Linha Direta e Chacina de Unaí: relembre o assassinato de funcionários públicos que chocou o Brasil

Três auditores do trabalho e um motorista foram mortos enquanto fiscalizavam fazendas com denúncias de trabalho escravo, em 2004, no interior de Minas Gerais

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O programa Linha Direta, da TV Globo, vai apresentar na edição desta quinta-feira, 6, a história da Chacina de Unaí, ocorrida em 2004.

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Em 28 de janeiro de 2004, três auditores fiscais do trabalho (funcionários públicos federais responsáveis por fiscalizar o cumprimento das leis trabalhistas e das normas de segurança do trabalho) seguiam para uma fiscalização em fazendas do município mineiro de Unaí, onde havia denúncias de trabalho escravo.

Usando um veículo oficial dirigido por outro funcionário público, os quatro foram abordados e mortos a tiros. As vítimas foram os auditores Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira.

A investigação da polícia concluiu que a morte dos auditores foi encomendada pelos irmãos Antério e Norberto Mânica. Dois meses antes, Antério havia feito ameaças de morte ao fiscal Silva. Em outra ocasião, foi Norberto quem ameaçou o fiscal, segundo a família de Silva.

Cartaz exibe fotos das vítimas da Chacina de Unaí, em frente a tribunal onde ocorria o julgamento de acusados pelas mortes, em Belo Horizonte, em 2015 Foto: Leonardo Augusto/Estadão

Ainda segundo a polícia, os irmãos tiveram o auxílio dos empresários José Alberto de Castro, que planejou o crime, e Hugo Alves Pimenta, que intermediou a contratação dos dois executores dos homicídios: Erinaldo de Vasconcelos Silva e Rogério Alan Rocha Rios. O motorista dos criminosos durante a prática dos crimes foi William Gomes de Miranda.

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Dez meses após a chacina, Antério foi eleito prefeito de Unaí. Em 2008 foi reeleito. Nesse período, o processo contra ele praticamente não avançou.

Em 2015, ele e o irmão foram condenados cada um a 100 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, mediante pagamento de recompensa e sem possibilidade de defesa das vítimas). No mesmo ano, Norberto confessou ter sido o único mandante dos homicídios, e a condenação de Antério foi anulada.

Em 2022, a Justiça Federal reverteu mais uma vez a situação e condenou Antério novamente. Ele se entregou em 16 de setembro de 2023, começou a cumprir pena em Belo Horizonte e dois meses depois foi transferido para Unaí.

Também condenado, Castro foi preso três dias antes, em 13 de setembro do ano passado. Pimenta foi preso em fevereiro de 2024. Condenado em 2015, Norberto segue foragido.

Os três executores estão presos. Erinaldo Silva foi condenado a 76 anos de prisão por quatro homicídios triplamente qualificados e formação de quadrilha, e cumpre pena em regime aberto. Rogério Rios foi condenado a 94 anos de prisão pelos mesmos delitos e também está em regime aberto. O motorista Miranda foi condenado a 56 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado e cumpre pena em regime fechado desde 2011.

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Em homenagem aos auditores mortos, 29 de janeiro passou a ser o Dia Nacional do Combate ao Trabalho Escravo e também o Dia Nacional do Auditor Fiscal do Trabalho.

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