O polêmico ginecologista italiano Severino Antinori disse neste sábado, em Ribeirão Preto, que não está mais trabalhando com clonagem humana, após ser severamente criticado pela comunidade científica e até por religiosos. Porém, afirmou que, atualmente, existem três clones humanos, crianças entre três e cinco anos, que vivem no leste europeu (mas não revela os nomes dos países). Seria uma criança do sexo masculino e duas do feminino. "Não são monstros", diz ele. "Vivem muito bem", afirmou Antinori, sempre agitado e tentando não se aprofundar no assunto, que sempre lhe rendem críticas. O médico disse que seu grupo de pesquisadores buscou a clonagem humana em cerca de cem casos, sendo que três deram certo e dez mulheres abortaram. Antinori, que participou, neste sábado, do 1º Simpósio Internacional Comemorativo aos 20 Anos do Centro de Reprodução Humana (CRH) Professor Franco Júnior, em Ribeirão Preto, informou que agora está pesquisando clonagens terapêuticas. Nesta técnica, pessoas doentes poderiam ser curadas a partir da extração e pesquisa em laboratório de suas próprias células. Esse foi um dos temas que apresentou no simpósio. Mas Antinori continua polêmico. Mantendo-se agitado, ele alegou que o momento atual não é o ideal para levar adiante a pesquisa sobre clonagem humana. A pressão da sociedade científica e de religiosos (inclusive do Vaticano) o levaram a citar que "eticamente" não é o melhor momento para isso. E também não ousou fazer previsões de quando poderia retomar as pesquisas. "É preciso uma mudança de mentalidade da sociedade", justificou Antinori. A clonagem humana, para fins de reprodução, foi proibida nos Estados Unidos e na Europa. Por isso, Antinori não descartava a idéia de fazer as experiências numa clínica a bordo de um barco, em águas internacionais. Antinori também é conhecido mundialmente por ser o pioneiro a permitir, em trabalho de fertilização in vitro, que mulheres acima de 50 anos possam engravidar. Em 1994, uma mulher de 63 anos tornou-se a mulher mais velha a dar à luz um bebê.
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