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Opinião|IA oferece recursos para se convencer qualquer um

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A História é contada pelos vencedores. Isso é verdade na política e nos negócios e é fundamental para se consolidar ideias, unir populações, impulsionar o desenvolvimento e vender produtos. Por isso, grandes líderes costumam ser ótimos oradores.

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Winston Churchill, primeiro-ministro britânico durante a Segunda Guerra Mundial, liderou a resistência ao nazismo. O pastor Martin Luther King Junior mostrou aos americanos a importância dos direitos civis. Steve Jobs deixou claro como a tecnologia digital transforma vidas.

Todos eram geniais por não apenas saberem o que dizer, mas também como dizer, segundo o momento e a plateia. Assim conquistavam mentes e corações, pelas suas experiências de vida únicas e de uma profunda inteligência emocional.

Com a digitalização da vida, a habilidade de convencer multidões ficou mais fácil. Redes sociais ou inteligência artificial não farão de uma pessoa "travada" um novo Nelson Mandela. Mas essas tecnologias oferecem recursos para sabermos o que dizer em cada caso.

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Já sentimos isso há cerca de uma década, com as redes sociais. Quando criaram seus algoritmos de relevância, essas plataformas queriam apenas que os usuários sempre encontrassem algo de que gostassem em suas páginas, tornando-as mais atraentes.

Mas não demorou para que elas e diferentes grupos de poder descobrissem que aqueles sistemas também serviam para vender eficientemente qualquer produto, até ideologias. O resultado foi a criação de "bolhas de pensamento único", que racharam sociedades ao meio ao reforçar as "certezas" de cada um.

A inteligência artificial agora leva essa capacidade a um novo patamar, em duas etapas. Na primeira, ela consegue identificar padrões comportamentais, de consumo, ideológicos e qualquer outra coisa para concluir o que cada pessoa quer, como pensa, seus valores e seus medos.

O resultado disso então pode retroalimentar a IA, para que produza, de forma rápida e eficiente, grande quantidade de conteúdo hiperpersonalizado, que depois será distribuído eficientemente pelas redes sociais. Esse processo foi batizado de "hipersuasão" pelo filósofo italiano Luciano Floridi, um dos maiores nomes da filosofia da informação.

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Em um artigo publicado em maio, ele adota um pessimismo sobre o que considera seu uso inevitável em processos de convencimento nocivos à sociedade. Para mitigar as consequências, propõe que a "hipersuasão" seja usada, então, por representantes de diferentes correntes políticas, ideológicas, econômicas, para que a população tenha pelo menos acesso a uma diversidade de pontos de vista com o mesmo peso.

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Esse convencimento pode mudar o eixo político do planeta! Em artigo publicado no dia 25 no The Washington Post, Sam Altman, cofundador e CEO da OpenAI (criadora do ChatGPT), defendeu que os EUA liderem uma coalização internacional para manter sua hegemonia contra a ascensão pela IA de valores de nações autoritárias. E quem ameaça a liderança americana é a China!

Para aqueles, como nós, que estão mais em posição de dominados que de dominadores, esse alerta serve para entendermos como a nova ordem mundial está sendo construída. Nosso papel é melhorar o letramento digital de todos os cidadãos, para que sejamos menos manipulados, qualquer que seja o grupo no topo da "cadeia de convencimento".

Não é uma tarefa fácil resistir a esses apelos, mas é necessária!


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Opinião por Paulo Silvestre

É jornalista, consultor e palestrante de customer experience, mídia, cultura e transformação digital. É professor da Universidade Mackenzie e da PUC–SP, e articulista do Estadão. Foi executivo na AOL, Editora Abril, Estadão, Saraiva e Samsung. Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP, é LinkedIn Top Voice desde 2016.

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