O governo do Paquistão e as Nações Unidas fizeram um acordo inicial para a formação de uma comissão de investigação sobre o assassinato da ex-primeira-ministra do país, Benazir Bhutto, morta em dezembro de 2007. De acordo com o ministro do Exterior paquistanês, Shah Mahmood Qureshi, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, concordou com o pedido do governo para a abertura de um inquérito. Veja também: A trajetória de Benazir Bhutto Segundo ele, Ki-Moon afirmou que um "melhor entendimento" havia sido alcançado sobre a natureza da comissão, forma de financiamento, acesso à informação e sobre como preservar sua imparcialidade e independência. Em um comunicado, a ONU afirmou que apesar dos avanços sobre o acordo, a organização ainda precisará de informações adicionais. "Os objetivos da comissão são identificar os acusados, os criminosos, os organizadores e aqueles que financiaram o assassinato", disse Qureshi depois do encontro com Ki-Moon, na quinta-feira, 10. "Em princípio decidimos ir adiante, mas as modalidades ainda precisam ser discutidas", disse o ministro. Benazir Bhutto morreu vítima de um ataque suicida durante um comício em Rawalpindi. Cinco pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no assassinato, mas ninguém foi condenado. O assassinato despertou uma série de confrontos violentos no Paquistão. O presidente do país, Pervez Musharraf, culpou um militante envolvido com a rede terrorista al-Qaeda pelo ataque e se recusou a pedir uma investigação por parte da ONU. Musharraf convidou oficiais da Scotland Yard para auxiliar no inquérito sobre a morte da ex-primeira-ministra. Em um relatório, os detetives britânicos afirmaram acreditar que ela teria morrido em conseqüência de um ferimento na cabeça causado pela explosão de uma bomba. A investigação do governo paquistanês sobre a morte concluiu que um atirador disparou tiros contra Bhutto antes de detonar os explosivos, mas que as balas não teriam sido a causa da morte. O PPP (Partido do Povo do Paquistão), legenda da ex-primeira-ministra, rejeitou as duas versões e afirmou que um esforço de segurança adequado não foi organizado para proteger Benazir Bhutto. O PPP pediu uma investigação mais ampla da ONU para determinar a identidade e os motivos dos assassinos. Oposição de Benazir Um coalizão liderada pelo partido derrotou os aliados do presidente Musharraf nas eleições em fevereiro. Benazir, que teve dois mandatos como primeira-ministra do Paquistão, viveu em exílio voluntário depois que Musharraf assumiu o poder, em 1999. Em outubro de 2007, ela retornou ao Paquistão para participar da campanha do PPP nas eleições municipais e parlamentares - as primeiras desde que Musharraf renunciou ao cargo de chefe do Exército do país para se tornar líder civil. Pouco depois de seu retorno, ela sobreviveu a ataques contra seu comboio em Karachi, que deixaram mais de 100 pessoas mortas. No entanto, ela continuou fazendo campanha para a restauração da democracia no país e foi assassinada em 27 de dezembro durante um comício do PPP em Rawalpindi. Ela estava de pé em um carro blindado, com parte do corpo exposta através do espaço do teto solar do veículo, acenando para o público quando o atirador fez os disparos. Segundos depois, houve a explosão de uma bomba no local, que provocou a morte de outras 20 pessoas. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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