Líbano adia para 30 de novembro a escolha do presidente

Mandato de Emile Lahoud termina à meia-noite desta sexta-feira; país vai ficar sem chefe de governo

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Por BBC Brasil
Atualização:

Parlamentares no Líbano adiaram para o dia 30 a sessão que escolheria o novo presidente do país nesta sexta-feira, 23. Na prática, isso significa que o país ficará sem presidente durante uma semana. O mandato do atual presidente, Emil Lahoud, termina à meia-noite desta sexta-feira, e com a decisão agravam-se os temores de que o Líbano mergulhe em uma crise política ainda mais profunda. A maioria parlamentar, que tem o apoio dos governos ocidentais, chegou a se reunir para a votação, mas a sessão teve que ser adiada por falta de quórum, graças a um boicote da oposição. De acordo com o presidente da casa, Nabih Berri, o adiamento da votação vai dar aos legisladores mais tempo para discutir um candidato de consenso. Ministros de Relações Exteriores da França, da Itália e da Espanha, que estão no Líbano há vários dias para atuar como mediadores entre os grupos rivais, já manifestaram dúvidas sobre a possibilidade de um acordo. O chanceler italiano, Massimo D´Alema, chegou a afirmar na quinta-feira que seria difícil conseguir eleger um novo presidente dentro do prazo. Segundo a correspondente da BBC em Beirute, Kim Ghattas, o impasse aumenta o temor de que a crise no país se aprofunde, inclusive com a possibilidade de que a oposição crie um governo rival, como ocorreu durante a guerra civil. Ela afirma ainda que a situação permanece tensa no país, e o Exército está nas ruas. Esta é a quarta tentativa de eleger um novo presidente no Líbano nos últimos dois meses. As tentativas anteriores fracassaram devido à rivalidade entre facções apoiadas pelo Ocidente e grupos pró-Síria. No Líbano, o candidato precisa de uma maioria de dois terços para ser eleito presidente. Essa regra impede que o grupo anti-Síria, que comanda o Parlamento com pequena maioria, possa garantir a vitória de seu candidato. É, portanto, necessário um acordo com a oposição, mas até agora os grupos rivais não conseguiram escolher um candidato de consenso. Além disso, a oposição já avisou que poderá boicotar a sessão desta sexta-feira, o que faria com que o quórum mínimo não fosse atingido e a votação fosse invalidada. De acordo com o Artigo 62 da Constituição libanesa, caso o mandato do atual presidente termine sem que nenhum candidato seja eleito, seus poderes serão automaticamente transferidos para o governo do primeiro-ministro Fouad Siniora, que pertence à facção anti-Síria. Lahoud, no entanto, que pertence ao grupo pró-Síria, já disse que não pretende entregar o poder a Siniora e que deverá nomear o comandante do Exército, o general Michel Suleiman, como seu sucessor temporário. Nesta quinta-feira, o líder de oposição cristão Michel Aoun, um dos candidatos, propôs um acordo pelo qual um presidente interino seria escolhido para ocupar o cargo até as eleições parlamentares, marcadas para 2009. O partido que controla o Parlamento, porém, considerou a proposta inconstitucional. Segundo a correspondente da BBC em Beirute, a situação no Líbano é motivo de preocupação internacional. Países como Estados Unidos, Rússia, Síria e Irã acompanham com interesse o desenrolar das eleições. Na segunda-feira, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, telefonou para os principais líderes políticos libaneses para discutir a questão. Em Beirute, o Exército já reforçou sua presença nas ruas e instalou novos postos de controle. Algumas escolas cancelaram as aulas. O Ministério do Interior também suspendeu todas as licenças para porte de armas até nova ordem. Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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