Onde serão os novos maiores prédios de SP? Futuros edifícios mais altos estão em obras

Novo maior prédio da capital paulista será entregue no ano que vem, assim como futuro residencial mais alto também está em construção; saiba onde e mais detalhes

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Foto do author Priscila Mengue
Atualização:

“O ponto mais alto de São Paulo”, indica a placa em frente a uma obra no entorno da Marginal Pinheiros, na zona sul paulistana. A descrição superlativa se refere ao primeiro prédio que ultrapassará a marca de 200 metros de altura na cidade, a torre corporativa do Paseo Alto das Nações, com inauguração estimada em cerca de um ano.

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Enquanto se anuncia o plano de construir um residencial de 500 metros em Balneário Camboriú, a construção de arranha-céus também passa por mudanças na capital paulista, embora não na mesma escala. Após os 55 anos de reinado do Mirante do Vale (também chamado de Palácio W. Zarzur, de 170 metros), o Platina 220 (de 171,2 metros) tomou a dianteira em 2022 e, três anos depois, deverá ser ultrapassado pelo novo recordista, de 219 metros.

O futuro maior prédio da cidade faz parte de um complexo multiuso em obras na Avenida das Nações Unidas, no distrito de Santo Amaro. O projeto prevê mirante no topo, enquanto os demais pavimentos serão majoritariamente para uso corporativo.

Futuro maior prédio de São Paulo está em obras no Paseo Alto das Nações Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em paralelo, ocorre a obra do futuro mais alto residencial paulistano, com inauguração prevista para setembro de 2027. O novo recordista deve ser a torre PG Residences, com 173 metros, que integra o complexo multiuso Parque Global, também junto à Marginal Pinheiros, no distrito Vila Andrade.

O edifício deve desbancar o recordista atual, o Figueira Altos do Tatuapé (de 2021), de 168,2 metros. A previsão de entrega é para setembro de 2027.

Pode-se chamar esse fenômeno de boom de arranha-céus? Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que não necessariamente, mas demonstra uma corrida de uma parte do mercado imobiliário para esse tipo de construção para imóveis premium, de altíssimo padrão.

Em comum, os dois possíveis novos recordistas mostram fortalecimento desse tipo de construção na região da Marginal Pinheiros — que concentra a maioria dos prédios a partir de 150 metros da cidade. Chama a atenção, também, por ocorrer após o Tatuapé despontar como novo polo de arranha-céus nos últimos anos.

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Entre zona leste e sul, há diferenças. Uma das principais é o próprio perfil dos empreendimentos: enquanto os do Tatuapé são torres únicas, os da marginal estão em complexos com outras edificações.

São Paulo tem 17 torres com mais de 150 metros de altura

Segundo o Council on Tall Buildings and Urban Habitat (Conselho sobre Edifícios Altos e Habitat Urbano; CTBUH na sigla em inglês), a capital paulista tem 17 torres com mais de 150 metros de altura, em oito condomínios e complexos imobiliários.

Além disso, a distribuição desses arranha-céus é concentrada em três pontos: centro (construções mais antigas, dos anos 1940 a 1960), zona sul (entorno dos polos de negócios da Marginal Pinheiros) e leste (Tatuapé).

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Todos os projetos anunciados não se aproximam, contudo, da altura dos gigantes mundiais. Segundo o CTBUH, prédios considerados “superaltos” precisam ter ao menos 300 metros, enquanto os “mega-altos” chegam aos 600 metros ou mais.

O atual recordista mundial é o Burj Khalifa, em Dubai, com 828 metros, mas há projetos no Kuwait e na Arábia Saudita que buscam ultrapassá-lo. No Brasil, o principal arranha-céu é a torre 2 do Yachthouse by Pininfarina Tower, com 294,1 m, em Balneário Camboriú — cidade catarinense que virou principal referência desse segmento na América do Sul, considerada a 15ª mais alta no mundo pelo CTBUH.

Torre corporativa do Paseo Alto de Pinheiros terá 219 metros de altura Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Outros empreendimentos têm sido anunciados e discutidos no mercado imobiliário para mais regiões da cidade. Um exemplo é o On the Sky, que será o primeiro a chegar a 150 metros em Perdizes — distrito da zona oeste conhecido pelos prédios, mas não nesse padrão de altura. A entrega está prevista para 2027.

Nesse cenário, outras empresas que ainda não construíram prédios com esse perfil estariam interessadas nesse mercado. A recém-criada consultoria catarinense FG Talls — ligada ao grupo que anunciou o plano para o mais alto residencial do mundo em Balneário Camboriú, com 500 metros — diz ter sido procurada por algumas.

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Diretora da consultoria, Stephane Domeneghini cita conversas com empresas de São Paulo, assim como de outros Estados, como Goiás, Paraná e Minas Gerais. Um dos motivos é buscar o know-how catarinense para obras desse porte. “Houve grande avanço nas questões estruturais”, diz.

