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Costa do Sauípe vai ganhar um parque aquático como o de Rio Quente

Grupo Aviva planeja que o Hot Park Baía das Tartarugas esteja em funcionamento até 2027 e estuda aquecer a água usada nas atrações na Bahia

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Foto do author Nathalia Molina

A Costa do Sauípe vai ganhar um parque aquático nos moldes do Hot Park do Rio Quente. Dona do complexo no norte da Bahia e do Rio Quente Parques e Resorts, em Goiás, a Aviva prevê que o atrativo esteja em funcionamento até 2027 e estuda aquecer a água a ser usada nas atrações nele. A empresa, que espera ultrapassar R$ 1 bilhão de faturamente em 2023, investe na diversão das famílias para crescer.

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Nova piscina na Costa do Sauípe, uma das mudanças na estrutura - Foto: Aviva

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"A Aviva já nasce com essa proposta. A gente deixa de olhar só para vender quarto de hotel e ter uma boa gastronomia, e passa a entender a nossa principal entrega como entretenimento", afirma Miguel Diniz, gerente geral de Experiência, Marketing e Vendas da Aviva, nesta Entrevista da Semana. Criada em 2018, com a compra de Sauípe pelo grupo que lá em 1962 começou na goiana Pousada do Rio Quente, a empresa tem no centro das suas atividades o triângulo formado por natureza, hospitalidade e lazer.

A companhia investiu em torno de R$ 100 milhões em Sauípe, em mudanças estruturais e novas experiências para os 700 mil hóspedes anuais, caso do retrofit na estrutura do hotel Grand Premium Brisa, da piscina de borda infinita e de áreas na Vila Nova da Praia. O Hot Park Baía das Tartatugas, na Bahia, terá como protagonista Marina, personagem da infantil Turminha da Zoeira.

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Tartaruga Marina, personagem do futuro parque aquático na Bahia  

No Centro-Oeste, com cerca de 1,5 milhão de hóspedes por ano, a Aviva comemora os 25 anos do Hot Park com alguns feitos. Pelo 10º ano consecutivo, a atração está entre os parques aquáticos mais visitados do mundo, segundo a Themed Entertainment Association (TEA), ficando em 9º lugar no ranking mundial e 3º na América Latina. Em 2022, recebeu 1,43 milhão de visitantes, o que representa um aumento de 53% no total dos frequentadores em relação a 2021, como aponta o relatório da TEA.

Além disso, o parque aquático do grupo em Goiás foi reconhecido como um dos melhores do mundo pelo prêmio Travellers' Choice, da plataforma TripAdvisor, pela 2ª vez seguida. O Hot Park cresceu acima da média dos parques da lista da TEA e já alcançou os números de 2019. Janeiro de 2023 foi o melhor mês desde sua abertura, em 1997. Foi quando houve a inauguração do toboágua Turbilhados. "É um equipamento importado do Canadá", conta Diniz sobre a nova atração, entre as cerca de 15 do parque, com área de 55 mil m². "Tem uma capacidade de 1.000 pessoas por horas, é algo grandioso."

Turbilhados, toboágua novo no Hot Park, em Goiás  

Parte dos bons resultados da companhia vêm do timeshare, sistema que dá o direito de uso de um imóvel turístico por um período. Pioneiro nesse modelo de negócio no Brasil, o grupo oferece um clube de férias, para suas propriedades. No primeiro semestre de 2023, o Aviva Vacation Club rendeu R$ 346 milhões em produtos de fidelização, um aumento de 45% em relação ao mesmo período de 2022.

Leia mais na Entrevista da Semana com o gerente geral de Experiência, Marketing e Vendas da empresa:

Miguel Diniz, do Marketing da Aviva - Foto: Divulgação

O que há de novidade na Aviva? O grupo tem o resort, a antiga Pousada do Rio Quente, desde 1964. Depois veio o Hot Park, que fez 25 anos já. A gente tem o clube de férias, que completa 24 anos, um baita negócio de timeshare, que nos deu uma saúde financeira e a gente fez a aquisição da Costa do Sauípe. A Aviva nasceu por isso. Afinal, a gente dobrou de tamanho de um dia para o outro. A Costa do Sauípe tem uma história muito legal, de mudança do destino. Na região, é a segunda grande onda; a primeira foi a Praia do Forte. Mas operou pelo menos 16, 17 anos no prejuízo. Quando a gente chegou com a Aviva, com uma gestão hoteleira, uma visão financeira muito sólida, logo no primeiro ano conseguiu dar R$ 10,5 milhões de lucro e vem reerguendo o negócio.

