Morreu neste domingo, 7, o sargento da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) baleado com dois tiros na cabeça e um na perna durante uma perseguição a dois suspeitos em Belo Horizonte. O falecimento de Roger Dias da Cunha, de 29 anos, foi comunicado em publicação feita pela corporação nas redes sociais.
Como mostrou o Estadão, o sargento foi atingido à queima-roupa na noite de sexta-feira, 5, em ocorrência no bairro Aarão Reis, na zona norte da capital mineira.
Segundo a PM, o principal suspeito de ter efetuado os disparos é um homem de 25 anos que não teria retornado ao sistema penitenciário após ser beneficiado com a saída temporária de fim de ano – ele foi baleado e preso durante a perseguição. Posteriormente, o outro suspeito também foi capturado por agentes da polícia.
“A Polícia Militar de Minas Gerais comunica e lamenta profundamente o falecimento do 3º Sgt PM Roger Dias da Cunha, lotado no 13º BPM (Batalhão de Polícia Militar) em Belo Horizonte, após ter sido alvejado em confronto durante ação policial”, diz nota assinada pelo comandante-geral da PMMG, coronel Rodrigo Piassi do Nascimento. “À família, amigos e companheiros, expresso minhas condolências e ressentimento.”
Conforme o boletim de ocorrência do caso, a PM recebeu informações de que dois homens estavam andando armados em um Fiat Uno de cor cinza no bairro Aarão Reis. Equipes do 13º Batalhão identificaram o veículo e começaram a perseguição por volta de 22h17 na Avenida Risoleta Neves. Segundo os registros, os suspeitos não obedeceram à ordem de parada.
Durante a perseguição, o motorista do Fiat Uno teria perdido o controle do veículo e batido em um poste nas imediações. Após o acidente, ele e o outro homem que estavam no carro desceram às pressas e continuaram a fuga a pé, segundo o boletim. Ao se aproximar de um deles, o sargento Roger Dias da Cunha foi surpreendido por disparos de arma de fogo realizados à queima-roupa.
“Ele (o autor) faz essa menção de se entregar e, nesse momento, saca uma arma de fogo e efetua quatro disparos. Três atingem o policial militar: dois na cabeça e um na perna”, disse em coletiva de imprensa realizada neste sábado, 6, a major da Polícia Militar Layla Brunella. Vídeo captado por câmeras de segurança da região mostram o momento em que o agente é atingido.
Segundo o boletim de ocorrência, o sargento Roger Dias foi levado inicialmente para o Hospital Risoleta Tolentino Neves, na região de Venda Nova, e posteriormente transferido para o Hospital João XXIII, na região centro-sul de Belo Horizonte. Já neste sábado, 6, a Polícia Militar afirmou que o quadro de saúde do policial militar, que completaria 10 anos de corporação neste fim de semana, era considerado grave e “irreversível”.
Autor não teria retornado à prisão após a saída temporária
Os dois suspeitos foram detidos, ambos com ferimento de arma de fogo, e encaminhados para o Hospital Risoleta Tolentino Neves, de acordo com a PM. Um deles, apontado como o autor dos disparos, foi capturado durante a perseguição, enquanto o outro foi encontrado em buscas posteriores realizadas por policiais. A gravidade dos ferimentos não foi informada.
“O autor que disparou contra o nosso policial militar possui 18 registros pela Polícia Militar, é oriundo do sistema penal e estava de ‘saidinha de Natal’”, disse a major Layla Brunella. Segundo ela, o homem deveria ter retornado para a prisão ainda em dezembro, mas não o fez. “Ele tem passagens, das mais diversas, por roubo, falsidade ideológica, receptação, tráfico de drogas e ameaças.”
Neste domingo, a Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) divulgou nota em que lamentou o caso e rebateu críticas sobre a saída temporária. Segundo a entidade, todas as decisões relacionadas à liberação foram “proferidas de modo técnico”. “É lamentável vincular a tragédia experimentada pelo corajoso Sargento Dias ao Juízo que concedeu benefício previsto na Lei”, disse a Amagis, em nota publicada nas redes sociais.
“Afinal, o ocorrido reflete a sociedade em que atualmente vivemos, cada vez mais violenta, armada e intolerante, recheada de ataques inexplicáveis por trás das redes sociais, não enfrentando os verdadeiros motivos da violência urbana, fruto da desigualdade social, falta de oportunidades de trabalho lícito aos egressos do sistema prisional, além da falta de perspectiva de futuro para inúmeras pessoas”, acrescentou a associação.
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