Economista-chefe do Secovi-SP (que representa o mercado imobiliário), Celso Petrucci diz que a verticalização mais intensa está relacionada a incentivos de prédios altos nos eixos (perto de metrô, trem e corredor de ônibus na cidade) criados pelo Plano Diretor de 2014 e a Lei de Zoneamento de 2016. Para ele, as recentes revisões na legislação urbanística municipal podem impulsionar ainda mais.

Isso porque as novas leis ampliaram incentivos que podem aumentar o volume construtivo permitido nos eixos. “Ver prédio com 25 ou 30 pavimentos é uma coisa; com 50 pavimentos para cima já não é a nossa paisagem normal. Vamos ver se, com as mudanças no Plano Diretor e na Lei de Zoneamento, há mudança nessa paisagem”, avalia.

Entre especialistas, há opiniões positivas e negativas sobre construções desse porte. Ser referência em arranha-céus não resulta, necessariamente, em melhor qualidade urbana, assim como há quem aponte impactos supostamente negativos no seu entorno.

Além disso, entende-se que é um tipo de empreendimento de nicho, para o altíssimo padrão. Mesmo assim, pelo tamanho, tem influência expressiva na paisagem na cidade.

O que se sabe sobre o futuro maior prédio? E sobre o futuro maior residencial?

O complexo que inclui o futuro maior prédio de São Paulo está em obras no antigo endereço do Carrefour da Marginal Pinheiros — com três torres, centro comercial e área verde aberta, incluindo residências, teatro e lajes corporativas. Por meio da Carrefour Property, o grupo francês lidera o empreendimento em conjunto com outras empresas do mercado imobiliário paulistano, como a WTorre.

Segundo a Carrefour Property, a torre corporativa terá 40 andares, incluindo espaço no rooftop. O projeto tem mirante de vidro — parte dele com uma “caixa de vidro” sobre a cidade, com design similar ao do Sampa Sky, que funciona no Mirante do Vale. Com 219 metros, também será maior que estruturas de grande porte da cidade, como a torre da Band, de 212 metros, na região da Avenida Paulista.

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Projeto do Paseo Alto das Nações, com futuro prédio mais alto da cidade ao centro Foto: Carrefour Property/Divulgação

Também em construção, a torre residencial do complexo terá 133,9 metros de altura, com 38 pavimentos e 216 apartamentos, com entrega prevista para 2026. Já a terceira torre foi concluída em 2023, com 113 metros, enquanto o shopping foi inaugurado em 2022.

As obras do complexo começaram em 2021. Ao todo, abrangerá mais de 300 mil m² de área construída.

Já o futuro maior residencial da cidade, no Parque Global, terá apartamentos de 77 m² a 311 m², com 53 pavimentos. As estimativas são que 15% da obra está pronta.

Segundo a Benx, uma das empresas à frente do empreendimento, o m² custa, em média, R$ 30 mil. Cerca de 65% das unidades já foram vendidas.

O complexo inclui outras cinco torres residenciais, de 143 metros de altura, duas já com moradores e as demais com entrega entre outubro deste ano e dezembro de 2025.

Projeto da maior torre do complexo Parque Global Foto: Parque Global/Divulgação

Diretor geral do Parque Global, André De Marchi avalia que a concentração no entorno da Marginal Pinheiros se deve, em parte, à proximidade dos principais distritos de negócios, “por conta da zona sul ser mais pujante economicamente”. “O crescimento da verticalização, com prédios cada vez mais altos na cidade, é uma tendência.”

No momento, ele avalia que esse tipo de empreendimento ainda é voltado para o altíssimo padrão. Isso se deve ao custo de uma construção dessa estatura, como elevadores mais rápidos e em maior número, dentre outros investimentos, embora avalie que pode mudar a médio ou longo prazo.

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Os prédios e conjuntos mais de São Paulo segundo o CTBUH

  1. Edifício Platina 220: 171,7 m, de 2022
  2. Edifício Mirante do Vale (ou Palácio W. Zarzur): 170 m, de 1966/1967
  3. Edifício Figueira Altos do Tatuapé: 168,2 m, de 2021,
  4. Edifício Itália: 165 m, de 1965
  5. Edifício Altino Arantes (atual Farol Santander): 161 m, de 1947
  6. Centro Empresarial Nações Unidas (Torre Norte): 158 m, de 1999
  7. Complexo Cidade Jardim (Torres Begônias, Ipês, Jabuticabeiras, Limantos, Magnólias, Manacás, Resedá, Tuias e Zínias): 157,9 m, a partir de 2008
  8. Complexo EZ Towers (Torres A e B): 150 m, de 2014
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