitan Transports, encarregada da mudança do material de redações o de parte dos escritórios. Uma linha de ônibus especial, do centro para a nova sede, entrava em funcionamento. Os funcionários eram informados nobre a mudança, através de boletins.

Na sexta-feira desencadeou-se o rush da mudança. As oito da noite, era possível encontrar a redatora Miriam Schiavetto, do Suplemento Feminino, batendo matéria na mesa do contínuo, fora da redação. Dentro, haviam passado os homens da Metropolitan; armários estavam desmontados, materiais empacotados. O barulho pôs para fora Míriam e sua matéria sobre bares da cidade.

À saída dos elevadores as pessoas se despediam. — Até lá.

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Lá era a sede nova, sobre a qual se tinha falado mais intensamente a semana inteira. Para você, ficou melhor ou pior? perguntavam-se os funcionários. Muito longe, diziam os que moram na Zona Sul.

No sexto andar, o Jornal da Tarde fechava sua última edição na redação velha. A segunda redação, desde que o jornal surgira, em 1966. A primeira ficava no quinto andar, separada de redação do Estado por um corredor, apelidado corredor do tempo (do então jovem Jornal da Tarde ia-se para o quase centenário Estadão).

— Fecha! — gritava nesta sexta-feira o secretário de redação, Ivan Angelo, como de resto grita o mesmo todos os dias, à hora do fechamento.

Mas eram onze da noite e, nos fundos da redação, um grupo de garçons dispunha mesas para uma festa de despedida. Faltava fechar o material da editoria de Esportes, como fez notar o secretário, às onze e pouco.

De repente começavam a festa e a despedida, a edição do Jornal da Tarde de sábado estava fechada. Os garçons se movimentam. A champanha Veuve Clicquot e o uísque Black E White, os canapés, são servidos. Animam-se em conversas os diretores, repórteres, editores e copy-desks, os contínuos.

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Enche-se a redação. A cada momento chega um repórter que em outras épocas trabalhou no jornal e não quis perder a despedida. Até a madrugada a velha redação do Jornal da Tarde vive seu último dia.

De manhã, chegam os homens da Metropolitan. Ainda encontram uma foto do general Gino Meneghetti, colada na parede, atrás da mesa do repórter policial Percival de Souza.

Mas já é sábado, são cinco da tarde, e a queda de Bordaberry está atrasando o fechamento do Estadão de domingo. As enchentes de Manaus não chegaram, mas hoje não há tempo para esperar. O editor Martins; jogando no chão a cinza do cigarro, decide que entrará um calhau, um anúncio da empresa, no espaço destinado às enchentes.

No país está tudo calmo, comprovando as informações do editor-chefe Oliveiros, de que “o Brasil não funciona nos sábados”. O editor de Polícia, Wanderley Middei, só precisou se ocupar de uma fuga de presos em Goiás e de Quinzinho, famoso bandido do passado, hoje só noticia porque provocou um acidente de trânsito. Mas Quinzinho também está fechado.

Chegam os garçons, aí pelas cinco e meia, quando Oliveiros está envolvido com sua ‘última tarefa na Major Quedinho: ler na provas do editorial sobre a mudança do jornal. Sob um cartaz onde se lê Feira do Lazer, dois editores, Ethevaldo Siqueira e Paulo Roberto Cardoso Gomes, se põem a tocar violão.

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— Desce! — grita um redator, acenando o material que deve descer para ser composto. Alguém informa que os contínuos estão ocupados em fazer pacotes.

Na redação agitada pela mudança, o único editor preocupado é o de internacional Rubens Glasberg. Ele já preparou uma primeira notícia nobre Bordaberry, com o material disponível, para o caso de a matéria do enviado especial chamar muito tarde. Guardou-a no bolso, com medo de que desaparecesse na confusão.

Os garçons começam a servir a festa de despedida do Estado. Quase seis horas, o repórter que está em Montevidéu chama por um dos telex. “Estou escrevendo. Aqui está uma confusão. Ainda demoro uns 20 minutos”. Mas recebe instruções para ditar a matéria sem redigir, diretamente para o operador de telex.

Na festa surge um bolo e há muita animação. Na sala dos telex começa a entrar a matéria de Montevidéu. “O presidente do Uruguai, Juan Maria Bordaberry, foi deposto.

A mesa do editor Glasberg está perto das mesas com bebidas e salgadinhos. Entre a animação das conversas dos que bebem, surge a manchete: “Forças Armadas afastam Bordaberry”.

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Manchete em oito colunas, medida para os acontecimentos muito importantes. Um fecho nobre, para a última edição no prédio velho.

