Um dia depois de conquistar um segundo mandato, a chanceler alemã, Angela Merkel, iniciou ontem uma série de reuniões com a cúpula de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), para definir como funcionará a nova coalizão com o Partido Liberal Democrata (FDP). Prometendo agilidade na formação do novo gabinete, Merkel garantiu que lutará contra os efeitos da crise econômica, considerada o principal desafio de sua administração."Desta vez, negociaremos com o FDP, um parceiro menor, e estamos felizes em ter essa chance em tempos econômicos tão difíceis para proteger empregos, criar novos postos e conduzir o crescimento de uma maneira mais eficaz", disse a chanceler. Merkel também afirmou que espera que as negociações para formar o novo governo estejam fechadas até o início de novembro, para as comemorações dos 20 anos da queda do Muro de Berlim.O líder do FDP, Guido Westerwelle, também expressou o desejo de que as negociações sejam feitas o mais rápido possível. Os dois líderes, porém, evitaram falar sobre como será a divisão de ministérios. "Uma coalizão com o FDP é muito mais interessante para a CDU porque ambos os partidos têm propostas semelhantes nas áreas de economia e de políticas sociais", afirmou ao Estado o analista político Josef Schmid, da Universidade Tübingen. "Outro ponto positivo é que o FDP é um partido bem menor que a CDU, então a chanceler deve ter um controle maior sobre as políticas do governo."Juntos, CDU - com a União Social Cristã (CSU) - e FDP obtiveram cerca de 320 das 598 cadeiras fixas do Parlamento. Merkel e Westerwelle disseram que cortes de impostos estão na plataforma do novo governo, mas o tamanho e o momento ideal para isso ainda não estão definidos. Para especialistas, este será um compromisso difícil de cumprir. "Elaborar novas políticas econômicas será complicado porque a dívida pública, que já era alta, ficou ainda maior no último ano com os programas de combate à crise", explicou o cientista político Felix Butzlaff, da Universidade Goettingen. Segundo ele, o cenário atual é prejudicial para a chanceler, que estará sob grande pressão de seu novo parceiro. "O FDP deve agir de forma agressiva para implementar as reformas e Merkel terá de encontrar um meio termo para não colocar em prática políticas econômicas radicais."DERROTA DA OPOSIÇÃOA nova coalizão põe fim à parceria dos últimos quatro anos da CDU e com o Partido Social Democrata (SPD), cujo desempenho (23% dos votos) foi o pior desde a 2ª Guerra. "O SPD está se desintegrando", disse Manfred Güllner, diretor do instituto de pesquisas Forsa. "A mudança nas políticas defendidas pelo SPD criou um vácuo de confiança no partido e fez com que perdesse 10 milhões de votos em dez anos." A votação de domingo também registrou queda na participação de mais de 60 milhões de eleitores.A repórter viajou a convite do governo alemão
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