Cerca de 10 mil mineiros de platina sul-africanos em greve marcharam de uma mina da Lonmin para outra nesta segunda-feira, ameaçando matar quem furasse a greve, enquanto outra paralisação afetava a Gold Fields, quarta maior mineradora de ouro do mundo. Negociações salariais para acabar com a greve na Lonmin que já dura um mês, e gerou uma violência mortal no mês passado, não começaram conforme previsto. Um mediador independente disse que só poderia participar do processo se os trabalhadores voltassem ao trabalho até o prazo desta segunda-feira, mas a grande maioria não retornou. A coluna de grevistas em marcha, que aumentou ao longo do dia, encheu uma estrada de duas pistas e se estendia por mais de um quilômetro, vigiada por uma escolta fortemente armada da polícia de choque. Muitos manifestantes estavam armados com paus, lanças e facões. "Estamos procurando os caras trabalhando. Se encontrarmos, temos que matá-los", disse Umpho, um perfurador de rocha de 23 anos de idade que não quis dar seu sobrenome, empunhando uma vara. A crescente agitação trabalhista na maior economia da África, que também é o maior produtor mundial de platina, está desafiando a alegação do partido governista Congresso Nacional Africano de ser um defensor dos interesses dos trabalhadores, ao mesmo tempo que tenta promover um crescimento estável. A agitação culminou em meados de agosto em violentos confrontos com a polícia em que 44 pessoas foram mortas na mina da Lonmin em Marikana, 100 quilômetros a noroeste de Johanesburgo. A maioria dos mortos era de grevistas que levaram tiros de policiais. Nesta segunda-feira, os manifestantes da Lonmin, terceira maior produtora mundial de platina, gritavam "os homens brancos estão tremendo!" e "os policiais que nos atiraram estão tremendo!". A Lonmin informou que 6,3 por cento dos seus trabalhadores de turno haviam aparecido para trabalhar nesta segunda-feira, em comparação com 2 por cento na sexta-feira. Os problemas trabalhistas, alimentados em parte pelas gritantes disparidades de renda na África do Sul, vêm se espalhando do cinturão de platina para o setor de ouro, deixando os investidores nervosos. Na semana passada, a Gold Fields resolveu uma greve ilegal de 12.000 trabalhadores em sua mina KDC Leste, que começou porque membros da União Nacional dos Mineiros (NUM) disseram que o sindicato não estava defendendo seus interesses. Nesta segunda-feira, a empresa divulgou outra paralisação ilegal, desta vez em sua operação KDC Oeste, onde 15.000 trabalhadores baixaram as ferramentas, fechando a produção. A Gold Fields disse que as razões para a última greve não estavam claras, mas a intimidação estava sendo usada para manter os trabalhadores fora do trabalho.
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