O Acqua Mundo, aquário na orla da Praia da Enseada, no Guarujá, oferece desde 15 de novembro uma nova experiência literalmente imersiva no mundo oceânico com um mergulho de capacete desenvolvido especialmente para o local. A atração custa R$ 200 e pode ser feita por crianças a partir dos 8 anos de idade ou com 30 centímetros de largura dos ombros que tenham a vontade e coragem de nadar perto de tubarões, arraias, peixes de água salgada e tartarugas gigantes.
O modelo do capacete, uma mistura entre o escafandro e o peixe diabo negro do mar (aquele com uma “lâmpada” acoplada na testa), foi implementado pelo bombeiro aposentado Luciano Pires, que hoje trabalha como instrutor de mergulho e responsável técnico pela atração no Acqua Rio. É possível encontrar outros semelhantes em países da América do Sul ou até passeios parecidos em outros aquários do País, mas este e desta forma, ele garante, são únicos do local.
A “caminhada subaquática” dura de 10 a 15 minutos em uma profundidade inferior a três metros de água. Seu grande diferencial é que não precisa saber nadar ou ter curso de mergulhador para fazê-la, uma vez que o capacete feito com fibra de vidro e reforçado com camada isolante garante um sistema interno de lastro e possibilita a flutuação negativa. O mecanismo mantém o oxigênio mesmo submerso, o que permite também o uso de lentes de contato ou óculos, se for necessário.
Pires acompanha a caminhada do início ao fim e, além do capacete, os clientes também usam um cinto com pesos amarrados na cintura e um dispositivo inflável acoplado ao pulso, para o caso de emergências. “O passeio foi desenvolvido com todas as técnicas possíveis de segurança, dentro desse ambiente confinado, respeitando os animais e o espaço que é deles. A gente faz a interação com esses animais conforme o andamento do mergulho”, garante.
Tubarão, te amo
O Acqua Mundo recria dezenas de ecossistemas do Brasil e do mundo, entre manguezais, rios amazônicos, pinguinários e praias arenosas. O mergulho com caminhada subaquática é feito no tanque que simula o mar aberto com seis placas de vidro blindadas e 800 mil litros de água trocados semanalmente. Nele estão tartarugas verdes, a segunda maior espécie do mundo; dezenas de arraias de todos os tamanhos possíveis; pequenos tubarões-bambu, comuns nos oceanos asiáticos; e famílias de tubarões-lixa, que podem chegar a 3 metros de comprimento pelo litoral brasileiro.
Por incrível que pareça, os tubarões são os animais mais calmos do tanque. Quando a reportagem participou da experiência, quase tocou em um filhote de tubarão-lixa que descansava no canto, mas foi enganada pela refração da luz na água e no vidro do capacete e demorou demais para alcançar o bicho, que cansou de esperar.
As arraias, por outro lado, são mais caóticas, velozes, exibidas e destemidas. Na hora da alimentação, feita minutos antes das “caminhadas”, elas se amontoam em cima do mergulhador, algumas envolvendo o seu corpo num abraço, outras tentando se alimentar da sua roupa com mordidinhas (fique tranquilo: espécies de água salgada não têm veneno nas presas).
Muitas passam raspando pelo corpo, mas como elas nadam muito rápido, é mais seguro não tentar tocá-las. Segundo um dos monitores, a cauda é parte proibida do corpo de uma arraia porque elas podem interpretar esse contato como uma ameaça, despertando seu senso automático de defesa e fazendo com que ela te ataque liberando o ferrão ou usando-o para “chicotadas” que podem ser letais, dependendo de onde atingem.
Infelizmente, a tartaruga verde e gigante que habita o mesmo aquário estava cansada na hora do mergulho, talvez sob efeito da chuva gelada que entrava no Acqua Mundo por goteiras no teto. Ela ficou restrita ao outro lado do tanque, onde não é possível acessar pela caminhada.
“Eu costumo dizer para os mergulhadores que quem interage com a gente são os animais. Então, se eles se aproximarem, tudo certo. Se não, mantemos experiência com segurança para todos aqui”, afirma Pires, que classifica o mergulho como uma “sensação e vivência subaquáticas inimaginável para quem não tem contato com isso”.
A pequena Bianca Santos, de 12 anos, só tinha chegado perto de um peixe pelo aquário que tem em casa. “Lá é bem de boa, os peixes são bem calmos. A pressão no ouvido é um pouco alta, mas dá para respirar normalmente”, conta a menina, que participou do mergulho acompanhada do pai, Jonathas Santos, de 36 anos, e estava com medo de ser mordida ou se afogar no início por não saber nada, mas agora garante: “Faria de novo”.
Antes do mergulho, é preciso fazer um briefing com Pires sobre as normas de segurança da caminhada, as espécies marinhas que vivem no tanque e como proceder no contato com elas. Além de aventura, a atração tem assim um caráter também educacional.
Vilão de obras que vão de A Pequena Sereia ao clássico de 1975 dirigido por Steven Spielberg, tubarões têm sido vítimas de caça desordenada no último século. Segundo estimativa da World Wide Fund for Nature (WWF), 114 das 500 espécies documentadas já estão sob algum nível de ameaça de extinção.
Dicas de segurança e conforto
De acordo com Pires, o público da “caminhada subaquática” é formado 70% por crianças e “tudo o que possa venha a acontecer de inseguro já é mitigado”. Ainda assim, é prudente fazer o passeio com calma e atenção por onde pisa, uma vez que algumas arraias podem se esconder ou descansar no tablado montado no fundo do tanque.
Apesar de o Acqua Mundo também disponibilizar roupas de neoprene próprias para mergulho, também é aconselhável levar seu próprio equipamento, mesmo que alugado, assim como um par de chinelos, um kit de higiene pessoal para o banho pós-mergulho e uma toalha de banho.
Serviço
Caminhada subaquática no Acqua Mundo
Endereço: Av. Miguel Estefno, 2001 - Jardim Três Marias, Guarujá - SP, 11440-532
Dias e Horários: a partir das 13h, de segunda-feira a domingo
Valor: R$ 200 por pessoa (incluso vídeo e fotos)
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