Three, two, one!" A moto acelera a até 95 km por hora e sobe desenhando um arco. Percorre um trilho sinuoso que termina mais uma vez ladeira acima. Agora rumo ao escuro. Ali começa a disputa na montanha-russa Tron Lightcycle Run, nova atração da Disney em Orlando, do time dos visitantes (o azul) contra o laranja, com oito portais de energia para o veículo atravessar no mundo digital chamado The Grid, em busca da vitória.
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Fui convidada pela Disney a experimentar a atração antes da abertura para o público, prevista para daqui a duas semanas, na terça 4 de abril. Abaixo você vê a captura de uma foto, mas vale ver o vídeo da minha primeira vez na Tron, com a ventania no rosto no momento do lançamento. A novidade fica dentro de Tomorrowland, ao lado da Space Mountain, aberta em 1975 e até hoje uma das mais procuradas no Magic Kingdom. Se você planeja fazer turismo lá, é interessante ir nas duas e observar como a tecnologia das atrações de parques temáticos evoluiu.
Inovadora para a época e ainda atraente para fãs de adrenalina, a Space Mountain dá lá seus trancos ao longo da jornada no escuro. Já a montanha-russa Tron - assim como a Guardians of the Galaxy, deliciosa experiência imersiva inaugurada no Epcot em 2022 - desliza sobre os trilhos. Curti a sensação de liberdade de pilotar rapidamente, mas com a segurança de nunca cair (nem pensar em fazer na vida real qualquer uma daquelas manobras invocadas).
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"Essa montanha-russa é a mais rápida entre todos os parques Disney no mundo, chegando entre 90 km/h e 95 km/h. Mas acaba sendo familiar também porque a altura mínima exigida é de 1,22 m", afirmou Ana McCarty, porta-voz da Disney para o mercado brasileiro em entrevista, durante um evento em março com a mídia de várias partes do mundo, para divulgar a novidade no parque da Flórida.
Na moto veloz, de dia ou à noite
A princípio fiquei com medo de ser muito radical para mim a atração, por causa da posição em que você fica. É muito diferente do tradicional encontrado em montanhas-russas, sentado com a trava na frente do tronco. Na montanha-russa Tron, você monta no lightcycle (veículo em formato de moto), projeta o corpo para frente e puxa o guidão na sua direção. Esse movimento aproxima as travas das costas e das batatas das pernas. "É extremamente segura, mas te dá uma sensação diferente, traz um pouco mais de emoção", completou Ana. Há carrinhos para ir sentado, caso o corpo não caiba no espaço máximo do brinquedo.
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Quando você é lançado durante o dia tem uma experiência diferente de andar na atração à noite. "Temos esse bonito teto, a música, e você sai da luz do dia diretamente para o escuro", disse Missy Renard, diretora criativa da Walt Disney Imagineering, empresa do grupo responsável por design e criação nos parques temáticos. "De noite, é uma explosão de cores com os sons combinados. Temos 1200 luzes nesse teto externo. Todas sincronizam com os tons dramáticos da música. É uma experiência completamente diferente."
Eu andei algumas vezes durante o dia e gostei do contraste do mergulho no escuro. Também achei interessante conseguir ver claramente os trilhos enquanto a moto (o carrinho) subia no trecho externo da atração. À noite só experimentei a Tron uma vez, durante a festa de lançamento na Tomorrowland. A luz azulada fica mais intensa e dá para enxergar melhor os hexágonos acendendo com a passagem do carrinho. Mas arrisco dizer que isso faz mais diferença no visual, para quem está de fora, do que para quem está pilotando o lightcycle. As fotos, seguramente, ficam mais chamativas depois que escurece.
Tron só com fila virtual ou expressa
"Nos primeiros meses, para visitar essa atração, você vai poder utilizar a virtual queue (fila), que pode ser requisitada às 7h da manhã ou às 14h. Não vai ter o que a gente chama de standing line queue, que é só você entrar e ficar na fila", explicou Ana. Outra opção é comprar uma Lighting Lane individual, a fila expressa para ir uma vez numa atração. Tem custo avulso e varia conforme o dia.
Atualmente nos parques do Walt Disney World, para ir na Guardians of the Galaxy e na Tron sem pagar Lighting Lane, é preciso conseguir um lugar na fila virtual. As duas atrações mais novas do complexo foram idealizadas a partir de franquias do cinema. A nova montanha-russa do Magic Kingdom é inspirada nos filmes Tron - Uma Odisseia Eletrônica (1982) e Tron - O Legado (2010).
"Fazemos uma imersão dos nossos visitantes no The Grid. Eles são digitalizados, com o laser, como você encontra nos filmes. Aí eles passam pelo disco de identidade, que dá energia para o lançamento", explicou a diretora da Walt Disney Imagineering, que não consegue se lembrar de quantas vezes viu os filmes de Tron.
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Lançada na Disney de Xangai em 2016, juntamente com a inauguração do parque na China, a montanha-russa Tron sofreu poucas adaptações para seu lançamento em Orlando. A concepção é basicamente a mesma, segundo Missy. "Expandimos Magic Kingdom em dez acres (cerca de 40.500 m²), e algumas coisas são únicas aqui", disse, exemplificando com a locomotiva a vapor, que passa ao lado. "Para combinar com a Tomorrowland, temos mais branco na cúpula do que os tons de azul vistos em Xangai."
CHECK OUT
Tchau para as estátuas douradas
A celebração dos 50 anos do Walt Disney World Resort, o complexo na Flórida, termina agora, dia 31 de março. Com isso, as 50 estátuas douradas com personagens, espalhadas pelos quatro parques temáticos, devem sair de cena. Uma pena, acho que podiam ficar. É só ir adicionando uma para cada ano (já faltariam duas porque a criação foi em 1971). Como bem me disse Eduardo Maia, colega jornalista que estava na mesma viagem, virei a "louca da praça", dando tchauzinho para as estátuas. Já que eu estava usando a pulseira Disney da nova geração, queria ver o que acontecia: aos acenos os personagens respondem com uma fala ou uma música.
A partir de abril, o foco passa a ser a festa dos 100 anos de fundação da Walt Disney Company, que já está sendo celebrada na Disneyland, na Califórnia. Os produtos comemorativos nas lojinhas deixam de ser azul-escuro com dourado, para ganhar tons de lilás e prata.
Valor dos ingressos e lotação nos parques
Durante a Conferência de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações do Morgan Stanley, em março deste ano, Bob Iger, que voltou ao posto de CEO da Walt Disney Co. em novembro, admitiu que os preços dos ingressos dos parques subiram muito. Como escreveu a repórter Meg James, no jornal Los Angeles Times, a companhia busca uma reestruturação do negócio em todas as suas empresas (caso também do streaming Disney+ e dos canais ESPN).
Nos parques, uma das metas é diminuir a lotação e melhorar o aproveitamento das atrações pelo público. "Uma das coisas que a gente está fazendo é controlar a capacidade, para ter certeza de que essa experiência seja realmente inesquecível e que os nossos visitantes consigam aproveitar toda a magia da Disney enquanto estiverem aqui", afirmou Ana, na entrevista no Magic Kingdom.
QUEM FAZ
Nathalia Molina viaja desde os 5 anos, adora café da manhã e aprecia um bom serviço no turismo. Essencialmente urbana, também tem seus dias de paisagem natural. É jornalista de viagem há 20 anos e ganhou 4 vezes o prêmio da Comissão Europeia de Turismo. Em 2011, criou o Como Viaja: acompanhe no Instagram @ComoViaja e em comoviaja.com.br
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