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Opinião|Mulher avança a passos de formiga rumo a cargos de liderança; negras e indígenas estão atrás

Empresária afirma que persiste a sub-representação em posições de poder e influência, mesmo com avanços sociais e políticos

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Por Jandaraci Araújo
Atualização:

E chegamos em mais um mês da mulher e o que podemos celebrar? Copo meio cheio, copo meio vazio, não importa o ângulo ou perspectiva, o fato é que avançamos. A passos de formiga, mas avançamos. No entanto, não avançamos todas no mesmo compasso, as mulheres negras e indígenas ainda estão lá atrás, ainda na luta pela existência e sobrevivência, seja na carreira ou na vida pessoal. E precisamos tocar neste assunto.

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No Brasil, assim como em muitas partes do mundo, a representatividade das mulheres negras e indígenas em posições de liderança continua a ser uma questão de extrema relevância e urgência. Apesar dos avanços sociais e políticos das últimas décadas, a sub-representação destes grupos demográficos em cargos de poder e influência persiste, refletindo desigualdades estruturais profundamente enraizadas na sociedade brasileira.

As diversas formas de discriminação e desigualdade de gênero, que incluem disparidades salariais, falta de representação em cargos de liderança e políticos, violência doméstica e obstáculos no acesso à educação e saúde reprodutiva, impactam profundamente o desenvolvimento econômico sustentável no Brasil e no mundo. Essas desigualdades são agravadas pela interseccionalidade com raça e etnia, tornando as mulheres negras, indígenas e de outras minorias étnico-raciais ainda mais vulneráveis a múltiplas formas de discriminação e exclusão.

Jandaraci Araújo é co-fundadora do Conselheira 101, programa que trabalha para a inclusão de executivas negras e indígenas em conselhos empresariais Foto: Beatriz Ribeiro

No contexto global, as mulheres enfrentam desafios semelhantes, com variações de acordo com a cultura, legislação e contexto socioeconômico de cada País. A desigualdade de gênero persiste em muitas partes do mundo, impedindo o pleno desenvolvimento das mulheres e limitando seu potencial de contribuir para suas comunidades e economias. E como transformar uma realidade que está posta, como construir um novo futuro, hoje?

Intencionalidade, foco e ação é a tríade ideal para promover a equidade de gênero e raça. A promoção da governança inclusiva e da igualdade econômica e social pode ser uma estratégia poderosa para avançar na causa das mulheres negras e indígenas no Brasil. Nesse processo de construção de um novo futuro, não podemos ignorar o impacto significativo da economia do cuidado no desenvolvimento da carreira da mulher de várias maneiras, como por exemplo: dupla ou tripla jornada, barreiras ao ingresso e progressão profissional, a escolha de qual carreira seguir, fortalecendo o ciclo vicioso da desigualdade.

A promoção da governança inclusiva e da igualdade econômica e social pode ser uma estratégia poderosa para avançar na causa das mulheres negras e indígenas no Brasil. A promoção da governança inclusiva envolve a criação de espaços de tomada de decisão que reflitam a diversidade da população. Isso inclui o acesso igualitário à educação de qualidade, oportunidades de emprego digno e políticas de promoção do empreendedorismo e do desenvolvimento econômico nas comunidades marginalizadas.

Programas de capacitação, mentoria e networking também podem desempenhar um papel importante na promoção do avanço profissional dessas mulheres, e mais importante e principalmente combater o racismo e sexismo estrutural.

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Em suma, a promoção da equidade de gênero e racial no Brasil exige um esforço conjunto e coordenado por parte do governo, do setor privado, da sociedade civil e da população em geral. A adoção de políticas e práticas que valorizem e promovam a participação das mulheres negras em posições de liderança é não apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia fundamental para o desenvolvimento sustentável e inclusivo do País.

Opinião por Jandaraci Araújo

Co-fundadora do Conselheira 101, programa que promove a inclusão de executivas negras e indígenas nos Conselhos de Administração

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