O Uruguai exige que a gente o visite com leveza e sem pressa, para conhecer sabores marcantes e paisagens de horizonte largo. Para quem gosta de passeios com uma taça na mão, é o destino perfeito. Afinal, o país produz vinhos com ótimas pontuações internacionais e tem posição geográfica privilegiada, o que o posiciona entre as melhores regiões vitivinícolas do mundo.
Com vinhedos e bodegas para serem percorridos por todo território, o país tem o tannat como marca registrada. Em três dias - ou seja, um fim de semana prolongado - é possível fazer um roteiro por Montevidéu e Colônia de Sacramento, dois destinos que estão repletos de experiências que unem a cultura local e o enoturismo.
Na hora de fazer a mala, separe roupas confortáveis. Se for verão, não esqueça de levar um chapéu, roupas frescas, um lenço e um casaco leve, caso esfrie à noite. Para o inverno, roupas quentes, um bom casaco, luvas e gorro são fundamentais.
A viagem começa pela capital uruguaia, onde desembarcam os principais voos que vêm do Brasil.
Dia 1
City tour em Montevidéu
Repleta de vida, prédios históricos e cultura, a capital uruguaia tem uma parceria entre o moderno e o antigo. É uma cidade tranquila, com cafés, parrillas e restaurantes que vendem, com orgulho, os vinhos nacionais.
Caso chegue pela manhã, você pode aproveitar para fazer um tour pela parte histórica antes de mergulhar na gastronomia. Pelas ruas de paralelepípedo da Ciudad Vieja há lojas de artesanato e galerias de arte. Charmosas construções, como o Theatro Solis e a Plaza Independencia, que homenageia o maior herói uruguaio José Artigas (1764-1850), também se fazem presentes. Com tempo, visite o Mercado del Puerto.
Se você for mais aventureiro e corajoso, vá ao Museo Andes 1972. É lá que está um grande acervo que conta a história do trágico acidente aéreo que se chocou com a Cordilheira dos Andes, matando 16 dos 45 passageiros. A história serviu de inspiração para o filme Sociedade da Neve, da Netflix.
Para a hora do almoço, conheça o Hugo Soca Cocina Casera, do chef uruguaio que é celebridade no país e autor de diversos livros. Em um charmoso casarão azul e amarelo, Hugo Soca faz releituras de receitas uruguaias e trabalha com ingredientes sazonais e locais. Os pratos são coloridos, saborosos e podem ser harmonizados com dezenas de vinhos da carta - peça sugestões para o garçom. Não esqueça de fazer reserva.
À tarde, escolha uma bodega para visitar e encerrar o dia de forma descontraída. Na região de Canelones, a cerca de 40 minutos da capital, está a maior área produtora de vinhos do país. A indicação é conhecer a Pizzorno. Aberta em 1910, essa bodega histórica tem programação que inclui hospedagem. Dormir em meio aos vinhedos e experimentar taças sem preocupação de como voltar para o hotel é relaxante. As diárias na pousada partem de US$ 310 e incluem almoço para duas pessoas, café da manhã, garrafa de vinho, visita guiada e master class.
Dia 2
Vinhos e gastronomia em Colônia de Sacramento
De carro, a viagem entre Montevidéu e a histórica Colônia de Sacramento dura cerca de 2 horas. Mas você pode deixar o trajeto mais leve dando uma paradinha na Bouza. A cerca de 30 minutos da capital, a vinícola-butique é famosa por seus vinhos premiados e por ser uma das primeiras do Uruguai a criar projetos de enoturismo, entre eles, visita guiada com degustação.
Um trem antigo dá as boas-vindas aos visitantes. Em seguida, você percorre as vinhas, a adega e a cave. A degustação ocorre em uma garagem repleta de carros antigos e inclui quatro rótulos harmonizados com queijos, frios e pães.
Em direção a Colônia, outra parada interessante é na Comarca Las Liebres, um elegante projeto que une enoturismo, gastronomia e hospedagem exclusiva em apenas quatro suítes. A três minutos da Plaza de Toros e a cerca de sete minutos do centro histórico, o projeto inclui um pequeno vinhedo e trabalha com degustações de rótulos de bodegas da região (sob agendamento). É um lugar para se desconectar e relaxar, pois é focado no conceito de slow travel.
Por ali você pode começar o passeio pela imensa e colorida horta orgânica e depois partir para o restaurante, instalado em um casarão de 1920. O atendimento é feito no almoço, chá da tarde e jantar. As receitas são preparadas a partir de cada estação do ano e seguem a inspiração da culinária caseira uruguaia. Um almoço ou jantar com uma taça de vinho custa a partir de US$ 45 por pessoa.
Para esticar a experiência, o Las Liebres tem adega com diferentes vinhos produzidos no Departamento de Colônia, incluindo rótulos preparados com exclusividade para o empreendimento, como o Lebrato, um blend de syrah, tannat e marselan. À noite, a sugestão é hospedar-se por lá: são quatro diferentes instalações que mesclam o moderno com peças de antiquário. Um dos quartos tem uma biblioteca com sala de cinema.
Dia 3
História e vinhedos de Colônia de Sacramento a Carmelo
Difícil é escolher o melhor programa quando se viaja para a região de Colônia de Sacramento. Além da cidade histórica, com antigos e coloridos casarios, o departamento conta com pelo menos 13 vinícolas que produzem diferentes estilos de vinhos e experiências para os turistas.
Caso seja sua primeira vez por lá, reserve um tempinho para circular pelas ruas de pedra. Você encontrará galerias de arte, bares e restaurantes, além de lojas com produtos locais, incluindo pequenas adegas. Não deixe de passar por pontos turísticos importantes como a Calle de Los Suspiros, o Farol e a Rambla.
Por fim, siga em direção às bodegas. Caso você queira algo mais próximo da cidade, há algumas a menos de 40 minutos de carro. As estradas são boas e costumam ser asfaltadas. Entre as opções estão El Legado, Narbona e Los Cerros de San Juan.
Com prédios históricos datados da segunda metade do século 19, a Los Cerros de San Juan é considerada a primeira vinícola do Uruguai e, por isso, virou Patrimônio Histórico Nacional. Tem prédios com paredes de pedra e estilo colonial, o que torna o lugar ainda mais charmoso e requintado. Os programas de enoturismo são vários. A visita guiada com degustação de vinhos e de produtos com azeite de oliva e queijos de ovelha custa, em média, US$ 35.
Caso tenha um tempinho a mais, vale esticar até Carmelo, a cerca de 40 minutos de Colônia. Ali está a El Legado, uma bodega-butique comandada por uma simpática família. Ali é possível conhecer de perto o modelo artesanal de produção de vinhos (que são de alta qualidade), incluindo a rotulagem manual. O almoço com visita e harmonização custa a partir de US$ 65.
Com mais fôlego para pegar a estrada, você desembarca na Narbona Wine Lodge, um complexo que reúne vinícola, pousada e fazenda, tudo à beira do Rio da Prata. É uma verdadeira imersão no enoturismo e nos produtos que a marca oferece. Os vinhedos são robustos, com variedades como pinot noir, petit verdot e syrah e hectares exclusivos de tannat.
De Colônia de Sacramento você pode optar por voltar ao Brasil via Buenos Aires. De ferry, são cerca de 1h30 de distância entre as duas cidades - com tempo, dá para aproveitar para fazer um tour também pela capital portenha.
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