Não dá para explicar porque a economia do Brasil cresce tão lentamente, diz Dilma

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Por BRIAN WINTER

A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira que não pode explicar completamente porque o Brasil está crescendo tão lentamente, atribuindo em parte os problemas ao "mau humor" dos mercados em lugar de qualquer necessidade urgente de reformas. Em entrevista de quase três horas a um pequeno grupo de jornalistas estrangeiros, Dilma se mostrou satisfeita em termos gerais com o curso de seu governo em um momento em que busca obter um segundo mandato como presidente nas eleições de outubro, embora o Brasil esteja prestes a passar por um duro teste na Copa do Mundo que se inicia na semana que vem. A economia brasileira teve um crescimento médio de apenas 2 por cento desde que Dilma assumiu o governo em 2011, cerca de metade do ritmo que fez do país um queridinho de Wall Street na última década. Muitos investidores e líderes empresariais dizem que são necessárias reformas tributária e trabalhista, entre outras, para destravar uma nova era de crescimento. Mas falando em meio a drinques e um jantar no Palácio do Planalto, Dilma disse que as condições domésticas estão maduras para um crescimento saudável e deu a impressão de minimizar a necessidade de grandes mudanças econômicas se for reeleita. Segundo ela, não dá para explicar porque o Brasil não está crescendo mais rápido. E acrescentou que todas as condições para o Brasil não só crescer mas crescer bem estão dadas. Dilma disse que parece haver um clima de mau humor em relação ao Brasil hoje, mas que não entendia o porquê disso. Perguntada sobre a possibilidade de reformas num eventual segundo mandato, ela observou que cortou muitos tributos como presidente mas que um consenso mais amplo no Congresso é necessário para se fazer uma reforma tributária abrangente. Dilma lidera com uma boa vantagem as pesquisas de intenção de voto sobre seus principais adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), principalmente devido ao apoio dos mais pobres. Ela disse que sua principal "fonte de orgulho" é ter continuado a reduzir a pobreza e a desigualdade, contrastando fortemente com a tendência na Europa ocidental e com os Estados Unidos. Dilma passou boa parte do encontro citando entusiasticamente detalhes dos novos projetos de infraestrutura, falando, em dado momento, por 10 minutos sobre cisternas, enquanto um assessor nervosamente aguardava para informar que o jantar estava pronto. Ela reconheceu a frustração do público com os atrasos em alguns projetos associados com a Copa do Mundo, como linhas de trens e metrôs. Essa irritação contribuiu para protestos de rua que chegaram a ser explosivos ao longo do último ano, e que podem se repetir durante o torneio. "Ninguém faz (um metrô) em dois anos. Bom, talvez a China", disse com um sorriso, classificando os atrasos como "o custo da nossa democracia". Perguntada sobre inflação, Dilma enfatizou que ela está desacelerando, como costuma ocorrer nesse período de cada ano. Ela descartou qualquer mudança na meta de inflação de 4,5 por cento, com uma tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Aécio já falou em reduzir a margem de tolerância, enquanto Campos defende a redução da meta mais à frente. Dilma ressaltou que o câmbio teve seis meses de "total estabilidade". Na terça-feira, o dólar teve uma leve alta de 0,12 por cento, fechando a 2,2782 reais, depois de atingir nos últimos dias seu patamar mais altos em dois meses. No campo da política externa, Dilma disse que está interessada em reprogramar sua visita de Estado a Washington, cancelada no ano passado depois do vazamento de documentos da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) mostrando que os Estados Unidos tinham espionado tanto o governo como outros cidadãos brasileiros. Dilma afirmou que é "muito importante" retomar a relação Brasil-EUA, que ela classificou como uma "parceria estratégica".

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