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Opinião|Robôs-assistentes ficam mais viáveis, mas eles não devem ser como nos filmes

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C-3PO (esquerda) e R2-D2: apesar de serem robôs, tornaram-se alguns dos personagens mais queridos de "Star Wars" - Foto: reprodução

A ficção científica sempre abusou da fantasia de máquinas inteligentes capazes de ajudar as pessoas. Personagens como C-3PO e R2-D2 (de "Star Wars") ou Rosie (de "Os Jetsons") chegavam a desenvolver personalidades extravagantes no seu relacionamento com os humanos. Para aqueles que sempre quiseram ter um auxiliar assim, a boa notícia é que estamos nos aproximando daquela tecnologia, mas eles não serão exatamente como nos filmes e séries.

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A mudança mais visível é que, pelo menos por uns bons anos, eles não terão corpos. Chegarão até nós primeiramente como cérebros digitais acessíveis a partir de nossos celulares e outros dispositivos.

Isso pode ser um balde de água fria para quem gostaria de ter um robô humanoide com corpo dourado andando pela casa. Mas a despeito de avanços de empresas de robótica, como a americana Boston Dynamics, a tecnologia para termos essas máquinas domésticas não está disponível.

Ainda assim, um robô-assistente que só exista na Internet pode ser muito útil. Estamos tendo um "gostinho" disso com a inteligência artificial generativa, com quem conversamos como se fosse outra pessoa e que parece ser capaz de nos responder qualquer coisa.

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Mas há muita coisa a ser feita. Apesar da desenvoltura dessas plataformas, elas pecam em algo crítico, que é a incapacidade (por enquanto) de interagir com sistemas de terceiros e com o mundo físico. Isso reduz a sua utilidade, pois, apesar de serem capazes de nos explicar como fazermos qualquer coisa, elas mesmas não executam nada.

Quem consegue fazer isso há anos, ainda que de maneira bem limitada, é a Alexa, assistente digital da Amazon. Com seus alto-falantes inteligentes, conseguimos, por exemplo, acender luzes ou ouvir nossa emissora de rádio favorita, tudo por comandos de voz. Ironicamente, a Alexa vem sofrendo para se atualizar para uma IA mais moderna, aparentemente por falhas na gestão da empresa, que demorou a valorizar o avanço dessa tecnologia.

Em 2019, fui convidado pela Avanade para conhecer o conceito de um assistente digital que parecia resolver todos esses problemas. Ele se comunicava de maneia tão eficiente quanto o ChatGPT e interagia com outros sistemas de forma melhor que a Alexa. Além disso, tinha autonomia para tomar decisões (até comerciais) em nome do usuário.

O executivo que fez a apresentação calculou que a plataforma estaria disponível em cinco anos. Ou seja, agora!

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A parte conversacional já está resolvida. A tecnologia para integração entre plataformas também já existe, precisando apenas de mais disposição entre as empresas para fazerem isso amplamente.

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O calcanhar de Aquiles é a autonomia para os robôs tomarem decisões. Mesmo os mais avançados assistentes virtuais apenas executam o que lhes pedimos. Não são capazes de decidir em nosso nome, mesmo no que, para um ser humano, seria prosaico, como qual pão comprar, quando a marca preferida não estiver disponível.

Não precisamos de redes neurais digitais complexas para decisões triviais do cotidiano, que podem ser automatizadas por regras mais simples e ainda assim oferecerem bons benefícios. Mas para chegarmos aos robôs da ficção, precisamos mais que corpos mecânicos refinados.

Isso dependerá da chamada inteligência artificial geral, o "Santo Graal" que as principais empresas do setor buscam. Apenas com ela, as máquinas terão uma autonomia real, não apenas para tomar decisões, mas também para fazer isso sem serem comandadas. Empresários dizem que chegaremos lá até o final dessa década, mas muitos pesquisadores argumentam que a tecnologia nunca avançará o suficiente para se ter uma consciência digital tão complexa quanto a nossa.

Enquanto isso não acontecer, C-3PO e R2-D2 existirão apenas na ficção. O negócio é torcer para que Alexas, Siris e outros assistentes virtuais continuem superando suas limitações, para nos oferecerem apoios mais completos em nosso cotidiano.

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Opinião por Paulo Silvestre

É jornalista, consultor e palestrante de customer experience, mídia, cultura e transformação digital. É professor da Universidade Mackenzie e da PUC–SP, e articulista do Estadão. Foi executivo na AOL, Editora Abril, Estadão, Saraiva e Samsung. Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP, é LinkedIn Top Voice desde 2016.

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