"Você me chamou de louca, mas eu não sou louca. Tem gente que quer fazer a gente brigar por qualquer coisa. Mas a gente não vai brigar." Esse é um trecho de uma longa conversa telefônica entre Maria do Carmo Alves e seu ex-amante Farah Jorge Farah. Eles podem ter tido essa conversa dias antes do crime. A polícia tem nove fitas encontradas na clínica com diálogos gravados entre os dois. Ele se queixa das ligações durante a madrugada. Ela nega ter telefonado. Farah - Você me ligou às duas e meia da madrugada. Isso não é hora de me ligar. Maria do Carmo - Quem ligou? Eu? Farah - Que gozado, no meu bina (aparelho que mostra e deixa gravado os números do telefone) aparece o seu celular. Maria do Carmo - Olhe o horário. Eu não vou te ligar de madrugada. Você me chamou de louca? Farah - Eu não te chamo de louca. Não dá bola para quem fala. A pior coisa do mundo é quando uma pessoa fica ouvindo o que a outra fala. Se te falarem, deixa entrar por um ouvido e sair pelo outro. Maria do Carmo - A gente não vai brigar. Farah - Então, a gente faz isso. Estou ocupado. Eu vou voltar a te ligar. Amanhã, domingo ou segunda. Tá bom? Maria do Carmo - Você me liga? Eu vou sair, mas não vou aí. Queria que você viesse aqui em casa um dia. Mesmo se o João (o marido, João Augusto de Lima) estiver aqui. Farah - O João mora aí? Maria do Carmo - Se você vier, ele não vai fazer nada. Ele gosta de você. Todo mundo gosta dele. O João paga o aluguel, mora aqui, mas não tenho mais nada com ele. Vamos nos ver hoje? Farah - Eu te ligo. Maria do Carmo - Você é misterioso. O Gugu, meu gatinho, está te mandando um beijo. Você me acha gorda? Farah - Você não está muito gorda. Você tem de perder oito quilos bem lentamente, para não dar pelanca caída.
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