O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), comandado por Sérgio Moro, decidiu enviar reforço da Força Nacional para atuar na repressão à onda de crimes no Ceará. Já havia 330 homens atuando no local desde a noite do sábado, 5, e o número será ampliado para 406, além de um total de 96 viaturas.
A decisão de enviar reforço foi tomada no mesmo dia em que o ministério ressaltou uma queda no número de ataques após o início do trabalho da Força Nacional. Foram registrados 45 ações criminosas na quinta-feira, 37 no sábado e 23 no domingo. Houve, no entanto, casos graves como a destruição da base de uma operadora de telefonia móvel na cidade de Limoeiro do Norte, interrompendo o serviço em onze cidades no Estado.
Pelos dados do MJSP, houve 144 ataques entre a quarta-feira, 2, e o domingo, 6, na capital Fortaleza, na região metropolitana e no interior do Estado. Números da segunda-feira não foram informados pelo ministério, mas o governo estadual registrava pelo menos 21 ataques até o meio da tarde.
Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, André Costa, 150 pessoas já foram detidas e 250 presos foram autuados por novas infrações.
Nas ruas, a Polícia Militar comanda as operações, e a Força Nacional tem dado apoio. Dentro dos presídios, a Polícia Civil tem atuado junto com a administração penitenciária, com o reforço da inteligência do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Já houve a autorização de transferência de um preso integrante de facção criminosa para uma penitenciária federal de segurança máxima. Outras devem ser autorizadas nos próximos dias. Inicialmente, foram disponibilizadas 20 vagas pelo Depen, mas, se houver necessidade, o número pode ser ampliado.
População está amendrontada
A onda de ataques no Estado do Ceará já dura cinco dias e pelo menos 35 cidades foram alvos de criminosos. As consequências chegam para a população. As ruas permanecem com movimentação menor que o habitual e há problemas na circulação dos ônibus.
“Tem policial em todo ônibus, mas demora demais para passar. Sem contar que ninguém sabe se é melhor esperar na rua ou no terminal, porque não há garantia que os ônibus vão para o terminal, nem que eles respeitem as paradas nas ruas”, disse a secretária Adriana Silva.
Em uma agência de turismo, situada em um dos principais shopping da capital, uma balconista que não quis se identificar se disse desanimada. “Muita gente desmarcou viagem para cá. Muita mesmo. As pessoas estão adiando, pedindo para alterar os destinos. O telefone quase nem toca. Realmente esses ataques assustaram até mesmo quem nunca pisou em Fortaleza."
No aeroporto, Luiza Malheiros esperava um voo de volta para o Espírito Santo com a família. Ficaria mais cinco dias, mas decidiu antecipar a volta. “Nós vimos quando algumas pessoas tocaram fogo em um ônibus. Nossos filhos ficaram apavorados. Vamos gastar um pouco mais para antecipar as passagens, mas não temos como permanecer aqui."
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