A médica Claudia Soares Alves, presa na última quarta-feira, 24, suspeita do rapto de uma recém-nascida em um hospital de Uberlândia, em Minas Gerais, está detida na penitenciária feminina de Orizona, em Goiás. A bebê já foi devolvida aos pais.
Nesta quinta-feira, 25, pela manhã, a suspeita passou por audiência de custódia, onde foi determinado que ela continue presa enquanto responde ao processo por sequestro de incapaz.
Em nota enviada ao Estadão, a defesa da médica afirma que ela é portadora de transtorno afetivo bipolar e faz tratamento psiquiátrico. “No momento dos fatos (ela) se encontrava em crise psicótica, não tendo capacidade de discernir a natureza inadequada e/ou ilícita de suas atitudes”, diz posicionamento assinado pelo advogado Vladimir Rezende.
A médica, que tem 42 anos, foi presa quando chegava em casa na cidade de Itumbiara, em Goiás, no dia seguinte ao sequestro. A investigação da Polícia Civil sustenta que o crime foi premeditado, já que uma grande quantidade de enxoval próprio para bebê menina, com peças novas, foi encontrado em seu veículo.
A criança, que nasceu por volta das 21h de terça-feira, 23, estava na maternidade junto dos pais quando foi raptada. A mulher entrou no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com um crachá da instituição, e se apresentou ao casal como pediatra. Ela disse que levaria a recém-nascida para se alimentar, mas foi embora com ela escondida em uma mochila.
Conforme publicação no Diário Oficial da União, a suspeita tomou posse como professora titular da Faculdade de Medicina da UFU em abril. Procurada, a instituição disse que iniciou apuração interna para esclarecer as circunstâncias do ocorrido e eventuais responsabilidades.
“Atualmente, a unidade hospitalar conta com mais de 200 câmeras de circuito interno, monitoramento 24 horas, 38 profissionais de segurança capacitados e rondas contínuas. Todos os profissionais, residentes, docentes e discentes possuem crachás de identificação, além de protocolos definidos para acesso ao hospital tanto para profissionais quanto para pacientes e visitantes. O HC (Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia) informa que está reforçando as orientações referente aos fluxos de acesso, bem como investindo continuamente em melhorias estruturais e tecnológicas para garantir a segurança de todos e melhor atendimento da população”, diz nota da instituição.
Investigação
De acordo com o delegado Marcos Tadeu de Brito Brandão, da Polícia Civil de Minas Gerais, após o resgate da criança o próximo passo é investigar todas as circunstâncias do crime.
“Faremos um trabalho junto com a Polícia Civil de Goiás para apurarmos quais os motivos (deste fato). Ela mora em Itumbiara, ela tem envolvimento com outros crimes desta natureza em outras unidades da federação? Por que esta pergunta? Em Minas Gerais, esta mulher não possui antecedentes criminais. Ela não tem qualquer registro criminal aqui. Mas é importante verificar tudo que ocorreu e trabalhar para que este mesmo fato não se repita”, disse Brandão.
Sobre possível envolvimento da mulher em um homicídio registrado há quatro anos em Uberlândia, o delegado negou qualquer participação dela. “Uma pessoa extremamente irresponsável, que nunca trabalhou na Delegacia de Homicídios, soltou uma fake news de que essa mulher teria envolvimento em outro homicídio. Se nós procurarmos no sistema da Polícia Civil, nós não encontraremos qualquer indiciamento ou inquérito policial que essa mulher figure como investigada ou indiciada”, ressaltou o delegado.
Brandão disse ainda que posteriormente também será investigado se houve falha no sistema de segurança do hospital.
Com relação ao fato de a suspeita ter perdido uma gestação pouco antes do crime, o delegado disse que ainda não há informações sobre isso. “Nosso foco inicial foi a recuperação da criança”, afirmou ele. / COLABOROU RENATA OKUMURA
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