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Vocês pegaram logo a pandemia. Muita gente foi para lá para trabalhar por um longo prazo? A gente sentiu mais em Sauípe do que no Rio Quente a questão do deslocamento aéreo. As viagens voltaram muito regionais, né? Então esse foi o momento de aproximar desse público. A gente começou muito mais a falar com o soteropolitano, com o público até Sergipe. Nesses 5 anos, a gente vem fazendo muito investimento, na casa dos R$ 100 milhões. A gente renovou toda a orla. O retrofit do hotel Grand Premium Brisa foi feito todo em 2019. Aí, com a pandemia, a gente deu uma parada em alguns momentos. Agora, recentemente, a gente inaugurou uma segunda fase de serviços desse retrofit. Teve uma primeira fase de infraestrutura. A gente botou o hotel abaixo, fez uma piscina de borda infinita. Agora a gente entrega um serviço muito maior. A grande estratégia da Aviva é centrada no entretenimento. Ela nasce com essa proposta. A gente deixa de olhar só para vender quarto de hotel e uma boa gastronomia e passa a entender a nossa principal entrega como entretenimento.

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Na Costa do Sauípe, vocês têm necessidade de investir no entretenimento porque no Centro-Oeste a natureza já se incumbiu disso? Sauípe nasceu e foi além do tempo. Acho que não deu certo lá trás até por isso. Já nasceu, por exemplo, com uma visão da Vila Nova da Praia, um centro de entretenimento noturno. Poxa, isso é o projeto do CityWalk (área dos parques da Universal Orlando), da Downtown Disney (atualmente chamada de Disney Springs, também é o lugar de entretenimento do complexo). Sauípe pensou nisso lá atrás, é uma coisa bem de vanguarda. Hoje um dos pontos altos que a gente valoriza é o fator Bahia. Somos o único grupo brasileiro ali na costa. A Bahia é mais que um destino, é um baita valor que o Brasil tem, então a gente está cada vez mais se apropriando disso. O nosso cliente tem acesso a um programa, vamos dizer assim, que se chama Na Bahia Tem. Junto com a Grow, um receptivo tradicional no destino, a gente pensou em experiências autênticas. Uma coisa que a gente está resgatando neste ano são os eventos (o complexo foi conhecido por Sauípe Folia e Sauípe Fest, por exemplo). A gente está reformulando essa proposta, para uma mais família, olhando para o nosso público. Sauípe deve voltar a ser palco de grandes eventos.

A ideia é fazer um Carnaval fora de época com uma pegada mais família? Exatamente. Vou dar um exemplo de um nome que já está até confirmado para este ano ainda: o Bell (Marques). Ele atrai multidões, mas, quando você faz um recorte do público de 35, 45 anos, até mais, ele tem uma memória afetiva muito forte dessa época (do sucesso com o grupo Chiclete com Banana, nos anos 1980 e 1990). A gente quer resgatar isso. Nada melhor do que você fazer isso num ambiente de Carnaval, mas com toda a segurança e infraestrutura. Você se cansou? Vai para o quarto, vai dormir.

Hoje que público Sauípe recebe mais? Paulista? Ainda é o Sudeste. A gente teve alguma mudança durante a pandemia. Passou a receber mais baiano e sergipano. Mas São Paulo, Minas e Brasília são os maiores emissores.

Vocês estão mantendo a Vila Nova da Praia sempre com algum evento? Ela tem uma vida noturna muito legal. Ali tem as lojinhas, três restaurantes temáticos, música ao vivo, o Circo da Vila, onde ocorrem espetáculos todos os dias. Tem uma igrejinha. É um espaço para tirar fotos. Você está no litoral, à noite você vai querer curtir. As famílias ficam ali, dando volta. A gente meio que retrata ali o Pelourinho, aquela experiência de uma arquitetura mais antiga. Quando a gente entrou, quis fincar realmente a bandeira no entretenimento. A maior parte dos nossos investimentos foi voltado para isso e o mercado de eventos. A gente revitalizou as salas. A gente construiu a quermesse, com roda-gigante, que remete a uma festa muito importante, o São João. Então Sauípe tem São João o ano inteiro. Tem a vila assombrada. Em tudo a gente bota um pouco de história. A gente entende que o storytelling faz parte. O parque Baía das Tartarugas, em Sauípe, deve nascer todo temático.

