BELO HORIZONTE - Subiu para 30 o número de mortos em decorrência das fortes chuvas que atingem Minas Gerais - sete pessoas ficaram feridas e 17 seguem desaparecidas. Há 2.620 pessoas desalojadas e 911 desabrigadas. Parte das vítimas foram soterradas depois de desabamentos de residências. Entre a quinta-feira, 23, e a sexta, 24, foi registrado em Belo Horizonte recorde do volume de chuvas em 24 horas: 171,8 milímetros. O número anterior era de 164,2 milímetros em 14 de fevereiro de 1978. As marcas envolvem 110 anos de medições.
Há previsão de mais chuvas neste fim de semana na capital e em cidades já atingidas pelas tempestades no interior. As buscas por desaparecidos seguem ocorrendo nos municípios de Contagem, Betim e Ibirité, além da capital Belo Horizonte. No interior, em cidades como Matipó e Manhuaçu, ambas na Zona da Mata, há relatos nas redes sociais de inundação e pessoas ilhadas.
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, esteve na manhã deste sábado na Vila Bernadete no Barreiro, onde os bombeiros continuam buscas por vítimas. Duas mortes foram confirmadas na região. Ele pediu desculpa à população, mas disse se tratar de um desastre natural. "Tenho por hábito não correr das minhas responsabilidades. E não tenho por hábito bancar o herói e botar coisas nas minhas costas que não são. O que aconteceu aqui foi um desastre natural. Estamos falando da maior chuva da história de Belo Horizonte", disse.
Moradores da região afirmaram ter tentado telefonar para Defesa Civil Municipal e não conseguiram contato na sexta-feira, 24, quando as chuvas atingiram fortemente o bairro. O prefeito disse que, durante parte do dia - o período exato não foi especificado -, o sistema de telefonia da Defesa Civil apresentou problemas que, ainda conforme Kalil, tiveram origem na operadora do serviço.
Um sobrevoo pela áreas atingidas pelas chuvas em Minas deverá ser feito neste domingo pelo ministro da Integração Regional, Gustavo Henrique Rigodanzo Canuto, o governador de Minas, Romeu Zema, e prefeitos.
Dois bombeiros foram soterrados nesta sexta-feira, 24, durante buscas a vítimas em Betim, na Grande Belo Horizonte. Ambos foram resgatados por colegas, encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro XXIII, na capital, e liberados durante a madrugada deste sábado, 25. A capital e a região metropolitana são as áreas mais atingidas. Treze das 30 mortes aconteceram em cidades da Grande Belo Horizonte, de acordo com o divulgado até agora:
- 6 em Betim;
- 4 em Ibirité;
- 3 em Alto Caparaó;
- 3 em Alto Jequitibá;
- 3 em Simonésia;
- 2 em Belo Horizonte
- 2 em Pedra Bonita;
- 2 em Luisburgo;
- 1 em Contagem;
- 1 em Divino;
- 1 em Santa Margarida;
- 1 em Manhuaçu;
- 1 em Tocantins.
O Corpo de Bombeiros informou que 36 cidades do Estado registram neste sábado vítimas e danos por causa das chuvas. Há ainda 2.554 desalojados, 791 desabrigados e sete feridos, segundo informações do coronel Rodrigo Rodrigues, chefe do Gabinete Militar do governo do Estado e coordenador da Defesa Civil em Minas.
O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Edgar Estevão, afirmou que as buscas por desaparecidos podem sofrer paralisações ao longo do dia por causa do encharcamento do terreno. "Temos risco para as próprias guarnições. Em alguns momentos, os trabalhos precisam ser suspenso para avaliação", disse, citando o caso dos dois bombeiros atingidos por deslizamento em Betim enquanto procuravam por soterrados. "Estavam chegando à vítima que procuravam", acrescentou.
Os bombeiros informaram ainda que as buscas não podem contar, ao menos por enquanto, com helicópteros, por causa do teto baixo, ou seja, pela grande concentração de nuvens em baixa altitude sobre as regiões sobretudo no interior atingidas pelas chuvas. "Estamos chegando por terra", afirmou.
No fim da tarde deste sábado, 25, o Corpo de Bombeiros anunciou a localização de mais uma vítima das chuvas em Contagem. Um rapaz de 23 anos identificado como Yury da Costa Andrade, também vítima de desabamento.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.