Justiça condena perito do caso Thomaz Alckmin após acusação de erro em laudo do acidente

Juíza viu erro em laudo sobre causa do acidente de helicóptero que resultou na morte do filho de Geraldo Alckmin e outras quatro pessoas em 2015. Defesa diz que sentença será revertida em instância superior

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Por Caio Possati

A Justiça de São Paulo condenou o perito Hélio Ramacciotti por mentir no laudo da investigação que apurou a queda do helicóptero que vitimou Thomaz Alckmin, filho do atual vice-presidente Geraldo Alckmin, em 2015. Outras quatro pessoas também morreram na tragédia. O acidente aconteceu em Carapicuíba, região metropolitana da capital paulista.

Na sentença, a juíza Carolina Hispagnol Marchi, da 1ª Vara Criminal de Carapicuíba, condenou Ramacciotti, que atuava pelo Instituto de Criminalística (IC), a três anos de prisão em regime aberto, mas converteu a pena para a prestação de serviços à comunidade e ao pagamento de um salário mínimo para uma entidade pública ou privada com destinação social.

Corpo de Thomaz Alckmin foi enterrado em Pindamonhangaba. Acidente aconteceu em março de 2015. Foto: SERGIO CASTRO/ESTADÃO (Abril/2015)

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“Nota-se que o réu traiu a confiança nele depositada pelo Instituto de Criminalística de São Paulo e pelos cidadãos, praticando os fatos com violação ao dever para com a Administração Pública e em procedimento de grande notoriedade e repercussão haja vista que a queda da aeronave em questão envolveu a morte do passageiro Thomaz Rodrigues Alckmin, filho do governador do Estado de São Paulo à época, Geraldo Alckmin”, declarou a juíza na sentença.

A magistrada determinou também a perda de função pública de Hélio Ramacciotti, que ainda poderá recorrer da decisão.

Em nota, os advogados Daniel Bialski, Juliana Tempestini e Victor Bialski, que defendem Helio Ramaciotti, afirmam que a decisão proferida pela juíza Carolina Hispagnol “desafia a evidência dos autos e, certamente, será revertida na instância superior”.

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“Inclusive, é teratológica a punição proferida com base em ilações, ainda mais que o laudo feito por nosso cliente trouxe a mesma conclusão daquele confeccionado pela Força Aérea Brasileira – representada pelo Cenipa”, conclui a defesa.

A Justiça foi favorável à denúncia do Ministério Público de São Paulo que, em 2018, já havia indicado que o perito tinha supostamente mentido no laudo que apurava a causa do acidente.

Na época, os trabalhos feitos por Ramacciotti levaram a conclusão de que a queda da aeronave teria sido provocada pela desconexão de duas peças (alavanca e flexível) na cadeia de comando da aeronave. Mas as investigações conduzidas pelo MP apontaram para falha material do helicóptero.

A conclusão de Ramacciotti sobre a queda da aeronave modelo EC 155 B1, da Airbus Helicopters, seguiu a mesma hipótese apontada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) em relatório preliminar divulgado ainda em 2015, dois meses após o acidente, de que as peças estariam desconectadas antes da decolagem, configurando falha humana.

O laudo do IC resultou no indiciamento por homicídio culposo de cinco funcionários da empresa Helipark, dona do hangar de onde a aeronave partiu.

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As suspeitas sobre o laudo do perito levantadas pelo Ministério Público, na época, levaram o IC a refazer a investigação. A nova perícia constatou que a queda da aeronave, na verdade, estava associada à ruptura de uma das pás do rotor principal.

Segundo o novo laudo, houve problemas em uma manutenção realizada pela Helibrás, empresa responsável pelo helicóptero, nas pás da aeronave dois dias antes do acidente, o que teria contribuído para o acidente. A empresa não teria respeitado o prazo de secagem de uma semana após a pintura do equipamento.

Depois da nova perícia do IC os funcionários da Helipark foram desindiciados.

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