Uma das graças de viajar de navio é poder descer de porto em porto. Até tem gente que opta por não desembarcar em todas as paradas. No entanto, as escalas do cruzeiro são sempre uma oportunidade de conhecer ou revisitar um lugar. Ao todo, os nove transatlânticos da temporada brasileira 2023/2024 passam por 19 destinos.
Alguns recebem mais passageiros do que outros porque estão incluídos em muitos roteiros, minicruzeiros ou mais longos. Para você planejar o que fazer nas paradas, vão aqui algumas sugestões de passeios em dez portos desta temporada na América do Sul, sete nacionais e três nos nossos países vizinhos. As companhias vendem excursões para as escalas, e também é possível explorar os lugares por conta própria.
Fique atento ao tempo que você tem disponível para ver o destino e calcule os deslocamentos com sobra para não correr risco de se atrasar na volta. Como estamos em altíssima temporada, vale dar preferência a ingressos online com agendamento, especialmente em atrações concorridas.
Santos (SP)
Para quem prefere chegar antes ou vai passar uma noite a mais em Santos, há muitos atrativos. No Cais do Valongo, embarque no bonde turístico que percorre as ruas do centro histórico; os veículos originais, dos séculos 19 e 20, passam por cerca de 30 pontos de interesse. O passeio de 5 km dura em torno de meia hora. Visite o Museu Pelé e o Museu do Café, onde funcionou a antiga Bolsa do Café. Além de conhecer a história do produto de exportação do Brasil no século 19, você pode beber uma xícara. Santos tem o maior jardim à beira-mar do mundo, com 5 km de extensão, na Praia do José Menino. Já no Orquidário de Santos são 3.500 flores de 120 espécies, além de 1.500 árvores e arbustos.
Rio de Janeiro
Uma caminhada curta leva a várias atrações. O Aquário Marinho do Rio (AquaRio) fica a 1 km de distância. Mais perto ainda do terminal de cruzeiros estão o Museu de Arte do Rio (MAR), com exposições relacionadas a temas da cidade, e o interativo Museu do Amanhã, ímã de turistas desde 2015. Clássicos que não saem de moda, o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar demandam uns 30 minutos de carro a partir do Píer Mauá, mais o trajeto de trem ou van até o Corcovado e o bondinho até o Morro da Urca, o que pode ser um risco se o tempo for apertado.
Ilhabela (SP)
Não raro quem desembarca neste ponto do litoral paulista fica pela vila, pelo encanto do lugar e pela oferta de comprinhas. O circuito da Rua da Padroeira à Praça Coronel Julião reúne muitas lojas de artesanato, como a Vila Bela. Se preferir pegar um passeio, fique atento à duração, para não se descuidar do horário de retorno ao navio. Fazer off-road na Mata Atlântica ou contornar a ilha de barco até as selvagens Castelhanos e Bonete depende de ter umas oito horas disponíveis no destino. A Encantos de Ilhabela faz passeios em lanchas fretadas até o litoral norte, na Praia da Fome. Caso tenha pouco tempo, aposte no trecho próximo à vila, como a Praia do Curral (as próprias companhias costumam vender transfers para lá).
Ilha Grande (RJ)
A maior ilha da Baía de Angra dos Reis, recortada em mais de 100 praias, tem na Vila do Abraão o principal ponto de comércio e hospedagem. É também de onde partem caminhadas pela região. Caso você desembarque cedo na ilha e a escala seja mais longa, a Hiking mostra o trecho até a Enseada das Estrelas, num passeio de quatro horas, visitando a Praia Preta e as ruínas do aqueduto erguido no fim do século 19 a pedido de d. Pedro II. Quem preferir ficar pela área do Abraão pode praticar stand up paddle ou caiaque com a Nalu, na Praia da Julia.
Búzios (RJ)
Não há Búzios sem Rua das Pedras nem Orla Bardot, e uma é quase continuação da outra. Impossível não se render ao charme das boutiques, dos restaurantes e dos bares cheios de turistas. O Bar do Zé é uma das várias opções de bares na Orla Bardot para apreciar o mar embalado por lula e camarões com drinks. Aquatáxis levam do Centro e da Praia dos Ossos para Azeda, Azedinha, João Fernandes, João Fernandinho e Tartaruga, praias cristalinas com estrutura para visitantes. Se preferir uma exploração por terra ou de escuna em torno da península, o TourShop tem passeios de barco e de trolley (uma espécie de jardineira).
