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Opinião | Será o boom do e-learning?

Algumas das consequências do coronavírus são momentâneas e voltarão ao normal quando a pandemia for contida. Outras vão permanecer em nossa rotina, provocando transformações de longo prazo e moldando oportunidades nos próximos anos.

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Por Maurício Benvenutti

Em 2002, a SARS impulsionou o crescimento meteórico da então pequena Alibaba. Essa expansão foi alimentada pelas restrições às viagens e ao contato humano, semelhante ao que vemos hoje. Como consequência, os chineses começaram a comprar mais online. Em 2008, a crise financeira estimulou trabalhadores a compartilharem os seus próprios bens em busca de renda. Uber e Airbnb nasceram nesse período. Agora, vivemos a propagação do novo coronavírus, uma emergência de saúde pública global, com impactos sociais e econômicos ainda imensuráveis. 

O trabalho remoto está sendo incentivado, a lucratividade das companhias aéreas está derretendo, as cadeias de suprimentos estão se deteriorando. Algumas dessas consequências são momentâneas e voltarão ao normal quando a pandemia for contida. Outras, porém, irão permanecer em nossa rotina, provocando transformações de longo prazo e moldando oportunidades nos próximos anos.

Com ajuda da internet e plataformas como o Coursera, professores como Barbara Oakley podem atingir alunos no mundo todo Foto: NYT

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Assim como em quase todos os setores, a educação enfrenta um dos maiores impactos da memória recente. Da noite para o dia, essa instabilidade mudou a forma como milhões de pessoas são ensinadas. Segundo a Unesco, um número sem precedentes de jovens e adultos deixou de frequentar aulas devido ao atual surto. Até semana passada, 862 milhões de crianças – ou metade da população estudantil do mundo – já tinham sido afetadas pelo fechamento de suas escolas em 107 países.

Em função disso, boa parte das respostas a essas adversidades estão sendo dadas com soluções de e-learning. Governos, instituições de ensino, empresas de tecnologia e de telecomunicações se uniram para oferecer plataformas digitais como forma de solucionar temporariamente os problemas causados pela crise. Na China, o Ministério da Educação desenvolveu uma nova ferramenta de aprendizagem online baseada na nuvem. Em Hong Kong, professores passaram a dar aulas no Zoom, aplicativo de videoconferência que liberou acesso gratuito a escolas de vários países. Na Nigéria, colégios intensificaram o uso do Google Classroom, sistema que gerencia conteúdos educacionais. A Coursera disponibilizou todo o seu catálogo de cursos às faculdades impactadas pela pandemia. Stanford e diversas universidades americanas já rodam há semanas em modo 100% à distância, inclusive para aplicar exames.

Além disso, gigantes de tecnologia já investem pesado no setor desde a década passada. Samsung na Coreia do Sul. Microsoft e Google nos EUA. Tencent e Alibaba na China. Mesmo que a maioria dessas iniciativas ainda tenha escopos limitados, a covid-19 se tornou um catalisador para a educação buscar soluções realmente inovadoras em um curto espaço de tempo. Isso poderá desencadear um boom no segmento de e-learning. Ou, no mínimo, nos tornar mais próximos dele.É SÓCIO DA EMPRESA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA STARTSE

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Opinião por Maurício Benvenutti
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