Morador de cobertura é preso suspeito de cortar corda que segurava trabalhador que limpava prédio

Caso ocorreu em Curitiba e teve denúncia oferecida pelo Ministério Público. Na audiência de custódia, advogados citaram dependência química do acusado; procurada, defesa não falou

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Por Ederson Hising
Atualização:

Um homem de 41 anos, que mora na cobertura de um prédio do bairro Água Verde, em Curitiba, foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) pelo crime de tentativa de homicídio qualificado. Ele é acusado de ter cortado uma das cordas que sustentava um trabalhador que fazia a limpeza do edifício.

Funcionários relataram à polícia que morador havia ameaçado cortar corda  Foto: Reprodução/Google Maps

O caso aconteceu em 14 de março, mas foi divulgado pelo MP-PR na segunda-feira, 25, quando ocorreu o oferecimento da denúncia contra Raul Ferreira Pelegrin. A prisão em flagrante, que aconteceu no dia do crime, foi convertida em preventiva, ou seja, por tempo indeterminado, dois dias depois pela juíza Thais Endo, do Plantão Judiciário.

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O trabalhador estava no 6º andar e não se feriu por ter realizado uma manobra de segurança. Conforme a denúncia da promotoria, ele desceu de rapel por uma corda fixa depois de ter sentido a outra corda afrouxar. Os equipamentos para o trabalho de limpeza do edifício estavam fixados na cobertura do prédio, que fica no 27º andar.

Segundo o boletim de ocorrência, naquele dia havia cinco trabalhadores de uma empresa contratada pelo condomínio para fazer a limpeza da fachada do prédio. Três deles disseram aos policiais que foram avisados por telefone pelo supervisor e dono da empresa que o morador estava querendo cortar as cordas. Por isso, orientou que todos descessem até o térreo.

Outro funcionário contou que foi ameaçado por Pelegrin, “que passou por onde ele estava com uma faca e um amolador, dizendo que iria cortar as cordas. Após essa atitude, a vítima subiu para o telhado do prédio. Afirmou que as cordas estavam amarradas no telhado e não na casa do flagranteado (morador da cobertura)”.

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O dono da empresa prestadora de serviço disse aos policiais que estava no telhado e ouviu o morador da cobertura afirmar que “estava de saco cheio” e que teria dado 10 minutos para os prestadores de serviço “sumirem”. Ele explicou que viu o morador cortar a corda e pediu para que não o fizesse. O trabalhador que estava em risco foi avisado pelo supervisor.

Após o ocorrido, a Polícia Militar e o síndico do prédio foram acionados. Os policiais flagraram pelas câmeras de segurança que o morador não tinha saído do prédio e foram ao apartamento, o único do andar. Eles foram atendidos pela secretária do acusado, que mentiu ao dizer que o homem não estava no local.

A PM pediu apoio para a equipe do Batalhão de Choque e arrombou uma das portas do apartamento para prender o acusado. Segundo o BO, ele estava em um dos quartos. Os policiais também encontraram a faca utilizada no crime e a corda cortada na sacada do apartamento.

Segundo a promotoria, o motivo do crime ainda é desconhecido. O acusado de tentativa de homicídio ficou em silêncio durante interrogatório na delegacia. Porém, a defesa alegou em audiência de custódia que, há pelo menos quatro anos, o homem enfrenta problemas relacionados ao vício em drogas.

Advogados apresentam laudos toxicológicos

Os advogados apresentaram laudos toxicológicos dos anos de 2020 e 2021. A juíza, no entanto, avaliou que pelas datas não provavam que o crime foi cometido sob efeito de substâncias ilícitas ou medicamentos.

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“A situação do acusado, de suposto uso de substâncias ilícitas com remédios controlados, combinada com a negativa de tratamento e o fato de, ao que se apurou em um primeiro momento, viver sozinho, evidencia ainda mais o risco à ordem pública, de que de situações como a do dia dos fatos se repitam ou, pior ainda, se concretizem”, afirmou a magistrada.

Para a promotoria, o crime foi cometido com duas qualificadoras: uso de meio insidioso e de recurso que dificultou a defesa da vítima. Caso a denúncia seja aceita pela Justiça, Raul Ferreira Pelegrin se tornará réu.

O Estadão entrou em contato com o escritório de advocacia que representa o acusado, mas a defesa informou que não irá se manifestar sobre o caso.

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