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Pai pede e médica não embarca em avião da Voepass que caiu em Vinhedo; ouça o áudio

Altemir Chiumento disse à filha para viajar apenas no sábado; ‘livramento’, avalia marido

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Por Redação
Atualização:

Dezesseis segundos. Essa é a duração do áudio que Altemir Chiumento enviou para a filha, Juliana Fávero Chiumento, quando ela estava no aeroporto de Cascavel (PR). A mensagem é curta (ouça abaixo), mas foi suficiente para a médica não embarcar no ATR-72-500 da Voepass que caiu em Vinhedo (SP), na sexta-feira, 9. O acidente matou 62 pessoas — 58 passageiros e quatro tripulantes.

Pai pede à filha para mudar data de viagem e evita embarque em avião da Voepass

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Esposo de Juliana, Sebastião Marques contou que os dois fazem frequentemente a ponte aérea Cascavel - Rio de Janeiro, com escala em Guarulhos. O casal mora no Paraná, mas a médica está cursando especialização em dermatologia em uma instituição carioca. “A cada 20 dias, às vezes 15 dias, eu vou visitá-la. Ela vem nos visitar com menos frequência, mas também vem”, disse.

Dessa vez, Juliana fez a viagem porque queria comemorar os aniversários do esposo e do pai — a família toda mora em Cascavel. Ela planejava regressar para o Rio de Janeiro na quinta-feira, 8, mas foi surpreendida ao chegar ao Aeroporto Coronel Adalberto Mendes da Silva. “Chegamos e os voos estavam todos cancelados”, lembrou Marques.

Foi nesse momento que a médica ouviu a mensagem do pai. Ela ia remarcar a passagem para o dia seguinte, no voo da Voepass, mas mudou de ideia diante do pedido de seu Altemir.

Juliana Chiumento iria de Cascavel para o Rio de Janeiro na sexta-feira, mas trocou a passagem a pedido do pai Foto: Fábio Donega/Estadao

“Os voos estavam todos sendo remarcado para sexta-feira, que era o dia seguinte, e então o pai dela falou: ‘Filha, não vai. Já que perdeu mesmo, fica mais um dia e volta só no sábado’. Então, ela marcou o voo para sábado”, detalhou o esposo. “Deus deu o livramento para ela e ela não viajou na sexta-feira.”

Cancelamentos

A Gol informou que dois voos previstos entre a cidade paranaense e Guarulhos foram cancelados na quinta-feira devido a condições meteorológicas adversas.

“Para atender os clientes afetados, foram criados voos de reforço para a sexta-feira (09) via Foz do Iguaçu (IGU) nos voos G3 9232 GRU-IGU, e G3 9233 IGU-GRU, já operados”, afirmou a empresa. “A companhia reforça que as ações em relação aos voos foram tomadas com foco na segurança, valor número 1 da Gol.”

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A Latam afirmou que o voo LA3401 (Guarulhos-Cascavel) da última quinta-feira foi desviado para Foz do Iguaçu “devido ao fechamento da pista do aeroporto de Cascavel por condições meteorológicas adversas”. O desembarque ocorreu normalmente e os passageiros foram transportados por via terrestre para Cascavel.

“A aeronave desviada para Foz do Iguaçu realizaria o voo LA3400 (Cascavel-São Paulo/Guarulhos), que precisou ser cancelado. Como solução, a Latam transportou todos os passageiros desse voo por via terrestre até Foz do Iguaçu, de onde todos embarcaram em outros voos da própria Latam na sexta-feira (9) com destino a Guarulhos”, disse a companhia, que ressaltou adotar todas as medidas técnicas e operacionais para garantir uma viagem segura para todos.

Emoção

No sábado, 10, ao voltar ao aeroporto, a médica conversou com o Estadão. “Estou bem nervosa, bem emocionada. Não tinha como eu chegar nesse aeroporto e não lembrar dos meus amigos que estavam ontem nesse voo, que embarcaram”, disse.

O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) identificou os nomes de pelo menos oito médicos com atuação no Estado na lista de vítimas do acidente aéreo. Os profissionais confirmados pelas instituições em que atuavam foram quatro: Arianne Albuquerque Estevan Risso, Jose Roberto Leonel Ferreira, Mariana Comiran Belim e Sarah Sella Langer. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), eles estavam a caminho de um congresso de oncologia na capital paulista.

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