A manicure Juscilene Cardoso Brandão, de 23 anos, foi condenada nesta madrugada, no Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, a 27 anos e dois meses de prisão, em regime fechado, por ter envenenado e matado Tamara Dias Cardoso Reis, de 12, em 1998. Tamara morreu após comer um dos dois bombons feitos por Juscilene - e aos quais ela adicionou um inseticida organofosforado - para a mãe da garota, a comerciante Maria da Glória Cardoso Reis. O objetivo da manicure era vingar-se de Maria da Glória. Segundo o processo, as duas eram vizinhas no conjunto Teixeira Dias, região do Barreiro, Zona Oeste de Belo Horizonte, e Juscilene recebera, dias antes, um telefonema de Maria da Glória cobrando-lhe uma dívida, o que a fez planejar o envenenamento. Uma amiga de Tamara, identificada como L.G.C., então com 10 anos, comeu o segundo bombom, mas foi medicada e sobreviveu à intoxicação. Em sua defesa, a manicure alegou que a contaminação dos doces pelo inseticida havia acontecido por acidente. O promotor que cuidou do caso, Francisco de Assis Santiago, e o advogado da família de Tamara, Joaquim Dimas Gonçaves, no entanto, conseguiram convencer os jurados, com provas testemunhais e relatórios da perícia, de que a manicure envenenou os bombons propositalmente e esperava que eles fossem comidos pela mãe da menina. "O caso foi de um homicídio qualificado, por motivo fútil, com emprego de veneno, recurso que tornou impossível a defesa da vítima", disse Gonçalves. Apesar da condenação, os advogados de Juscilene informaram que entrarão com recurso no Tribunal de Justiça de Minas. Até que ele seja julgado, o que pode acontecer dentro de um ano, a acusada, que é ré primária, deverá permanecer em liberdade.
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