A presidente Dilma Rousseff aproveitou seu discurso na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira, para "repudiar" o preconceito contra o islamismo, assim como o ataque à missão diplomática dos EUA que resultou na morte do embaixador norte-americano na Líbia. A presidente se referiu a um filme que satiriza o profeta Maomé, que gerou uma onda de manifestações contra missões diplomáticas norte-americanas em países muçulmanos. Na mais grave delas, o embaixador norte-americano na Líbia foi morto no consulado do país na cidade de Benghazi. O episódio foi classificado pela presidente como "ato de terrorismo". "Registro nesse plenário nosso mais veemente repúdio à escalada de preconceito islamofóbico em países ocidentais", disse a presidente. "Com a mesma veemência, repudiamos os atos de terrorismo que vitimaram diplomatas americanos na Líbia." Junto com o embaixador norte-americano, morreram outros três norte-americanos no ataque em Benghazi. Dilma também condenou a violência na Síria, onde rebeldes enfrentam há 18 meses forças do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, e pediu para que as partes envolvidas dialoguem. "Hoje assistimos consternados a evolução da gravíssima situação da Síria. O Brasil condena, nos mais fortes termos, a violência que continua a ceifar vidas nesse país", disse a presidente. "Lanço um apelo para as partes em conflito que deponham as armas e juntem-se aos esforços de mediação do representante especial da ONU e da Liga Árabe. Não há solução militar para a crise síria." Assim como fez em seu discurso à Assembleia-Geral no ano passado, Dilma defendeu o reconhecimento da Palestina como membro pleno das Nações Unidas e o fim do embargo dos Estados Unidos contra Cuba. "Cuba tem avançado na atualização de seu modelo econômico e, para seguir em frente nesse caminho, precisa do apoio de parceiros próximos e distantes", disse. "É mais do que chegada a hora de por fim a esse anacronismo (embargo) condenado pela imensa maioria dos países das Nações Unidas." A presidente também reiterou a defesa das reformas das instituições multilaterais de governança global, em especial do Conselho de Segurança das Nações Unidas. "O fortalecimento das Nações Unidas é extremamente necessário nesse estágio em que estamos, onde a multiplicidade abre uma nova perspectiva histórica. É preciso trabalhar para que assim seja", afirmou.
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