Líder do PCC é condenado por mandar matar psicóloga de prisão federal

Roberto Soriano, também conhecido como ‘Tiriça’, recebeu a sentença de mais de 31 anos de prisão; defesa vai entrar com recurso

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Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

Apontado como um dos principais líderes na hierarquia da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), Roberto Soriano foi condenado a 31 anos e 6 meses de prisão pela morte da psicóloga Melissa de Almeida Araújo, de 37 anos. A sentença foi dada na última sexta-feira, 25, após 12 dias de julgamento.

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O crime ocorreu em maio de 2017, em Cascavel, no Paraná, quando Melissa atuava como psicóloga na Penitenciária Federal de Catanduvas, na mesma região. Soriano foi considerado mandante do assassinato. A defesa vai entrar com recurso.

Também conhecido como ‘Tiriça’, o condenado está logo abaixo da principal liderança do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o ‘Marcola’. Soriano já cumpre pena por outros crimes no sistema penitenciário federal, em Brasília.

Soriano, o 'Tiriça', foi condenado a 31 anos como mandante da morte de uma psicóloga, em Cascavel (PR). O crime aconteceu em 2017. Foto: MPF/Divulgação

Conforme o Ministério Público Federal (MPF), que atuou na acusação, ele seria o mandante do assassinato de Melissa. No dia do crime, ela tinha ido buscar seu filho na escola e foi atingida por tiros no rosto. A psicóloga estava na companhia do marido, um policial civil, que sobreviveu ao atentado.

Câmeras de segurança registraram algumas cenas do crime. Os atiradores saíram de um carro branco e surpreenderam o casal quando manobrava o veículo em frente ao condomínio onde morava. Um dos suspeitos estava armado com um fuzil.

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O marido de Melissa reagiu e houve troca de tiros. Um dos atiradores foi atingido, mas conseguiu fugir com a ajuda de outro homem que aguardava no carro. Melissa morreu na hora. Seu marido ficou ferido, foi levado para o hospital e se recuperou. A criança nada sofreu.

A psicóloga Melissa de Almeida Araújo atuava no sistema prisional federal Foto: Facebook/Reprodução

A investigação apontou que Soriano vinha ordenando, de dentro do sistema penitenciário, execuções contra agentes de segurança. Melissa se tornou alvo por sua atuação como servidora da penitenciária federal, incumbida de elaborar laudos sobre a condição psicológica de detentos de alta periculosidade.

Três dos acusados de participação direta no crime foram julgados e condenados em fevereiro deste ano. Soriano teve o julgamento desmembrado porque seus advogados deixaram o plenário no início das sessões do júri. Outras duas pessoas que teriam envolvimento com o assassinato de Melissa morreram antes do julgamento.

Soriano está preso há mais de dez anos, condenado por outros crimes. Em dezembro de 2012, ele foi transferido da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, para a Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia.

A transferência foi pedida pelo promotor de Justiça Lincoln Gakiya, após a descoberta de um bilhente, no telhado da penitenciária, ordenando atentados contra policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota).

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Segundo o promotor, Roberto Soriano foi o primeiro preso do PCC ocupando posição de liderança encaminhado para o sistema penitenciário federal. Há dez anos, Gakiya foi jurado de morte pela cúpula da facção em razão de sua atuação contra o crime organizado.

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Já foram desvendados pela polícia ao menos três planos para assassiná-lo, com a prisão de pistoleiros e pessoas contratadas pelo PCC para cumprir a ordem. Desde então, o promotor está sob proteção policial. O ‘número 2′, que integra a ala mais radical da facção, é suspeito de estar entre esses mandantes.

No julgamento encerrado na sexta-feira, Soriano foi considerado culpado por homicídio qualificado consumado contra a psicóloga, mas foi absolvido da tentativa de homicídio contra o marido dela. Segundo o MPF, o julgamento foi um dos mais longos da história do judiciário federal paranaense. Além do procurador natural do caso, outros membros do MPF e integrantes do Grupo de Auxílio ao Tribunal do Júri (GATJ) participaram do julgamento.

O advogado Cláudio Dalledone, do escritório que defende o réu, disse que a defesa vai entrar com recurso por entender que o resultado foi contraditório. Segundo ele, ficou comprovado que Roberto não participou do mando do crime, tanto que foi absolvido da tentativa de homicídio contra o marido da vítima. Ainda segundo o defensor, o réu também foi absolvido da acusação de integrar organização criminosa.

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