Carolina Pulici, Socióloga e professora do Senac/SPO público fiel de apresentações de dança e de música erudita, assim como de museus e galerias, é em sua maioria das classes altas. Já os mais pobres preferem música sertaneja. As constatações parecem senso comum, mas a socióloga Carolina Pulici estudou para descobrir por que a elite gosta de ir a óperas e nem pensa em curtir um show de tecnobrega.Professora de Sociologia e Filosofia do Centro Universitário Senac de São Paulo, Carolina ouviu, sob a condição de anonimato, 30 moradores dos Jardins e de Alphaville para sua tese de doutorado, O Charme (In)discreto do Gosto Burguês Paulista: Estudo Sociológico da Distinção Social em São Paulo, apresentada ano passado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP."Como as ciências sociais se constituíram pensando especialmente o pobre, pensei que uma pesquisa com representantes dos altos estratos pudesse ter um cunho original", diz Carolina. Ela também usou como fontes manuais de etiqueta, notícias e anúncios de jornais e revistas, estatísticas culturais e observações etnográficas.O mais difícil, segundo a pesquisadora, foi encontrar os personagens, porque ela é "oriunda de uma família de classe média do interior de São Paulo marcada pelo declínio social", conforme escreveu na tese. "Creio que eu não teria conseguido os informantes se não tivesse vivido e estudado em Paris", conta Carolina, cujo fascínio pela sociologia do gosto, concebida pelo francês Pierre Bourdieu, a levou a estagiar por um ano na École des Hautes Études en Sciences Sociales.No trabalho, a socióloga conclui que o confronto de gostos continua formando barreiras na hierarquia social e, assim, contribui para manter a ordem simbólica já estabelecida.
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