O que acontece se a mina da Braskem em Maceió colapsar? Veja perguntas e respostas

Cidade alagoana entrou em estado de emergência esta semana depois de detectar tremores em região onde a petroquímica fazia extração de sal-gema até 2019

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Por Redação
Atualização:

A cidade de Maceió, em Alagoas, decretou estado de emergência esta semana em decorrência do risco iminente de colapso de uma mina da petroquímica Braskem, que até 2019 fazia a extração de sal-gema em 35 poços abertos na cidade.

A situação, considerada estável até essa semana, já estava sendo monitorada há anos por conta da possibilidade de movimentação do solo. Porém, na noite da última quarta-feira, 29, tremores voltaram a ser sentidos na região, o que chamou atenção das autoridades locais.

Imagem da área de risco iminente de colapso em mina da Braskem no bairro do Mutange, em Maceió.  Foto: Ailton Cruz/Estadão

A Defesa Civil do município afirma que esse colapso pode ocorrer a qualquer momento, embora os danos não sejam tão graves como previsto anteriormente (veja abaixo). A área onde a mina está localizada já foi isolada e 23 famílias, por decisão da Justiça, tiveram de ser evacuadas.

Confira o que se sabe sobre o caso até agora.

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Onde fica a mina que pode desabar e o que há nela?

A mina 18 fica localizada a mil metros de profundidade, abaixo do bairro Mutange, próximo ao antigo Centro de Treinamento do CSA e perto também da Lagoa Mundaú. A mina 18 é uma das 35 cavidades abertas pela Braskem para a exploração e extração de sal-gema, um cloreto de sódio utilizado para produzir soda cáustica e policloreto de vinila (PVC).

Qual o tamanho da mina e qual o tamanho da cratera em caso de colapso?

A mina possuía 500 mil metros cúbicos, segundo a prefeitura de Maceió. E não é possível prever, ainda, o tamanho da cratera que se formará com o possível colapso.

Qual o tamanho do estrago se a mina 18 entrar em colapso?

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O coronel Moisés Melo, coordenador da Defesa Civil de Alagoas, afirmou neste sábado que, embora a mina da Braskem possa colapsar a qualquer momento, a cratera resultante deverá ser preenchida com água da Lagoa Mundaú, que não resultará em danos tão grandes quanto o esperado.

“Não vai ser uma cratera no meio da cidade, não vai gerar terremoto, tsunami, nada disso. Essa cratera será na sua maioria submersa, preenchida de imediato pela água da Lagoa”, disse ao canal de notícias CNN Brasil.

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Alameda Pedro Suruagy, no bairro do Pinheiro em Maceió em 2011 e em 2022; região foi afetada pelo risco de colapso de minas da Braskem. Foto: Reprodução/Google Street View

Há um plano para ser executado caso a mina venha a colapsar?

Sim. De acordo com a prefeitura de Maceió, existe um plano de contingência e outro que foi produzido esta semana pelo gabinete de crise.

Há a possibilidade de outra mina entrar em colapso?

Segundo a prefeitura de Maceió, essa possibilidade é remota.

Como está a situação no momento?

Neste sábado, a Defesa Civil de Alagoas informou que detectou um novo tremor de terra de magnitude 0,89 a cerca de 300 metros de profundidade da cidade durante a madrugada. Outro, de 0,39, já havia acontecido na noite de sexta-feira, 1º.

O sismo foi detectado a cerca de 300 metros de profundidade, o que indica que a mina subiu em direção à superfície, e, por isso, pode colapsar a qualquer momento, segundo o órgão. Os cálculos indicaram na sexta que o deslocamento vertical acumulado da mina já chegou a 1,42 metro e a velocidade vertical foi de 2,6 centímetros por hora.

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Mas, conforme o coronel Moisés Melo, coordenador da Defesa Civil de Alagoas, a cratera resultante deverá ser preenchida com água da Lagoa Mundaú, que não resultará em danos tão grandes quanto estava sendo previsto.

Há quanto tempo esses problemas acontecem?

Os problemas na capital alagoana começaram em 3 de março de 2018, quando um tremor de terra causou rachaduras em ruas e casas e o afundamento do solo em cinco bairros: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e em uma parte do Farol. Mais de 55 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas naquele ano.

Por conta de rachaduras que surgiram em casas e nas ruas de alguns bairros da cidade, as 35 minas da Braskem abertas para a extração de sal-gema começaram a ser fechadas em 2019. Cinco anos depois, algumas ainda encontram-se abertas. As operações na região começaram em 1976, e desde 2010 pesquisadores já alertam sobre os riscos da movimentação do solo provocada pela realização da atividade mineradora.

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Quantas e quais minas foram preenchidas?

Segundo a prefeitura de Maceió, três minas foram preenchidas completamente (7, 17, 19), e seis minas tem previsão de serem preenchidas totalmente até 2025. (4, 27, 11, 25, 2, 18). Veja o raio-x dos poços abaixo.

Mina 18, origem do risco, se move a 2,6 cm por hora e pode colapsar a qualquer momento Foto: Arte/Estadão

O que diz a Braskem?

A Braskem declarou em nota que “continua mobilizada e monitorando a situação da mina 18, localizada no bairro do Mutange, tomando todas as medidas cabíveis para minimização do impacto de possíveis ocorrências”. A companhia acrescenta que “todos os dados colhidos estão sendo compartilhados em tempo real com as autoridades, com quem a Braskem vem trabalhando em estreita colaboração”.

Ainda segundo a empresa, a extração de sal-gema em Maceió foi totalmente encerrada em maio de 2019. “A Braskem vem adotando as medidas para o fechamento definitivo dos poços de sal, conforme plano apresentado às autoridades e aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Esse plano registra 70% de avanço nas ações, e a conclusão dos trabalhos está prevista para meados de 2025″, diz o texto.

Como o governo federal está acompanhando a situação?

Na última sexta-feira, o presidente em exercício Geraldo Alckmin enviou uma mensagem ao Senado Federal autorizando a prefeitura de Maceió a tomar um empréstimo de US$ 40 milhões junto ao Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata). O financiamento será direcionada à resposta da capital alagoana ao risco de desastre ambiental.

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De Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou na sexta que o Ibama acompanha de perto a situação. “É um licenciamento feito pelo governo do Estado, mas o Ibama está acompanhando. Os nossos especialistas em risco ambiental estão acompanhando de perto”, disse a ministra, que está na COP-28.

Segundo Marina, neste caso, o órgão do governo federal atua de maneira suplementar. “A orientação do Ministério do Meio Ambiente é: mesmo sendo algo de responsabilidade do governo estadual, nós não nos furtamos em suplementarmente apoiar os Estados quando se trata de questões de alto risco”.

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