Nº de mortes entre menores de 15 anos teve alta em 2022, diz IBGE

Para especialistas do instituto, aumento ainda era resquício da pandemia de covid-19, uma vez que essa faixa etária foi a última a ser vacinada; óbitos caíram entre as outras faixas etárias

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Foto do author Roberta Jansen
Atualização:

O número de mortes de crianças e adolescentes com menos de 15 anos cresceu 7,8% entre 2021 e 2022 – alta que destoa da tendência de redução da mortalidade verificada na população em geral no mesmo período. Para pesquisadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgaram a pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2022 nesta quarta-feira, 27, o aumento pode ainda ser resquício da pandemia de covid-19, sobretudo por que essa faixa etária foi a última a ser vacinada.

Ordem da fila da vacinação da covid ajuda a explicar tendência, dizem analistas; doenças respiratórias se destacam entre causas de morte Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Foram registrados 40.195 óbitos de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos em 2022, um total de 2.908 mortes a mais (7,8%) do que o número verificado no ano anterior (37.287).

  • Em termos absolutos e relativos, o maior aumento se deu entre as crianças de 1 a 4 anos: foram 6.012 óbitos nessa faixa etária em 2022, 1.304 a mais (27,7%) que em 2021 (4.708 óbitos). Os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.

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Segundo as informações do SIM, os óbitos cujas causas foram doenças respiratórias (gripe, pneumonia, bronquiolite, asma, entre outras) corresponderam a mais de 60% da diferença do total no número de óbitos nessa faixa etária entre 2021 e 2022.

“Considerando que a vacinação de crianças e adolescentes brasileiros contra covid-19 se deu bem depois da vacinação dos adultos, e que, portanto, eles demoraram mais a completar o esquema vacinal, é possível que a doença tenha contribuído fortemente para esse quadro”, sustentaram os especialistas.

De acordo com a pesquisa, em 2022 foram registrados 1.524.731 óbitos no Brasil – 15% a menos do que o ocorrido no ano anterior, auge da crise do coronavírus.

Em 2021, a pesquisa havia registrado 1.786.347 mortes, o maior número já registrado desde o início da série histórica, em 1974, um dado significativo sobre o impacto da pandemia no Brasil, um dos países mais atingidos pela covid.

Da análise dos óbitos por grupos de idade, é possível dizer que houve redução do número de óbitos ocorridos no ano para todos os grupos da faixa etária de 15 anos ou mais. As faixas etárias de 40 a 49 anos (-30,1%) e de 50 a 59 anos (-30,5%) foram as que apresentaram a maior redução entre 2021 e 2022.

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  • Idosos com 80 anos ou mais concentraram o maior contingente de óbitos do País entre 2019 a 2022. Neste último ano, ocorreram 483.033 mortes nessa faixa etária, o que corresponde a 32,2% de todos os óbitos ocorridos no ano e cuja idade do falecido era conhecida.

Especialistas também apontam que a participação dos idosos entre as mortes tende a aumentar, diante do envelhecimento da população do Brasil, que vê uma veloz transição demográfica.

Mesmo com a redução significativa no número geral de óbitos, o valor observado em 2022 ainda é muito superior ao de 2019, último ano antes da pandemia, quando foram registrados 1.317.292 óbitos. Em relação à média dos cinco anos anteriores à pandemia (1 276 879), o número de óbitos também foi maior em 2022.

De fato, o início de 2022 foi marcado pela terceira onda da pandemia de covid-19 no Brasil, provocada pela variante Ômicron, além de uma epidemia de influenza A, também responsável pelo aumento das mortes entre idosos no período.

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A comparação com o ano pré-pandemia sugere que, apesar da redução das mortes por covid em um contexto de aumento da cobertura da população vacinada, o novo coronavírus seguia bastante letal ainda no primeiro semestre do ano de 2022.

Na verdade, a Organização Mundial de Saúde (OMS) só declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) em 5 de maio de 2023.

Quanto ao local de ocorrência dos óbitos naquele ano, cerca de três quartos (73%) ocorreram em uma unidade de saúde, porcentual menor que o observado em 2021 (76,6%) e mais próximo do padrão observado pré-pandemia. O falecimento em domicílio correspondeu a 20,8% das mortes; e em 6,2% dos casos não houve declaração sobre local do óbito ou o local declarado foi outro.

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