Kosovo acusou a Sérvia, no sábado, de raptar dois policiais kosovo-albaneses que patrulhavam sua fronteira comum e exigiu que a União Europeia intervenha, no mais recente sinal de tensão antes das eleições sérvias que acontecerão em maio. O Ministério do Interior da Sérvia disse que havia detido dois homens em território controlado por forças sérvias e divulgou fotos deles algemados e deitados numa área arborizada. Armas e rádios estavam espalhados no chão e integrantes mascarados da guarda sérvia estavam sobre eles. Kosovo, de maioria albanesa, declarou sua independência da Sérvia em 2008, mas Belgrado não reconhece a separação e mantém controle parcial sobre uma pequena parte no norte do território, onde moram cerca de 50 mil sérvios. Depois de pequenos sinais de progresso nas relações entre os dois neste ano, a tensão está aumentando novamente por causa da intenção da Sérvia de realizar eleições locais, em algumas áreas habitadas por sérvios em Kosovo, em 6 de maio, quando a Sérvia também fará uma eleição parlamentar. A UE, que em março oficializou a Sérvia como candidata oficial à adesão à UE, pressionou Belgrado para que não faça a eleição local e Kosovo ameaçou impedir a votação. O Ministério do Interior do Kosovo disse que os dois oficiais haviam sido "raptados" dentro de seu território. "O governo da República do Kosovo pede a todos os países envolvidos, especialmente à UE e aos EUA que tomem as medidas necessárias para influenciar Belgrado para que pare com essas ações arbitrárias e ilegais," disse o governo numa declaração que pedia a libertação imediata dos policiais. A polícia do Kosovo prendeu quatro sérvios na última semana com listas de votação e material eleitoral para as eleições de maio. Kosovo se tornou um país protegido pelas Nações Unidas e há quatro anos declarou sua independência, que já foi reconhecida por 89 países, incluindo EUA e 22 dos 27 membros da UE. Ao todo, 90 por cento da população de 1,7 milhão de habitantes do Kosovo são albaneses. A UE tem uma missão de policiamento e justiça no território e a OTAN mantém uma força de paz de quase 6 mil soldados devido às tensões contínuas entre a maioria albanesa e a minoria sérvia. (Reportagem adicional de Matt Robinson em Belgrado)
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