O papa Francisco proclamou nesse domingo, 20, durante a missa na Praça de São Pedro, a canonização do italiano José (Giuseppe) Allamano (1851-1926) por um milagre ocorreu na Amazônia brasileira, conforme o entendimento da Igreja Católica. Ele é fundador da congregação dos Missionários da Consolata.
Segundo a organização Consolata América, o milagre que levou à canonização ocorreu em 1996, em Roraima, ocasião em que um indígena Yanomami, identificado como Sorino, foi atacado por uma onça na floresta e teve um grave ferimento na cabeça.
O ataque ocorreu em sete de fevereiro, o primeiro dia da novena ao bem-aventurado Allamano, e as irmãs da Consolata fizeram orações direcionados ao padre italiano pela cura de Sorino.
O indígena foi atendido inicialmente por missionários da Consolata e depois levado ao hospital de Boa Vista para ser operado. Na ocasião, um grupo de missionários teria invocado o padre José Allamano pela recuperação do rapaz, o que se realizou, e ele então retornou à comunidade indígena.
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O processo diocesano para analisar o suposto milagre foi realizado em março de 2021 em Boa Vista, enquanto o processo do Dicastério para as Causas dos Santos foi concluído em 23 de maio deste ano, com a aprovação do decreto que reconheceu o milagre.
Allamano foi fundador dos Institutos dos Missionários da Consolata e das Irmãs Missionárias da Consolata. A Missão Consolata se instalou em 1965 perto da fronteira entre o Brasil e a Venezuela, onde fica a Terra Yanomami, a maior reserva indígena do País.
“Penso em particular no povo Yanomami, da Floresta Amazônica brasileira, entre cujos membros ocorreu o milagre ligado à canonização de hoje. Apelo às autoridades políticas e civis para que garantam a proteção destes povos e dos seus direitos fundamentais e contra qualquer forma de exploração da sua dignidade e dos seus territórios”, disse o pontífice na cerimônia de canonização.
Em janeiro do ano passado, o governo federal decretou emergência de saúde na Terra Yanomami, onde houve uma escalada dos casos de malária e desnutrição. Um ano após a medida, porém, a gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu que os resultados não eram suficientes e liberou mais R$ 1 bilhão para ações emergenciais.
A reserva, que abriga 30 mil indígenas, também tem sido alvo do garimpo ilegal, que contamina os rios, mata os peixes e afasta os animais que servem de alimentos para as comunidades locais. Além disso, a mineração irregular é responsável por conflitos armados e aumento da insegurança na região, muitas vezes por elos com grupos do narcotráfico. / COM AGÊNCIAS
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