Mas os editores tocadores de violão reuniram em torno de si o pessoal da redação. Cantam velhos sambas. A repórter Sukaina toca um agogô, um contínuo um chocalho. Então, Ethevaldo Siqueira deixa o violão, pega um violino; toca antigas canções brasileiras. Está tocando Rosa, quando alguém entre os assistentes começa a cantar. É Rui Mesquita, diretor de O Estado e do Jornal da Tarde. Forma-se logo um coro, em que se destaca a voz de barítono do professor Márcio Falcão, especialista em meteorologia dos dois jornais.

O fotógrafo Kenji Honda está documentando tudo, embora sem usar em sua máquina a lente grande-angular que queria. É que essa e algumas outras lentes já foram embalados, para adiantar a mudança.

Festa na redação do Estadão na última noite do jornal na sede da rua Major Quedinho em 12/6/1976. No violino Etevaldo Mello Siqueira, cantando, Casanova e o diretor Ruy Mesquita, de camisa listrada. Foto: Kenji Honda/Estadão

Na rua, alguns dos 18 caminhões da Metropolitan Transports, usados na mudança, estão sendo carregados. O transporte dos cinco mil itens do almoxarifado, e de inúmeros outros materiais tinham dado trabalho, mas agora havia também uma luta contra o tempo.

É que só depois do fechamento do Estadão mexeu-se nos setores imprescindíveis no funcionamento de um jornal. A Agência Estado também encerrara seu trabalho de mandar notícias para 60 jornais do País e do exterior. Então começou a mudança doa setores que poucas horas depois, na manhã de domingo, tinham que estar prontos paro atender ao Jornal da Tarde e a Edição do Esporte.

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A Divisão de Comunicações fizera uma quase contagem regressiva, até o que chamou de hora D. À tarde, no sábado, foram sendo desligados os oito aparelhos de telefones de recepção de noticiário, vindo de sucursais e correspondentes. Só um foi mantido na rua Major Quedinho até o fechamento de O Estado; os outros iam sendo instalados na sede nova.

Já havia 48 telex (seis deles temporários, para eventuais imprevistos) na sede nova quando chegou a hora D — oito da noite. A central de telex da Embratel iniciou, então, o trabalho de desligar as linhas de telex da sede velha (onze, mais os da Agência Estado e os ponta-a-ponta com sucursais) ligar as linhas do prédio novo.

Foram rápidas operações, que culminaram o trabalho que mais de dez homens da Embratel vinham fazendo durante dias dirigidos pelo encarregado da manutenção e instalação dessa empresa, engenheiro Veri. Se nesse lapso de tempo chegassem notícias, sempre haveria um aparelho funcionando para recebê-las.

O mesmo foi feito com os sete telex das agências internacionais de notícias, que desde quinta-feira estavam operando com circuitos paralelos, no prédio novo.

O novo PABX e os telefones ponta-a-ponta com sucursais e setores públicos (sala de imprensa da Assembléia Legislativa, da Prefeitura etc) foram ligados à sede nova também no sábado. Equipes da Telesp trabalharam nisso dias inteiros.

As dez da noite o novo endereço do Estadão e Jornal da Tarde estava ligado com o País e com o exterior. Na Divisão de Fotografia, o problema era este: precisava-se de um laboratório fotográfico funcionando na Major Quedinho, até sábado à noite; e na professor Celestino Bourroul já domingo cedo.

Mas uma parte de um novo equipamento foi instalado aqui; completou-se o material com parte do equipamento para fotos a cores, que então se usou para branco e preto. Na Major Quedinho, para servir ao fechamento de O Estado, ficou o laboratório de branco e preto.

As máquinas de recepção de telefotos foram desligadas no sábado à noite e pouco depois instaladas na nova Divisão de Fotografia. O equipamento fotográfico — as máquinas, teleobjetivas, e outros — só foi mudado depois que o último fotografo saiu. Esse equipamento será substituído por outro, novo, brevemente.

O arquivo fotográfico veio com o resto do material, no sábado. São os negativos das cerca do 1.400 fotografias batidas por dia, no País, pelos fotógrafos do Estadão e do Jornal da Tarde.

A Divisão de Biblioteca e Arquivo tem 54 mil pastas e, até sábado, tinha o mesmo problema das outras divisões ligadas à redação. Às seis da tarde, no sábado, estava na Major Quedinho; no domingo precisaria estar na professor Celestino Bourroul.

São 174 arquivos, além da biblioteca e da coleção dos 31.050 números de O Estado de S. Paulo editados até hoje e 3.214 do Jornal da Tarde. Armando Bordallo, o chefe da Divisão, gastou quatro mil cruzeiros só em etiquetas gomadas, para identificar os milhares de pacotes de livros.

No sábado à noite, verdadeiros dossiês sobre as pessoas que tinham sido noticia até então — em qualquer época — começaram a ser mudados de endereço. Mudaram também um dicionário português de 1.831, e obras em todas as línguas — entre elas a Enciclopédia Britânica de 1911, famosa pelo grande número de colaboradores destacados.

