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"Monobloco" diz que é inocente de tudo

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Por Agencia Estado
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O comerciante Luís Carlos Antunes da Silva, de 38 anos, mais conhecido como "Monobloco" e acusado de ser o elo entre o crime organizado e a rede de corrupção que atua em prefeituras do interior paulista, depôs durante mais de três horas, nesta sexta-feira, na 3ª Vara Criminal de São José do Rio Preto (SP), e protestou "inocência absoluta", segundo o juiz Emílio Migliano, que o interrogou. O depoimento foi sigiloso, cercado por um forte esquema de segurança, que isolou as ruas vizinhas ao Fórum, e acompanhado apenas por dois promotores do Setor de Combate ao Crime Organizado e por dois assessores do deputado Dimas Ramalho (PPS), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico da Assembléia Legislativa de São Paulo. "Monobloco" é acusado de pertencer a uma quadrilha internacional de tráfico de drogas e roubo de cargas. Investigações realizadas pelo Ministério Público (MP) na região de São José do Rio Preto apontam-no como peça-chave no esquema da máfia das notas frias que atua em prefeituras do interior paulista. A máfia das notas frias foi revelada pela Agência Estado no fim de 2000. Trata-se de uma rede com mais de 150 empresas especializadas em fraudar licitações para desviar dinheiro dos cofres públicos de prefeituras do Oeste paulista. Investigações em curso no MP apontam ramificações da máfia em pelo menos mais quatro Estados brasileiros - Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. Foram encontrados indícios de atuação da máfia em cerca de cem municípios. "Monobloco" cumpriu pena por tráfico de drogas em Ribeirão Preto e estava foragido desde outubro, quando a prisão preventiva dele foi decretada. Ele responde a vários processos por lavagem de dinheiro e narcotráfico. "´Monobloco´ é, reconhecidamente, um dos maiores traficantes de drogas do Oeste paulista", afirma o delegado José Donizeti Curti, da Delegacia de Investigações sobre Drogas (Dise) de São José do Rio Preto. A ligação dele com a máfia das prefeituras começou a ser descoberta há dois anos, quando notas frias de empresas controladas por ele apareceram nas investigações de desvio de dinheiro em Severínia e Guaracy (SP). O ex-prefeito de Severínia Mauro Lúcio Lucateli, acusado de desviar mais de R$ 7 milhões dos cofres públicos municipais, é primo de "Monobloco". O MP descobriu que "Monobloco" era proprietário de empresas fornecedoras de serviços de transportes para a prefeitura e atuava em diversos municípios vizinhos. As empresas dele forneciam notas falsas de serviços não realizados ou superfaturados para desviar dinheiro dos cofres públicos. A Dise de São José Rio Preto apura o envolvimento de "Monobloco" com um esquema de troca de carros roubados por drogas na Bolívia e na Colômbia. Curti afirmou que as investigação sobre o esquema ainda estão no início. "É um trabalho lento, que envolve muitos suspeitos e quadrilhas especializadas", afirmou o delegado.

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