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Como será essa novidade? No Rio Quente, a gente tem o Hot Park há 25 anos, superconsolidado. Desde o projeto de aquisição da Costa do Sauípe, a gente entendeu que faria muito sentido, que a região precisa de um atrativo como esse. Já está em projeto. A pandemia mudou um pouco o calendário. A gente teve de reprecificar todo o parque, repensar as fases. Mas é basicamente o parque que a gente tem no Rio Quente, com o mesmo nome inclusive. Vai ser Hot Park Baía das Tartatugas. A gente vai contar uma história da Marina, uma das nossas personagens, que é uma tartaruguinha. A região tem o Projeto Tamar (Praia do Forte), é um ponto com um número gigantesco de desova. A gente conta a história da tartaruga-marinha, que sai, viaja o mundo e volta para o mesmo lugar para a desova. No parque, vai acontecer a mesma coisa. Você vai entrar, e a Marina vai começar a te contar essa história. As atrações passam pelo mundo, e ela volta para Sauípe. Dentro dessa preocupação de tudo ter uma história, a gente inaugurou em janeiro o Turbilhados, uma mega atração no Hot Park, de R$ 31 milhões. É um equipamento importado do Canadá. Há alguns anos a gente inaugurou o Xpirado. É uma vila de pescadores que retrata o lado sombrio da nossa sociedade, que não cuida da natureza. Essa vila é engolida por piranhas porque a gente degradou a natureza. É um tobágua, super-radical e alto, muito rápido. No planejamento, a gente já tinha o Turbilhados, que são duas experiências coloridas, o lado positivo, quando a gente consegue preservar. Ele tem uma experiência conjunta, uma atração radical também, que você vai em quatro, três, até duas na boia. Mais do que descer no toboágua, você entende a história, tem atividades digitais. Tem uma capacidade de 1.000 pessoas por horas, é algo grandioso.

Em Sauípe, a água vai ser quente também? A gente está estudando, mas a ideia é que, sim, a gente tenha o aquecimento. Em Rio Quente, é um processo geotérmico. A água da chuva cai na serra de Caldas, cheia de fendas. Ela entra e, depois de um processo de 100 anos, volta. Ela nasce quente. Não existe a perfuração do lençol. É um processo todo natural.

Já tem uma data prevista para começar a obra do parque em Sauípe? A gente tem uma meta de até 2027 cumprir o tempo do nosso planejamento estratégico e estar com o parque em funcionamento.

Como estão os resultados da Aviva tem novidade em resultados? O processo de pandemia afetou todo mundo, mas a gente está conseguindo sair um pouco mais rápido. O setor todo prevê uma recuperação do prejuízo acumulado em 2025, segundo dados da CNC. A gente deve se recuperar neste ano. A gente espera alcançar nosso primeiro R$ 1 bilhão de faturamento.

As viagens de carro são uma tendência que ficou. Antigamente se fazia muito só nos feriados. Agora com a pessoa podendo trabalhar remotamente pelo menos 1 dia da semana ou 2, ela pode ir ao longo do ano. Vocês perceberam isso? Sim, a gente sempre teve ocupações de sexta, sábado e domingo maiores. Mas tem sido uma ocupação máxima nos fins de semana, que é essa escapada.

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A maior parte das vendas antes da pandemia vinha de aéreo? Cresceu muito o terrestre? O pacote é muito forte. Quem está próximo de Salvador acaba sendo privilegiado pela malha aérea. O aéreo está difícil para todo mundo, mas para Salvador é menos complicado. A cidade combina um público corporativo e de lazer, combinação incomum de encontrar. Tem destinos que só dependem do lazer ou do corporativo.

Já o Centro-Oeste é muito pacote? Tem um número de viajantes de carro muito forte. A pessoa sai de São Paulo e dirige até Rio Quente tranquilamente. A gente tem o pacote aéreo, acordo com as companhias, mas tem cliente que é irredutível. Ele tem a caminhonete e quer botar na estrada, que são boas. Rio Quente é muito bem servida, diferentemente do Nordeste.

As pesssoas estão fazendo reservas com antecedência? Na pandemia, as vendas lá para frente despencaram. As pessoas tomavam decisão para a semana seguinte. Depois as coisas começaram a voltar, e hoje a gente tem uma antecipação bem maior do que era. A gente está vendo uma faixa entre 90 e 120 dias, um volume crescendo muito de antecipação. O preço da hotelaria é variável. Quanto antes você compra, está menos ocupado, você paga menos.

 

QUEM FAZ

Nathalia Molina viaja desde os 5 anos, adora café da manhã e aprecia um bom serviço no turismo. Essencialmente urbana, também tem seus dias de paisagem natural. É jornalista de viagem há 20 anos e ganhou 4 vezes o prêmio da Comissão Europeia de Turismo. Em 2011, criou o Como Viaja: acompanhe no Instagram @ComoViaja e em comoviaja.com.br

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