Veja o que se sabe sobre o caso de bebê recém-nascida raptada em Minas Gerais

Suspeita entrou no quarto onde estavam os pais da criança e se passou por pediatra para levar a criança; defesa diz que médica teve surto psicótico

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Foto do author Renata Okumura
Por Renata Okumura e Leonardo Zvarick
Atualização:

Uma bebê recém-nascida sequestrada do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais, foi encontrada na manhã de quarta-feira, 24, em Itumbiara, Goiás, após buscas realizadas pela Polícia Civil dos dois Estados. Conforme a investigação, a suspeita de ter praticado o crime é uma médica de 42 anos, que foi presa pela polícia.

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Em nota enviada ao Estadão, a defesa da médica Claudia Soares Alves afirma que ela é portadora de transtorno afetivo bipolar e faz tratamento psiquiátrico. “No momento dos fatos (ela) se encontrava em crise psicótica, não tendo capacidade de discernir a natureza inadequada e/ou ilícita de suas atitudes”, diz posicionamento assinado pelo advogado Vladimir Rezende.

A bebê, que nasceu por volta das 21 horas de terça-feira, 23, foi levada da maternidade pouco antes da meia-noite. Conforme a Polícia Civil de Goiás, a investigação aponta que o crime foi premeditado.

Veja a seguir o que se sabe sobre o caso.

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Médica é presa por suspeita de sequestrar recém-nascida de hospital em Minas Gerais. Foto: Divulgação/Polícia Civil de Goiás

Quem é a suspeita do sequestro?

Uma mulher de 42 anos é suspeita de ter raptado uma bebê recém-nascida no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais, na quarta-feira, 24.

Como a criança foi levada?

A bebê, que nasceu por volta das 21 horas de terça-feira, 23, foi levada da maternidade pouco antes da meia-noite. Trajada como profissional de saúde e portando crachá do hospital, a suspeita entrou no quarto onde estavam os pais da criança, às 23h30, e se passou por médica pediatra para tirar a criança da mãe. Em seguida, entrou num banheiro e colocou a menina em uma mochila antes de ir embora.

Em que momento houve a suspeita do rapto?

Segundo a Polícia Militar, a mulher passou aproximadamente 30 minutos no hospital. O pai da criança relatou que estava descansando ao lado da esposa no alojamento da maternidade quando a falsa médica entrou no quarto.

Ela teria conversado com o casal e pedido que lhe entregassem a recém-nascida, pois a levaria até a enfermaria para alimentá-la.

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O homem aguardou no corredor por alguns minutos, quando a suspeita passou por ele com um cobertor nas mãos e a mochila nas costas. Antes de ir embora, ela teria dito que uma enfermeira estava dando leite para a bebê e a levaria de volta em breve.

Em seguida, ele voltou a questionar sobre a filha, mas foi informado que nenhum funcionário do hospital estava com a criança.

Logo após o ocorrido, a equipe do hospital acionou a Polícia Militar e forneceu imagens de câmeras de segurança para os agentes a fim de localizar a suspeita de ter raptado a bebê recém-nascida.

O que disse o hospital?

Por meio de nota, a instituição disse que iniciou apuração interna para esclarecer as circunstâncias do ocorrido e eventuais responsabilidades.

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“O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU/Ebserh) mantém o compromisso de aprimoramento dos processos de trabalho, especialmente com os controles de acesso. Atualmente, a unidade hospitalar conta com mais de 200 câmeras de circuito interno, monitoramento 24 horas, 38 profissionais de segurança capacitados e rondas contínuas. Todos os profissionais, residentes, docentes e discentes possuem crachás de identificação, além de protocolos definidos para acesso ao hospital tanto para profissionais quanto para pacientes e visitantes. O HC informa que está reforçando as orientações referente aos fluxos de acesso, bem como investindo continuamente em melhorias estruturais e tecnológicas para garantir a segurança de todos e melhor atendimento da população”, diz a nota da instituição.

Onde a criança foi localizada? A suspeita foi presa?

No começo da manhã de quarta-feira, após intensa troca de informações entre as Polícias Civis de Minas Gerais e Goiás, as equipes da Polícia Civil de Goiás conseguiram resgatar a criança e posteriormente prender a médica. A ação aconteceu por volta das 10h30, no Jardim Morumbi, em Itumbiara, em Goiás.

Imagens de câmeras mostraram que a médica dirigiu um veículo Toyota Corolla pela rodovia, tendo passado por um pedágio para se chegar ao município que fica na divisa entre Goiás e Minas Gerais.

Os policiais civis goianos encontraram, no carro da médica, enorme enxoval próprio para bebê do sexo feminino, peças novas. Foto: Divulgação/Polícia Civil de Goiás

Há suspeita de crime premeditado?

No carro da médica, os policiais encontraram grande quantidade de enxoval próprio para bebê do sexo feminino, peças novas, o que mostra a premeditação do sequestro. “A profissional ainda alegou que seria um presente para sua empregada doméstica, que está grávida, porém, a servidora espera um menino”, acrescenta a Polícia Civil de Goiás.

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Como estão as investigações?

A detida foi conduzida pelos policiais civis da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Itumbiara e autuada pelo crime de sequestro qualificado, que prevê pena de até cinco anos de reclusão.

Segundo a investigação, a autuada fica à disposição do Poder Judiciário de Itumbiara, uma vez que o crime de sequestro é permanente e este é o local onde deve ser fixada a competência jurisdicional, inclusive para audiência de custódia. O caso ainda segue sob investigação.

Conforme o delegado Marcos Tadeu de Brito Brandão, também da Polícia Civil de Minas Gerais, após o resgate da criança o próximo passo é investigar todas as circunstâncias do crime.

“Faremos um trabalho junto com a Polícia Civil de Goiás para apurarmos quais os motivos (deste fato). Ela mora em Itumbiara, ela tem envolvimento com outros crimes desta natureza em outras unidades da federação? Por que esta pergunta? Em Minas Gerais, esta mulher não possui antecedentes criminais. Ela não tem qualquer registro criminal aqui. Mas é importante verificar tudo que ocorreu e trabalhar para que este mesmo fato não se repita”, disse Brandão.

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Sobre possível envolvimento da mulher em um homicídio registrado há quatro anos em Uberlândia, o delegado negou qualquer participação dela. “Uma pessoa extremamente irresponsável, que nunca trabalhou na Delegacia de Homicídios, soltou uma fake news de que essa mulher teria envolvimento em outro homicídio. Se nós procurarmos no sistema da Polícia Civil, nós não encontraremos qualquer indiciamento ou inquérito policial que essa mulher figure como investigada ou indiciada. Nós não podemos ao iniciarmos uma investigação, trabalhar com qualquer pré-conceito ou pré-julgamento, pois o objetivo principal do inquérito é a apuração da verdade”, ressaltou o delegado.

Brandão disse ainda que posteriormente também será investigado se houve falha no sistema de segurança do hospital.

Com relação ao fato de a suspeita ter perdido uma gestação pouco antes do crime, o delegado disse que ainda não há informações sobre isso. “Nosso foco inicial foi a recuperação da criança”, afirmou ele.

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