Na semana passada estive em Nova York, o 2.º maior ecossistema de startups do mundo. Na frente dele, só o Vale do Silício. Com quase 20 milhões de habitantes e um PIB de US$ 1,8 trilhão, se a região metropolitana da Big Apple fosse um país, ela seria uma das 10 maiores economias do planeta, superando inclusive o Brasil.
Mas o que chamou a minha atenção foi o varejo. Em particular, o varejo físico, de rua. Não porque as lojas estavam cheias, mas pelas experiências proporcionadas dentro delas.
A rede especializada em produtos domésticos Bed, Bath & Beyond, por exemplo, reformou a sua unidade no bairro Chelsea para reduzir em 44% os itens em exibição e aumentar o espaço de experiências. Agora, o ambiente possui cafeteria, atrações imersivas, displays interativos, locais para testar produtos e até uma estação para as pessoas criarem água gaseificada com sabor.
Já a Salvatore Ferragamo recém abriu uma nova loja conceito na cidade. Além de produtos e serviços customizados, essa unidade também oferece NFTs aos clientes. Por meio de telas espalhadas internamente, artes digitais são apresentadas. Os clientes podem personalizar essas artes, que são transformadas em NFTs e enviadas à carteira digital desses consumidores.
Também visitei a Google Store aberta no ano passado em Manhattan. Mais que um ambiente incrível, ela possui vários espaços para interagir com os produtos da empresa. Numa sala, você testa os celulares Pixel. Na outra, a plataforma de jogos Stadia. Na seguinte, as ferramentas de automação residencial Nest. Tem até uma estação para você criar músicas clássicas usando a mesma tecnologia de aprendizado de máquina que o Google usa nas suas aplicações.
Por fim, após declarar falência e fechar durante a pandemia, a Century 21 – uma das mais icônicas lojas de departamentos de Nova York – reabrirá o seu prédio em frente ao Word Trade Center juntamente com a Legends, empresa especializada em criar experiências para grandes eventos, como o Super Bowl. Imagine o upgrade que vem por aí.
O que une essas iniciativas é o fato delas terem sido lançadas há praticamente 12 meses. Ou seja, já refletindo padrões de consumo do pós-pandemia. Claro que os lockdowns dos últimos 2 anos mudaram as nossas vidas e comprar online passou a fazer parte da rotina de milhões de pessoas. Mas da mesma forma que a conveniência do comércio eletrônico se tornou uma tendência, a aposta na construção de experiências nas lojas parece estar se tornado também.
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