Uma das heranças da pandemia de Covid-19 foi a consolidação de eventos remotos, totalmente online, e os híbridos, que acontecem em um local, mas podem ser parcialmente acompanhados pelas telas. Em uma época em que tirar as pessoas de casa ou da empresa ficou mais difícil, isso não deixa de ser uma vantagem. Mas a tecnologia também vem sendo usada para tornar os eventos presenciais ainda mais atraentes e relevantes para expositores e visitantes.
Participar de um evento, principalmente quando ele acontece em outra cidade, requer um investimento de tempo e de dinheiro. Mais que um grupo de estandes, ele é uma experiência, e os organizadores precisam então se esmerar para que seja memorável.
"Nas feiras, você dá muito mais que somente produto: você tem networking, conteúdo", explica Eduardo Cincinato, presidente da ABCasa, associação que reúne empresas dos setores de produtos para casa, decoração, presentes, utilidades domésticas, festas, flores e têxtil. "A gente coloca muita capacitação, e esse é um segredo para tornar os eventos mais relevantes", acrescenta.
Além de eventos menores, a ABCasa realiza anualmente dois grandes encontros: duas edições da ABCasa Fair, maior feira do segmento na América Latina, e a Celebra Show, dedicada a artigos festivos e natalinos.
O executivo explica que a associação vem investindo em várias tecnologias para melhorar a experiência de todos os participantes dos eventos. Uma dela é um uso extensivo de câmeras que cobrem a maior parte dos espaços das feiras.
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Sistemas com inteligência artificial processam as imagens captadas por esses equipamentos para saber, em tempo rela, quais os caminhos que as pessoas percorrem nos pavilhões. Com isso, é possível saber quais são as áreas mais procuradas, que estão fazendo mais sucesso, e aquelas cuja visitação está aquém do esperado.
"A gente consegue entender quanto tempo o visitante fica comendo, quanto tempo fica num determinado setor, se ele circula a feira inteira, se dá a mesma atenção para todas as áreas", explica Cincinato. Com essa informação, os organizadores podem realizar ações para redistribuir o público de maneira mais homogênea. Entre elas, estão a oferta de café, água e brindes, onde houver menos visitantes.
A tecnologia também permite fazer o que se chama de "análise de sentimento". O reconhecimento facial, que acontece de maneira automática, não visa identificar quem são as pessoas, mas se estão gostando do que estão vendo a cada momento. Se o visitante estiver sorrindo, pode-se supor que esteja aprovando o estande ou o conteúdo que estiver vendo naquele momento. Essa informação é valiosíssima para os organizadores e os expositores. Com isso, podem ajustar suas ofertas e as experiências para todos.
A ABCasa também demonstra preocupação com a sustentabilidade de seus eventos. "Imagine, no momento em que você desmonta uma feira, a quantidade de madeira que você tira que acaba sendo desperdiçada", explica o presidente da associação. Segundo ele, é dado um destino correto para todos os resíduos derivados dos eventos.
O executivo acredita que um lojista que não vai a uma feira presencial como essas perde muito para seu negócio, pois as experiências online não conseguem reunir tantos benefícios. "Ali tem networking, palestras, papos com financiadores, com decoradores", explica. "Você sai diferente de quando você entrou".
Segundo Cincinato, a indústria nacional nesses setores vem se fortalecendo desde o fim da pandemia. Como em muitos outros, a concorrência de produtos da China é intensa, mas hoje, pelas suas estimativas, os produtos brasileiros já atendem mercado na mesma quantidade que os chineses.
Premiação
No último dia 26, a ABCasa realizou a edição 2024 da etapa brasileira do prêmio Gia, que escolhe as melhores lojas do setor de casa e decoração. Nesse ano, a vencedora foi a IN8 Home, de Belo Horizonte (MG), que atua no ramo de móveis para quartos de bebês.
"A primeira colocada é uma empresa bem menor que a segunda, é um prêmio bastante democrático", destaca Cincinato. "Está muito voltado ao cuidado, ao carinho que cada um trata o seu negócio, como as pessoas se esmeram para fazer lojas bonitas, bem elaboradas, independentemente do tamanho", explica.
A vencedora da etapa nacional representará o Brasil na final global, que acontecerá em Chicago (EUA), no início do ano que vem. Para a escolha do vencedor, são analisados design e layout de loja, visual merchandising, ponto de venda, marketing, atendimento e inovação.
"Esse segmento tem esse lado muito afetivo com o negócio, esse lado caprichoso", conclui Cincinato.
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