CURITIBA - O júri popular do professor Luis Felipe Manvailer, acusado de matar a esposa Tatiane Spitzner, em julho de 2018, foi cancelado pela terceira vez, após a defesa de Manvailer alegar “cerceamento” em suas ações e deixar, às 12h40, o Fórum de Guarapuava. Com isso, o conselho de sentença foi dissolvido e será marcada uma nova data para o julgamento.
Por causa dessa saída, o juiz aplicou uma multa de 100 salários mínimos pela atitude. A defesa de Manvailer explicou que “foi surpreendida com a proibição da utilização de imagens das câmeras de monitoramento do Edifício Golden Garden”, informou.
O juiz alegou que o vídeo não estava juntado nos autos e não poderia fazer parte da defesa. “Tais imagens já faziam parte do processo desde 2018, inclusive a acusação já havia veiculado vazamentos seletivos de trechos pinçados de tais imagens. A exibição do contexto inteiro de tudo o que aconteceu, antes, durante e depois é de fundamental importância para o restabelecimento da verdade”, informou a nota.
Antes desse adiamento, o júri já havia sido transferido de 3 e 4 de dezembro de 2020 para 25 de janeiro deste ano, mas voltou a ser transferido. O júri era esperado com grande expectativa e no começo da manhã, antes da sessão iniciar, às 9h20, algumas pessoas protestaram na frente do fórum.
Manvailer foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) por homicídio qualificado (feminicídio, motivo fútil e morte mediante asfixia) e fraude processual. Atualmente ele permanece detido na Penitenciária Industrial de Guarapuava, onde está há dois anos e seis meses.
O crime aconteceu na noite de 22 de julho de 2018. Manvailer é acusado de ter jogado a esposa da sacada do prédio onde moravam, em Guarapuava (258 quilômetros de Curitiba). Após isso, ele teria resgatado o corpo na calçada, levado para o apartamento e em seguida tentou fugir para o Paraguai, segundo a Polícia, mas sofreu um acidente e foi detido.
O advogado de defesa, Cláudio Dalledone, disse que fará um “pedido de assistência da OAB, nesse caso, convocando para garantir o direito de prerrogativas da OAB”. “Um absurdo (sobre o impedimento do juiz), as imagens já estavam nos autos, e o juiz impedia a pedido do Ministério Público, que nós pudéssemos usar imagens que já constavam nos autos”, disse.
Dalledone também nega que a saída do júri tenha sido usada como uma estratégia. “Sob hipótese nenhuma foi estratégia, pelo contrário, tivemos três pedidos indeferidos e por isso abandonamos o plenário”, criticou. “Eles falam em abandono injustificado do plenário. Isso não existiu. O abandono foi mais que justificado."
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.