O ano terminou com duas letrinhas dominando debates dos mais variados: IA. A inteligência artificial avançou tanto nesses 12 meses, que muita gente começa a se questionar qual será o nosso lugar no mundo em breve. Afinal, as big techs não param de "lamber suas crias", lembrando como elas se tornam cada vez mais "humanas".
Minha recomendação para 2025: não caia nessa!
Sim, essa tecnologia pode realizar tarefas antes inimagináveis, e realmente parece cada vez mais humana. Além de se demonstrar superinteligente, algumas plataformas até aparentam ter emoções.
Mas é tudo falso! Ou melhor (dis)simulado. E é por isso que nós somos melhores que as máquinas.
Isso não é revanchismo! Apesar da tentação (ou do medo de alguns), não se trata de uma competição entre carbono e silício. Precisamos apenas entender que os algoritmos não conseguem replicar nossas características mais essenciais.
Pense em tudo que surge quando nos conectamos profundamente a outra pessoa. Ou na emoção que sentimos ao ouvir uma música. Ou em como podemos mudar nossa vida ao ler um livro. Ou na empatia que demonstramos. Ou em um inexplicável ataque de riso.
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A IA pode simular isso cada vez mais convincentemente. Mas continua sendo apenas uma simulação.
A essa altura, vale dizer que eu sou um pesquisador e um entusiasta da inteligência artificial. Mas isso não pode turvar minha visão sobre o que ela realmente é e como deve ser usada.
Os modelos de IA mais sofisticados têm trilhões de unidades de informação para essas simulações, construídas após consumirem, em poucos meses, toda a informação pública da Internet, algo que um ser humano demoraria milhares de anos para fazer.
Ainda assim, qualquer criança na tenra idade, aprende muito mais e melhor com suas experiências cotidianas, pela variedade sensorial e de estímulos e pela sua plasticidade neural, um presente de milhões de anos de nossa evolução. Dessa forma, enquanto uma IA pode ser brilhante no que foi programada, nós somos verdadeiramente criativos, éticos, adaptáveis, resilientes e capazes de tomar decisões certas pela emoção.
Não cabe a nós competirmos com as máquinas, mas aprender a trabalhar em harmonia com elas. A IA realiza feitos que jamais conseguiremos, mas não deve passar de um assistente extremamente competente. Ela não pode (e não deve) tomar as decisões por nós!
Fico pensando no simpático robô WALL-E, da animação homônima da Pixar (2008). Será que ele realmente se apaixonou por EVE (foto) ou estava apenas reproduzindo o que aprendeu ao assistir a filmes antigos? Qualquer que seja a resposta, isso o ajudou a salvar uma humanidade hiperdependente de automação, ainda que esse nunca tenha sido seu objetivo.
Assim, o que nos torna verdadeiramente especiais não é nossa habilidade de analisar volumes descomunais de informação para termos respostas brilhantes. Esse é o terreno da IA! O que nos define é nossa capacidade de amar, de sonhar, de criar laços significativos, de encontrar propósito em nossa existência. Essas características fundamentalmente humanas devem ser valorizadas e cultivadas, mostrando nosso lugar em um mundo cada vez mais digital.
Espero, portanto, que o futuro não venha de humanos que rejeitem as máquinas ou daqueles que entreguem seus destinos a elas. Ele deve pertencer àqueles que souberem combinar a eficiência e precisão da inteligência artificial com a profundidade e riqueza da humanidade. Nesse equilíbrio, reside o segredo de uma sociedade melhor.
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