RIO - A Polícia Civil do Rio investiga o roubo de cerca de 50 peças do artista plástico português Isaque Pinheiro. O crime aconteceu no dia 27 de novembro quando as obras eram levadas de caminhão do Rio de Janeiro para Belo Horizonte. O caminhão em que elas estavam foi roubado na Rodovia Presidente Dutra, na Baixada Fluminense, e encontrado horas depois em um favela do Rio, completamente vazio.
As obras compõem a mostra "AcorDo Rei", que ficou em exposição no Paço Imperial, no Centro da capital fluminense. Uma nova exposição estava marcada para acontecer na galeria dotART, na capital mineira. Ao Estado, Isaque Pinheiro lamentou a perda das peças. "Imagino que sendo um roubo aleatório de um caminhão, quem roubou não terá noção do que tem em mãos nem saberá preservar estas obras", disse. "Este roubo representa uma grande perda para mim, porque as obras, ao desaparecerem, deixam de poder integrar futuras exposições e coleções e desta forma deixam de cumprir objetivos como serem fruídas pelo público, para além de deixarem de gerar currículo na minha carreira e de divulgar o meu trabalho da melhor forma, e não com o mediatismo desta desgraça", considerou o artista. O crime é investigado pela Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC). Por meio de nota, a Polícia Civil informou que a especializada aguarda o depoimento de funcionários da transportadora. Segundo a polícia, "no registro de ocorrência confeccionado no dia 28/11 não há nenhuma menção a essa mercadoria (obras de arte), apenas sendo apresentadas notas fiscais de medicamentos e eletrônicos". Esses produtos costumam ser muito visados por ladrões de cargas.
O artista, por sua vez, afirmou não saber se conseguirá reaver suas peças e acredita que, mesmo que elas sejam encontradas, possam aparecer com danos. "Receio que as gravuras em papel possam já estar muito danificadas porque podem ter sido roubadas por pessoas que não as sabem manusear." Em nota, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou que "está acompanhando esse episódio lamentável". O Iphan esclareceu que as obras, como de praxe, estavam seguradas pelo instituto apenas durante o período em que elas estiveram em exposição no Paço Imperial, e que "neste episódio (roubo), as peças já estavam sob a responsabilidade da galeria de arte de Belo Horizonte". O Estado entrou em contato com a galeria dotART, mas ainda não obteve retorno.
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