Na casa do advogado, uma tonelada de cocaína

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Por Agencia Estado
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O entra e sai do advogado Domingos Antonio Pereira, de 60 anos, na casa 53 da Rua Ademar Carvalhaes, na Vila Espanhola, zona norte, fazia os vizinhos acreditarem que o local funcionava como um escritório. Ontem, durante uma operação da Polícia Federal, eles descobriram que o imóvel na verdade abrigava um laboratório de multiplicação de cocaína. A droga também era manipulada em outra residência, do mesmo proprietário, situada a apenas 50 metros de distância, no número 384 da Rua Antonio Pinto Vieira. Nas duas casas a polícia encontrou 250 quilos de cocaína e crack, dezenas de litros de éter e outros 400 kg de substâncias como bicabonato de sódio e manitol que seriam misturados à droga, elevando o volume para até uma tonelada. De acordo com o delegado Wagner Castilho, da Polícia Federal, foi o maior laboratório do tipo já encontrado na Grande São Paulo. Além de Pereira, também foi preso em flagrante Francisco Antonio Perez, de 51 anos. ?Ele seria uma espécie de cozinheiro, encarregadode transformar a droga?, disse Castilho. Os acusados não reagiram à prisão. Além da droga foram apreendidas três submetalhadoras, dois rifles, uma escopeta, duas pistolas calibre 9 mm, três revolveres, vasta municão, três veículos e cerca de R$ 100 mil reais. Havia também balanças para medição e chapas de metal usadas para aquecer a pasta de cocaína. Segundo o delegado, a cocaína é originária da Colombia e depois de misturada ou transformada em craque seria distribuída no eixo Rio-São Paulo ou contrabadeada para a Europa. Os policiais não tiveram dificuldade para encontrar as provas do crime. A droga estava espalhados pelos cômodos, em armários, embaixo das camas, e panelas sobre o fogão. Não havia nenhum esconderijo especial, e o cheiro de droga impregnava o ambiente. ?Eles não demonstraram nenhum preocupação em ocultar o que estavam fazendo. Esse destemor é um desafio à sociedade e seus valores?, afirmou Castilho. As investigações que levaram à descoberta dos traficantes foram conduzidas pelo serviço de inteligência da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal e consumiram 3 meses de trabalho. ?Não podemos revelar detalhes, mas não foi denúncia anônima e sim um levantamento minucioso que exigiu dedicação e paciência.? De acordo com Castilho, outras pessoas envolvidas já foram identificadas e devem ser presas em breve. Carros luxuosos ? Vizinhos contaram que Domingos Antonio Pereira passou a freqüentar a região há cerca de 4 anos. Ele pouco conversava e chamava a atenção pelos carros luxuosos que costumava dirigir. ?Ele já apareceu por aqui com um Vectra, um Honda Civic, um Ômega, um Eclipse e um Golf. Ele falava pouco, com sotaque carioca. Conversamos uma única vez e ele disse que morava no Horto Florestal. Também contou que freqüentava a Escola de Samba Unidos do Peruche, e que tinha sido casado duas vezes?, revelou um morador. O Honda Civic e o Golf, com placas do Rio de Janeiro foram apreendidos na operação, além de uma kombi que pertencia à Francisco Antonio Perez. Por causa dos carros, Pereira chegou inclusive a discutir com a vizinhança. ?Ele achava que tinha direito a uma vaga na rua e se alguém parasse lá, ele procurava o dono para reclamar. Os problemas ocorreram na Rua Ademar Carvalhaes, onde a casa possuia apenas uma vaga na garagem. O imóvel da Rua Antonio Vieira Pinto era mais amplo. A área usada como laboratório ficava nos fundos de um imenso galpão,que já abrigou um depósito de móveis. Hoje ele exibe uma faixa de ?aluga-se?, mas segundo um funcionário da imobiliária, os candidatos a inquilinos acabaram desistindo. ?Deixamos vários recados para o dono entrar em contato conosco, pois havia gente interessada em alugar, mas ele nunca retornava as ligações?, justificou. Na descrição dos vizinhos, Francisco Antonio Perez era mais extrovertido. ?Parecia boa praça. Meio calvo, alto, forte de pele bem clara. Ele sempre cumprimentava as pessoas?, contou um vendedor de produtos de limpeza. Entre os vizinhos dos dois traficantes havia dois policiais, um civil e um militar. Segundo familiares eles nunca desconfiaram das atividades da dupla. Se condenados, Perez e Pereira podem pegar de 3 a 15 anos de prisão. Somente este ano a Polícia Federal de São Paulo apreendeu mais de 3 toneladas de cocaína.

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