Lula não comenta aposentadoria de astronauta; parlamentares criticam

A reação no Congresso variou entre o lamento e indignação

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que prefere não dar palpites sobre a decisão de o tenente-coronel Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro, de entrar para a reserva remunerada da Aeronáutica. "É um problema dele. Eu não posso dar palpite", disse. "Eu não posso julgar, se a Aeronáutica, Exército e Marinha têm um plano de carreira", ressaltou. Para o presidente, a questão é muito particular e do critério de carreira da Aeronáutica. "O comandante Marcos é um afigura que ganhou projeção no cenário nacional e certamente será aproveitado pela Aeronáutica ou algum centro tecnológico", disse. Já entre parlamentares, a decisão de Marcos Pontes, de entrar para a reserva um mês depois de voltar da viagem à Estação Espacial Internacional, provocou uma reação que varia entre o lamento e indignação. Deputados ouvidos pelo Estado observam que são poucos os brasileiros que receberam um investimento público em sua formação tão grande quanto Pontes. "Foi um dinheiro e tanto. E agora, quando ele poderia partilhar deste aprendizado com colegas, ele pede o afastamento", observa o deputado Walter Pinheiro (PT-BA). Integrante da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados, Pinheiro disse esperar que a frustração com o episódio de Marcos Pontes não afete o investimento no Programa Espacial Brasileiro. "Desta história se tira uma lição: é preciso que, no futuro, o governo crie mecanismos de proteção, peça contrapartidas para evitar que o investimento acabe sendo desperdiçado", avalia. "Ele exerceu um direito dele. Isso é fato. Mas não há dúvida de que o País perdeu com isso." O deputado Alberto Goldman (PSDB-SP), destacou o fato de que Pontes tenha entrado para reserva aos 43 anos. "Este episódio traz muitas lições: há muita coisa que precisa ser revista para evitar aberrações como essa", disse. "Muitos imaginaram que o astronauta permaneceria na carreira por patriotismo. Mas, no caso, o que mais importou foram os interesses pessoais." Goldman, que também integra a Comissão de Ciência e Tecnologia, avalia ser indispensável a criação de regras para garantir a permanência de novos astronautas no serviço público, depois do investimento realizado. "Pontes seria usado na propaganda do Programa Espacial e também de Lula. Foi uma tentativa frustrada." Orlando Fantazzini (PSol-SP), não escondeu a apreensão de que o desfecho melancólico da história do primeiro astronauta brasileiro acabe respingando no próprio programa espacial. O programa, que parecia iniciar um tímido processo de fortalecimento, corre o risco de passar um período na geladeira, com reflexos sobretudo em investimentos. "Foi uma esfriada de ânimo. Ele aprendeu bastante com dinheiro público e agora vai dividir experiências com o setor privado. É claro que isso frustra." Texto ampliado às 19h44 para incluir a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.