FORTALEZA - Parte dos moradores de Jati, na região do Cariri, afetados pelo rompimento na estrutura da barragem que recebe águas da transposição do Rio São Francisco, já está voltando para suas casas. Cerca de 2 mil moradores tiveram que deixar suas residências na noite de sexta-feira, quando a estrutura rompeu, causando grande vazamento de água na região.
O dentista, Thobias Linhares, morador do município, comenta que após o rompimento foi possível ouvir o grande barulho da água. “Na hora que rompeu não deu para ouvir, só depois que começou a jorrar água. Quando a sirene começou a alertar a população do perigo, todo mundo ficou muito aflito. Muita correria, as pessoas abandonando suas casas”, conta. Agora, segundo Thobias, as famílias já foram avisadas que está tudo sob controle. "Ouvi falar que já está tudo resolvido, que não há ameaça de rompimento da barragem e já estão liberando as pessoas para voltar para suas casas".
De acordo com o Coronel Holanda, comandante do corpo de bombeiros e coordenador geral da Defesa Civil do Ceará, a situação atual está sob controle. “Estamos fazendo uma triagem seletiva com os moradores. Os que não puderem voltar para casa permanecem na residência de familiares ou em prédios públicos do município. O Governo está dando todo o suporte para a população”, reforça.
O comandante comentou ainda que todo o maquinário já está no local para dar início ao plano de ação para a reconstrução da estrutura que se rompeu. O governador do Estado, Camilo Santana, está em Jati acompanhando a situação.
A barragem faz parte do trecho 1 (Jati-Cariús) do chamado Cinturão das Águas do Ceará. Na quinta-feira, 21, o Ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, foi à Jati acionar as comportas para permitir a passagem das águas. Segundo o governo, o reservatório chegou a 94,8% da capacidade nesta semana e vai garantir o abastecimento de 4,5 milhões de pessoas da região metropolitana de Fortaleza.
O governo federal já iniciou os trabalhos de recuperação da estrutura da tubulação da Barragem de Jati. Segundo o ministro Rogério Marinho, foi estabelecido um prazo de 72 horas para confirmar a estabilidade da barragem. Após a confirmação da segurança da estrutura, todas as famílias que foram evacuadas poderão retornar para suas casas.
“Nós faremos outra avaliação neste domingo, 23, pode ser até que haja uma antecipação desse retorno das pessoas para a residência. O coordenador da Defesa Civil, Coronel Holanda, vai permanecer na cidade até que as condições de normalidade se estabeleçam. Ao lado da prefeita, Maria de Jesus Diniz Nogueira, irão constituir a documentação necessária para que possam recepcionar os recursos para assistência aos desabrigados”, afirmou.
Com o vazamento, houve uma perda de quase 2 milhões de metro cúbicos de água, mas Marinho esclarece que a água vazada não será desperdiçada, pois foi escoada no canal do Eixo Norte e está sendo recepcionada na barragem.
“Sabemos que é uma obra de grande complexidade, que se iniciou há 15 anos. E a nossa maior preocupação é com a segurança das pessoas, para permitir que a transposição continue avançando, mas com o cuidado necessário e que nós tenhamos a condição e a capacidade de retomar nosso cronograma, tanto na parte temporal como na parte física, e para que tenhamos a tranquilidade de afirmar que no próximo ano estaremos concluindo a transposição do nosso São Francisco”, concluiu o ministro.
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