Mãe de dançarino vai denunciar caso à Anistia Internacional

Maria de Fátima Silva fez críticas à política de pacificação de favelas e reiterou a intenção de processar o Estado pela morte do filho

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RIO - A auxiliar de enfermagem Maria de Fátima Silva, mãe do dançarino Douglas Pereira, vai denunciar o assassinato de seu filho à Anistia Internacional. Ela acredita que policiais militares tenham desfeito a cena do crime. "Meu filho foi assassinado com requinte de crueldade, foi torturado. Eu trabalho com cirurgia de tórax. Ele tinha toda característica de afogamento. Quando fui reconhecê-lo no IML, ele tinha espuma na boca. Nos lábios, a pele estava azul, a gente chama de cianose, provocada por edema agudo no pulmão. No caso, ele teve edema agudo por derramamento de sangue na cavidade torácica. Se fosse tiro transfixante, a bala estaria na parede. E não tinha bala nenhuma ali. Estranho, né?", disse, em entrevista à Rádio Estadão.

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Maria de Fátima acredita que seu filho tenha sido morto por desavença anterior, que tinha com PMs da UPP do Pavão-Pavãozinho. A auxiliar de enfermagem conta que o filho foi abordado de forma truculenta por um policial militar e reagiu. "O policial prendeu o Douglas e apreendeu a moto. Na verdade, o PM tinha de levar o Douglas para delegacia e mandar a moto para um depósito do Detran. E não prender o menino. (O policial) viu que as pessoas estavam ligando e o liberou, mas manteve a moto presa por três dias. Encheram o tanque de areia de praia e mandaram ele buscar depois. Essa moto desceu quase no braço de amigos deles, para não destruir todo o sistema", contou Maria de Fátima.

Segundo a mãe, três meses depois, a moto foi furtada na favela. Moradores disseram que um PM colocou a moto numa Fiorino e a levou. "Nós recebemos multa dessa moto, que estava rodando em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). Essa moto agora não vai existir mais. Certamente alguém já tocou fogo nela."

Ela fez uma crítica à política de pacificação de favelas do governo do Estado. "A UPP tem que mudar. Comunidade não pode ser afrontada, viver em baixo de pau. Se você investigar, a comunidade tem mais medo de policial do que do bandido", afirmou Maria de Fátima, que reiterou a intenção de processar o Estado pela morte do filho.

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A entrevista de Maria de Fátima à Rádio Estadão foi acompanhada pela ouvidora das UPPs, Tatiana Lima. Ela disse que estava ali para dar esclarecimentos para a família de Douglas.

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