Salvador
É irresistível dar uma conferida no Pelourinho, para ver a beleza do casario e conhecer a Igreja e Convento de São Francisco, exemplares do Barroco brasileiro. O centro histórico possui outros atrativos culturais, caso da Casa Fundação de Jorge Amado, sobre o escritor baiano. Com curadoria de Gringo Cardia, a Casa do Carnaval da Bahia exibe maquetes, roupas e instrumentos. Tire fotos da Baía de Todos os Santos antes de descer pelo Elevador Lacerda. Passe no Mercado Modelo, mesmo se não estiver atrás de souvenir – mas duvido você não levar fitinhas do Bonfim para a família e os amigos. Ali pertinho, dá para esticar até a Cidade da Música da Bahia, um museu interativo para mergulhar na musicalidade baiana. A praia do Porto da Barra garante sol e mar azul e ainda está próxima dos fortes de São Diogo e de Santa Maria e ao Farol da Barra, onde fica o Museu Náutico da Bahia.
Maceió
Apenas 5 minutos de carro separam o terminal de desembarque da Praia de Pajuçara, de onde saem as jangadas para as piscinas naturais. No mesmo bairro, meta-se pelos corredores do Pavilhão do Artesanato para comprar peças em renda de filé, tradição alagoana. Se tiver tempo, pegue para o litoral sul. Uma das melhores praias da cidade é Ponta Verde, onde dá para combinar drinks com petiscos no Kanoa Beach Bar e aliviar o calor com um picolé de graviola e mangaba na Sorveteria Bali.
Buenos Aires
O circuitinho básico na capital da Argentina pode incluir o colorido Caminito, o calçadão de Puerto Madero e sua Puente de La Mujer, o esplendor da livraria El Ateneo e uma visita guiada ao Teatro Colón ou à Casa Rosada. Comprar vinho e gostosuras como alfajor e dulce de leche legítimos também são programas de viajante em Buenos Aires, além de uma parada para empanadas ou um cafecito com medialuna num dos muitos cafés (Tortoni é o mais antigo) e confeitarias (La Ideal junta a beleza da restauração recente com cardápio variado). Gosta de arte? Dedique seu tempo na cidade ao Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba), onde mora o Abaporu, da pintora brasileira Tarsila do Amaral, e está em cartaz a exposição Frida Kahlo - Diego y Yo.
Montevidéu
Comece pela Ciudad Vieja, onde a Puerta de La Ciudadela é o que restou de pé da presença espanhola. Faça fotos do Palacio Salvo, símbolo arquitetônico da capital uruguaia. Ali perto fica o Museo Andes 1972 (que conta a história da maior tragédia da aviação mundial, levada às telas pela Netflix). Na volta à região portuária, visite o Mercado del Puerto, com empanadas, porções de peixes e frutos do mar, pinturas e lembrancinhas de viagem. Se quiser sentir o verão nas praias de Montevidéu, Pocitos e Buceo são banhadas pelo Rio de Prata e contornadas pelas ramblas.
Punta del Este (Uruguai)
O icônico Museo Casapueblo é o maior cartão-postal de Punta del Este. O artista plástico Carlos Páez Vilaró fez da construção branca empoleirada sobre o mar sua casa-ateliê. Para alguns, o ponto turístico rivaliza apenas com os dedos de La Mano, que saem da areia da Playa Brava. A obra foi criada pelo chileno Mario Irarrázabal durante o Encontro Anual Internacional de Escultura Moderna ao Ar Livre, realizado na cidade em 1982. Casapueblo fica a uma meia hora de carro a partir do porto; na direção oposta, La Mano, está os mesmos 30 minutos, só que a pé. Você passa pela central Plaza Artigas e, pelo caminho, encontra duas sorveterias, Il Porto e Arlecchino. Um sorvete de dulce de leche ajuda a refrescar o trajeto.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.