Vários países da América Latina manifestaram apoio ao presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que advertiu que seu governo está sujeito a um possível golpe militar. Em nota divulgada nesta quinta-feira pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro se mostrou preocupado com a declaração de Lugo de que o ex-presidente Nicanor Duarte e o ex-general Lino Oviedo querem "desestabilizar seu governo". Ambos negam a alegação. "O governo brasileiro tomou conhecimento, com preocupação, das graves denúncias feitas pelo Presidente da República do Paraguai, Fernando Lugo, ontem, 1º de setembro", disse a declaração. "O governo brasileiro confia em que a institucionalidade democrática será plenamente mantida no país e reafirma seu apoio ao Presidente Lugo, legitimamente eleito pelo povo paraguaio." Em conversa com jornalistas, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, disse que a América Latina superou "a era de aventuras golpistas". O presidente venezuelano, Hugo Chávez, em visita à África do Sul, afirmou que "um atentado contra a democracia paraguaia será um atentado contra a Venezuela". "Ratificamos nosso compromisso, e exigimos e pedimos à extrema-direita paraguaia que não enlouqueça", afirmou. Integração regional Lugo recebeu ainda apoio do Mercosul e da Organização dos Estados Americanos (OEA). "O processo de integração regional é inseparável do pleno respeito à democracia e a suas instituições", disse nota emitida pelo bloco sul-americano. O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, pediu aos grupos políticos paraguaios que superem suas divergências. Ele apelou para que as forças políticas "contribuam para gerar um ambiente propício para que o novo governo possa desenvolver suas ações". Ao declarar na segunda-feira que poderia ser vítima de um golpe, Lugo, empossado há três semanas, disse: "Eles estão conspirando contra nossa gestão. Eles querem desestabilizar nosso governo", disse. "Como presidente, não permitirei que as Forças Armadas sejam utilizadas por interesses sectários. Peço à cidadania que esteja alerta diante de possíveis golpes. Não permitiremos que se atente contra a liberdade do nosso povo", disse o presidente. Lugo convocou a imprensa para fazer a denúncia, depois de ter sido informado sobre uma reunião realizada na véspera na casa de Oviedo. Além de Oviedo e de Frutos, participaram do encontro o presidente do Congresso Nacional, senador Enrique González Quintana, o vice-presidente do Tribunal de Justiça Eleitoral, Juan Manuel Morales, o procurador-geral do Estado, Rubén Amarilla, e o general Máximo Díaz, que atua como elo entre as Forças Armadas e o Parlamento. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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