A mudança estava se processando, a Divisão de Biblioteca e Arquivo, quando a festa de despedida terminou, um andar acima (5º andar), na redação de O Estado. Como fez nos doze anos em que trabalha aqui, o sub-editor de Internacional, Saul Galvão da França Junior, saiu pela porta principal do prédio, na rua Major Quedinho. Uma espécie de superstição: até agora só entrou e saiu por aquela porta.

A redação ficou vazia, mostrando o mapa mundi pintado na parede dos fundos, com relógios que em outros tempos mostravam a hora nas principais capitais do mundo. Na rua Martins Fontes, às duas da manhã, um casal de namorados via, pelos janelões do prédio (faz esquina com a Major Quedinho) as rotativas imprimindo O Estado.

Agora, nesta manhã de domingo, o repórter Demócrito Moura entra pela primeira vez na nova redação do Estado. São nove horas, está começando o seu plantão em um dia sem grandes notícias na cidade.

Demócrito, o primeiro a chegar, encontra uma poltrona ainda com embalagem de plástico, mesa nova e telefone. Retira o plástico, senta. E começa a redigir pacientemente a sua matéria para uma próxima edição, sobre os padrões da qualidade da água para o abastecimento da população.

Foi o primeiro a chegar. Mas logo a redação vê chegarem outros repórteres, que vão trabalhar, ou simplesmente querem “tomar posse” de sua nova mesa. Pela parede envidraçada vêem-se o Tietê, as Marginais, ao longe a igreja matriz da Freguesia do Ó —que já figuraram em tantas reportagens no JT.

O noticiário das agências internacionais começa a chegar, mas só no fim da tarde oferecerão a primeira notícia candidata à manchete: os árabes anunciaram que haviam assinado, no mês passado, um acordo para enviar tropas da Líbia, Iraque, Síria e Argélia para atacar as colinas de Golan, na fronteira Síria-Israel.

Durante todo o dia, haviam chegado notícias do Uruguai: continuavam as dúvidas sobre os objetivos dos militares que depuseram Bordaberry.

Quase às duas da tarde, os telex do Estado e Jornal da Tarde receberam sua primeira notícia no novo prédio: o material dos enviados especiais Julio Moreno e Reinaldo Lobo à Conferência Sobre Assentamentos Humanos de Vancouver, Canadá. A primeira telefoto na sede nova chegava às 16h50: de Belo Horizonte, fotos do jogo Atlético e Caldense.

Por essa hora, o diretor do Jornal da Tarde, Ruy Mesquita, entra na redação. Escolhe ao acaso uma das mesas, senta e começa a trabalhar: vai revisar o editorial sobre a conferência de Vancouver. Pouco antes, um outro diretor, José Vieira de Carvalho Mesquita, chegava para ver a redação em funcionamento. Fez-se uma foto: foi a que inaugurou o novo laboratório fotográfico.

Os dez a zero que o Botafogo marcaria na Portuguesa Santista, em Ribeirão Preto, já estão acontecendo quando a redação pára por alguns momentos: chegam lanches e refrigerantes. A goleada está indicando a principal foto de esportes da primeira página, até que acontece: Zico, o que não perde um pênalti, acaba de perder um, no Maracanã. A foto da goleada perdia sua posição.

O anoitecer faz surgir as luzes desta parte da cidade. Da redação velha, viam-se os congestionamentos da avenida Consolação; do envidraçado na nova redação, avistam-se os faróis dos carros, passando pelas Marginais.

A noite traz notícias graves. Três mortos em um acidente de carro em São Paulo. É quase meia-noite, quando entra a notícia de um incêndio numa favela, com mortos, no Parque Novo Mundo. Nesta hora, o sub-editor de esportes, Mário Lúcio Marinho, está preocupado com um desaparecimento. O jogo do Morumbi, São Paulo e América, terminara, mas o repórter não chega à redação.

Até que Sergio Baklanos surge, apressado, explicando que precisou esperar algum tempo para entrevistar Arlindo, que machucou Paraná durante o jogo. Senta à sua nova mesa, quase sem perceber que é nova; começa a bater a matéria rapidamente.

A primeira página está decidida: o sub-secretário Guilherme Duncam de Miranda decidiu-se pelos árabes para a manchete e por Zico para a foto de futebol, como se vê na primeira página. Na Editoria de Reportagem geral, o sub-editor, Sergio Vaz, acaba de fazer o título que encabeça esta matéria.

A redação já não é nova como era esta manhã, quando ainda havia carregadores transportando caixas e ajustando armários. Agora, os cestos estão cheios de lixo e copinhos descartáveis de café, as mesas estão cobertas de papéis. Um dia de notícias já amadureceu a redação.

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira.

Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo.

Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

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